Matheus Viana
Em qual
terra? No ser humano e, consequentemente, em toda a criação. Foi neste
princípio que o apóstolo Paulo declarou: “A
natureza criada aguarda, com grande expectativa, a manifestação dos Filhos de
Deus” (Romanos 8:19). Antes de elaborar as questões aqui analisadas, Jesus
elucidou: “O Reino de Deus é semelhante a
um homem que lança a semente sobre a terra” (Evangelho segundo Marcos
4:26). Analogia perfeita. O Reino de Deus começa pequeno, pois começa nos seres
humanos, cuja pequenez foi relatada poeticamente pelo salmista: “Que é o homem para que com ele te importes?”.
(Salmo 8:4). Mas torna-se grande, conforme o próprio Jesus afirmou: “No entanto, uma vez plantado, cresce e se
torna a maior de todas as hortaliças...” (Evangelho segundo Lucas 4:32).
Contudo,
seu processo de crescimento e desenvolvimento possui um alicerce: “uma vez plantado...”. Por ser como uma
semente, ele deve ser plantado/cultivado em nós. O culto racional não é meramente causa
ou efeito. É as duas coisas ao
mesmo tempo. Ele é o efeito do
governo de Jesus Cristo sobre nós e é por meio dele (causa) que o Reino de Deus é disseminado e manifesto, conforme
Jesus ordenou, a toda criatura (Evangelho segundo Marcos 16:15) e a todas as
nações (Evangelho segundo Mateus 28:19), a fim de que toda terra seja cheia do
conhecimento Dele (Isaías 11:9).
Eis
um grave problema que a Igreja no ocidente enfrenta: Uma semente chamada entretenimento tem substituído a semente
chamada Reino de Deus. Semelhantemente
aos primeiros seres humanos, temos trocado a ética de Deus por uma ética
contrária que vá de encontro aos nossos desejos por substituirmos o culto racional por um culto ególatra. A
egolatria em si é indício de que o Reino de Deus não é operante no indivíduo.
Descrição precisa da realidade humana atual.
Jesus
não é mais apresentado como o único e soberano SENHOR, mas como uma espécie de
“guru espiritual” que oferece soluções para os anseios humanos fúteis; como um
“manager”, CEO ou “coaching” – confesso minha repulsa a estes termos presentes
no contexto eclesiástico - cujos princípios são usados meramente para
enriquecimento material; ou como um mero psicólogo consultado para resolver
tensões emocionais e afetivas.
A
grandeza do Reino de Deus nada tem
haver com ufanismo, mas com universalidade – e não universalismo (o conceito de
que todos, no final das contas, serão salvos). Ou seja, visa atingir pessoas de
todas as nações, mas sempre de forma humilde, uma de suas características
indeléveis. Este amplo alcance, portanto, não ignora as premissas preconizadas
pelo próprio Jesus: “Entrem pela porta
estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que leva à perdição, e são
muitos os que entram por ela. Como é estreita a porta, e apertado o caminho que
leva à vida! São poucos o que a encontram”. (Evangelho segundo Mateus
7:13-14).
Aqui
é necessário um ajuste de termos. Grandeza
não significa ufanismo, tampouco
massificação do Evangelho. O fato de Jesus ter afirmado serem poucos os que
entram no Reino de Deus, por sua vez, também não significa exclusivismo ou sectarismo.
Dois extremos atualmente em voga. As multidões
seguiam Jesus, mas Ele estava à procura de discípulos.
E este mesmo princípio Ele passou aos Seus discípulos: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando a obedecer a tudo o que eu
lhes ordenei” (Evangelho segundo Mateus 28:19-20).
Nesta
advertência, Jesus falou sobre os dois pontos que integram o Reino de Deus ao
afirmar: “... vão e façam discípulos de
todas as nações”. O fato de fazer discípulos simboliza o plantio da semente
do Reino de Deus no coração do ser humano. Por sua vez, o fato de serem
discípulos de todas as nações simboliza
o longo alcance do germinar desta semente.
Muitos
em meio à Igreja têm desejado multidões,
o que culmina na descaracterização do Evangelho do Reino de Deus e no
comprometimento do discipulado. A premissa básica que demonstra o intento de
disseminarmos o Evangelho do Reino de Deus é o discipulado, conforme Jesus
preconizou. No entanto, não há discipulado sem cruz. Palavras do próprio Jesus:
“Aquele que quiser me seguir, negue-se a
si mesmo, tome a tua cruz e siga-me” (Evangelho segundo Mateus 16:24).
O
Evangelho, que é a base do discipulado ordenado por Cristo, não é atrativo para
as multidões. Por isso a alternativa para os que as buscam é tentar a
insanidade de extirpar a cruz de Cristo de modo a tornar o Evangelho do Reino
atrativo. Impossível. A verdadeira conversão, o primeiro passo do discipulado,
é fruto da ação do Espírito Santo no ser humano (Evangelho segundo João 16:8).
O registro de Marcos em relação ao centurião romano que participou da
crucificação de Jesus Cristo é pertinente neste sentido: “Quando o centurião que estava em frente de Jesus ouviu o seu brado e
viu como ele morreu, disse: ‘Realmente este homem era o Filho de Deus’” (Evangelho
segundo Marcos 16:39). Este centurião teve uma experiência com o Cristo
crucificado. O Cristo o qual Paulo pregou (I Coríntios 2:2). Não há como
desvencilhar Evangelho do Reino da cruz de Cristo.
Mas,
infelizmente, ele tem sido substituído por um pseudo-evangelho regado a baladas gospel entre outros
entretenimentos que nada tem haver com a liturgia do culto racional elucidada
pelos apóstolos, parte fundamental da ortodoxia cristã. O resultado: multidões
entorpecidas pelo entretenimento eclesiástico, convencidas de que são devotas a
um cristianismo sem cruz, – algo cuja existência é impossível – completamente
conformado com o sistema secular (Cf. Romanos 12:2). Sem Evangelho do Reino, não há discipulado.
Sem discípulos, não há Igreja. Sem Igreja, não há instrumento para a
manifestação do Reino de Deus sobre a terra (Cf. Evangelho segundo Mateus 16:18).
Apostasia na certa.
Todavia,
a Igreja Gloriosa de Cristo, Seu corpo na terra, triunfará. O Reino de Deus
está em seu processo de crescimento sobre ela, embora completamente na
contramão do “cristianismo pós-moderno”. Você é um membro dela?
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