sábado, 4 de fevereiro de 2012

O medo e sua origem


Matheus Viana

Medo. Um tema pertinente ao contexto de uma sociedade conturbada. Um sentimento comum em relação à degradação comportamental com a qual temos convivido, direta ou indiretamente.

Certo dia assisti ao programa exibido pela TV Cultura, Café Filosófico. O palestrante foi o filósofo e articulista do jornal Folha de S. Paulo, Luiz Felipe Pondé. Utilizando metáforas e algumas teorias de vários filósofos como Platão e Pascal, Pondé elucidou o fato de o medo fazer parte do ser humano. Embora não tenha sido seu objetivo, formulou questionamentos que somente a Bíblia pode responder. Ou seja, de maneira inconsciente, traçou o norte rumo ao horizonte que apenas as Sagradas Escrituras podem conduzir.

Uma delas foi a afirmação de que o medo é oriundo do fato de que o ser humano é um náufrago. Por isso, está perdido em um mundo totalmente estranho. Todavia, não precisa - graças a Deus e nada contra os que são - ser filósofo para constatar tal verdade. Basta recorrermos à suprema Palavra de Deus que evidencia esta triste realidade de maneira clara, sóbria e concreta.

Um verdadeiro paraíso chamado Éden - lugar de delícias - foi criado exclusivamente para a vida e existência do ser humano (Gênesis 2:8). Nele, não havia o que temer. Desfrutava de plena paz com toda a criação e de plena harmonia com o Criador. No entanto, o ato insano de dar ouvidos à outra voz que não fosse a do Criador e por isso desejar um conhecimento que não lhe era lícito o fez ser expulso do Éden. A partir de então passou a viver em um macroambiente onde toda a criação, incluindo a essência humana, fora corrompida.

O fato de saber que estava nu e procurar folhas para se vestir denunciou a degradação que se instalou em seu âmago naquele instante. O pecado veio à tona e com ele a morte e o consequente medo em todas as suas nuances. Mediante a narrativa descrita nas Escrituras, podemos afirmar que o medo é fruto do pecado. Ou seja, da transgressão do ser humano para com Deus. Antes do pecado, ele não existia. No entanto, passou a fazer parte de nossa natureza terrena, conforme afirma o apóstolo Paulo em sua carta aos colossenses (Colossenses 3:5). E hoje “desfrutamos” deste efeito colateral.

O pecado habita em nossa carne (Romanos 7:18-19) e por isso, o medo reside em nossa essência. Ainda que em alguns momentos o medo seja um poderoso instrumento de proteção e preservação da vida, ele não é, de maneira nenhuma, de origem divina. Sei que alguns podem argumentar: “Mas o próprio Jesus, no jardim do Getsêmani, temeu a morte ao ponto de transpirar sangue e pedir a Deus que afastasse dele tal cálice”.

Concordo plenamente com tal indagação. No entanto, não podemos ignorar o fato crucial de que Jesus enfrentou o drama do sofrimento e da morte como homem (Filipenses 2:6-9). Portanto, evidenciou o medo contido no âmago do ser humano de sofrer e morrer. O que nos mostra o sublime caminho que, apesar do medo contido em nossa essência, somos nEle capazes de vencê-lo a fim de tomarmos sobre nós de Sua Cruz (Evangelho segundo Mateus 16:24) e vivermos a vida abundante que ela nos oferece (Evangelho segundo João 10:10). Que não consiste apenas em bênçãos ou na ausência de intempéries e momentos de sofrimentos, mas sim de vitória sobre todas as situações. Pois sobre nós, independente do medo que sintamos, repousa a profecia messiânica que diz: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo”. (Evangelho segundo João 14:33).


*Publicado anteriormente na edição 004 da revista Profecia.

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