Matheus Viana
Certa madrugada, (para ser sincero, não me lembro do dia), estava deitado em minha cama, acompanhado de minha esposa que repousava em meio à inquietude de seu sono conturbado. “Desfrutava” naquele momento do desconforto e do sofrimento provocado pelas dores intensas e rotineiras. Repousei, com certa dificuldade, a cabeça no travesseiro. Em virtude dos muitos pensamentos que brotavam de minha mente, fui acometido da seguinte indagação: - O que nutro em meu coração é fé ou medo de morrer?
Certa madrugada, (para ser sincero, não me lembro do dia), estava deitado em minha cama, acompanhado de minha esposa que repousava em meio à inquietude de seu sono conturbado. “Desfrutava” naquele momento do desconforto e do sofrimento provocado pelas dores intensas e rotineiras. Repousei, com certa dificuldade, a cabeça no travesseiro. Em virtude dos muitos pensamentos que brotavam de minha mente, fui acometido da seguinte indagação: - O que nutro em meu coração é fé ou medo de morrer?
Se eu escolhesse, por livre e espontânea vontade, caminhar nas rotas obscuras, pavimentadas pelas minhas preocupações e incertezas, teria todos os motivos e argumentos que um ser humano pode criar para ser um indivíduo depressivo e enclausurado pelo medo. Com o corpo desfigurado em pleno repouso e com a cabeça confortavelmente acomodada em um travesseiro, processava esta dúvida que corroía meu interior: - Será que o alicerce da minha fé não é, na verdade, uma tremenda falta de opção? Ou seja, tenho muito medo de morrer e, por isso, vivo sobre os alicerces da esperança de que, um dia, terei meu corpo miraculosamente curado para assim fugir das terríveis garras da morte? Esta fé não seria uma fuga, ainda que inconsciente, deste medo avassalador?
Entrei em parafuso! Lembrei, subitamente, do texto registrado na carta aos hebreus que diz “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem”. (Hebreus 11:1). E também da advertência que o apóstolo João descreveu em sua carta que diz “No amor não há medo, antes o perfeito amor lança fora o medo; porque o medo tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor”. (I João 4:18).
Fiz uma súbita ligação com outro texto registrado no capítulo 11 da carta aos hebreus que diz “Sem fé, é impossível agradar a Deus”. (Hebreus 11:6). No entanto, o questionamento que de certa forma me martirizava não era o fato de eu nutrir fé em Deus ou não. E sim qual era o seu alicerce. Se minha fé era oriunda de meu amor a Deus ou de um forte medo que consumia o âmago de minhas emoções. O que, segundo a Bíblia, são duas coisas completamente incompatíveis, paradoxais...
- Seria minha fé em Deus um porto seguro para que o medo da morte não inundasse minhas emoções e me subjugasse a uma depressão fatal? – questionava.
Lembrei de um dos dois principais mandamentos de Jesus transmitidos aos saduceus que o indagaram: “Amai o Senhor vosso Deus de todo vosso coração, de toda vossa alma e de todo vosso entendimento”. (Evangelho segundo Mateus 22:37). Tal ordenança foi como um feixe de luz iluminando meu tenebroso caminho. De maneira inconsciente, minha mente e também minhas emoções estavam sendo inundadas por aspectos que emanavam das evasivas perspectivas naturais. A deformidade física que castiga meu corpo, as assustadoras previsões médicas e, de forma geral, o surgimento e a manifestação de todas as limitações consequentes.
- Por que não pensei nisto antes? Está tudo tão claro na sobriedade e coerência das Escrituras... Uma verdade oculta apenas para quem não quer ver ou, para quem está acometido por uma séria e comprometedora cegueira. Fé é a certeza das coisas que se esperam e a prova concreta das que não se veem – dizia em um desesperado monólogo.
Precisava condicionar o meu intelecto a não raciocinar sob a desesperadora perspectiva do natural, mas sim elevá-lo à esfera divina, ao patamar da supremacia sobrenatural. Por isso, o apóstolo Paulo nos aconselha "Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra.". (Colossenses 3:2) E, consequentemente, nos ensina a termos “o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus”. (Filipenses 2:5). É muito mais do que um mero ciclo vicioso. É o mosaico da fé. Na medida em que condicionamos o nosso intelecto a raciocinar segundo este prisma, adquirimos o sentimento de Cristo. Ou seja, fé. É por isso que fé é totalmente contrário ao medo.
Esta era a resposta. O que eu nutria em relação a Deus, por mais que parecesse, não era fé. E sim um simples subterfúgio intelectual em que eu tentava transmitir meu medo para o limiar de uma esperança evasiva. Um exercício puramente mental de tentar exercitar a crença na verdade de que, por maior que fosse meu problema, conseguiria vencê-lo apenas pela força da mente. Portanto, uma prática completamente permeada por um medo oriundo de meu raciocínio manipulado pela rasa e sagaz perspectiva humana.
Esta é a descoberta que desejo, de todo o meu coração, que o leitor faça ao ler esta simples narrativa “testemunhal”, como diz o professor Luiz Montanini. Este livro nada mais é do que um relato da jornada que trilhei em pouco mais de uma década. A intenção aqui não é, de maneira nenhuma, exaltar o ‘vitimismo’ barato. Mas sim tentar mostrar que é na dificuldade, algo que a Bíblia chama de provação, que Deus imprime em nós os sólidos alicerces da fé.
Muitas vezes somos acometidos pelo medo da tribulação. No entanto, Tiago nos exorta dizendo: “Tendes por motivos de alegria o passardes pela tribulação. Pois, a tribulação produz em nós perseverança”. (Tiago 1:2). Pois somente aqueles que perseverarem até o fim receberão a coroa da vida. (Apocalipse 2:8). Perseveremos, por enquanto, na leitura deste pequeno livro. Um mero instrumento que Deus usará para incendiar o seu coração com a ardente chama da fé.
"Seria minha fé em Deus um porto seguro para que o medo da morte não inundasse minhas emoções e me subjugasse a uma depressão fatal? – questionava."
ResponderExcluirCaro Matheus,
Quanto ao questionamento expresso, seria a possibilidade de sofrer uma depressão profunda a causa que o leva a ter fé ou a sanidade emocional (ausência de depressão) a conseqüência da sua fé? Eu creio na segunda afirmação. E também acho que quando a “fé” é na verdade apenas um exercício mental, a depressão inevitavelmente se manifesta. É como um alcoólatra sendo tratado pelo A.A. que declara “Eu sou um alcoólatra, mas estou sóbrio há tantos anos, meses, dias e horas”. Ele sabe que é um viciado e está lutando com suas próprias forças contra isso. Mas o poder de Deus cura a nossa identidade! A verdadeira fé declara as verdades de Deus, como expressa o profeta Joel no capítulo 3, versículo 10 “Diga o fraco: eu sou forte!”
A verdadeira fé guarda a nossa saúde emocional pois de maneira anti-natural nos faz de fato descansar em Deus!