“Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar.” (Hebreus 11:18). Expectativa que extrapolou as circunstâncias.
Matheus Viana
Dor. Algo que ninguém deseja sentir. Contudo, longe de ser um masoquista, afirmo, por experiência própria, que ela tem suas virtudes. Dor é uma espécie de tribulação. E, conforme o apóstolo Tiago ensina: “Meus irmãos, tendes por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança”. (Tiago 1:2 e 3).
Há quem refute a afirmação de Agostinho de que a dor é dada por Deus para nos transformar dizendo que ela é obra puramente do diabo. Nem um extremo nem outro. Entretanto, as dores que Jesus sentiu nos açoites brutais que dilaceraram Sua carne e na cruz fizeram parte de todo o mosaico redentor. O próprio Jesus disse a Ananias a respeito de Paulo: “E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. (Atos 9:16). A profecia se cumpriu. Paulo a sentiu, por várias vezes, quando foi açoitado por pregar o Evangelho de Cristo. Ou seja, conforme as Escrituras nos ensinam, sua dor foi em prol do Evangelho, não obra do maligno.
O escritor do livro aos hebreus narra: “Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado. Sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito.”. (Hebreus 11:17). Que Deus é esse que ordena o pai sacrificar seu único filho? Há dor maior para o pai do que a morte de seu filho? Pior do que isso: o próprio pai teria que imolá-lo. Muito mais do que provar a fé do patriarca e colocar Isaque no devido lugar em que deveria ocupar em seu coração, Deus estava compartilhando com ele um pouco da dor que sentia ao sacrificar Seu próprio Filho, Jesus, antes da fundação do mundo (Apocalipse 13:8). Ele sente a nossa dor antes de nós.
Deus não deixou que Isaque fosse morto. Um cordeiro foi providenciado em seu lugar, fato que apontava para o sacrifício de Jesus. Apesar da dor necessária, Ele está na retaguarda. Verdade que não apenas nos consola, mas norteia.
Todos os dias sou castigado por dores inexprimíveis. Enquanto digito estas palavras, estou acometido por dores musculares que você não faz ideia. Minha curvatura tem aumentado, deformando ainda mais meu corpo bastante frágil. Confesso, além da dor, o pânico e o medo de ser sucumbido me apanham. Será que a severa deformidade dorsal não afetará os pulmões, comprometendo minha respiração? As diminuições do tórax e, consequentemente, da cavidade peitoral não afetarão meu coração? Perguntas que não sei as respostas. Exceto que, pela fé nas Escrituras, o Soberano não permitirá que eu pereça (Romanos 8:11).
Conforme questionei no texto Fé e perseverança: “Seria minha fé em Deus um porto seguro para que o medo da morte não inundasse minhas emoções e me subjugasse a uma depressão fatal?”. Tenho a consciência de que muito mais do que isso. Não se trata de uma “muleta intelectual”, mas mera constatação do óbvio.
No drama que Abraão viveu de ter que sacrificar seu único filho, encontrou forças para crer que o desfecho não seria fúnebre como aparentava. “Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar.” (Hebreus 11:18). Expectativa que extrapolou as circunstâncias. Havia uma profecia estabelecida sobre a vida de Abraão que seria cumprida em Isaque. Deus não é homem para que minta (Números 23:19). Seria muita incoerência tirar de cena a pessoa que traria a promessa à tona.
Temos profecias estabelecidas sobre nós, mesmo que não as conheçamos (Salmos 139:16). É pegar ou largar! Por isso, quando nos submetemos ao processo de renovação de mente a fim de vivermos a vontade de Deus, há uma espécie de “seguro divino” que não nos deixa sucumbir. Use-o: é seu direito. Você, com certeza, não será cobrado pelo “sinistro”.
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