quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Quem é o meu próximo?


A ignorância no tocante ao nosso próximo não consiste na carência da resposta, mas na falta de comprometimento e empatia para com as respostas que as Escrituras nos oferecem.

Matheus Viana

A parábola do bom samaritano (Evangelho segundo Lucas 10:25-37) é conhecida e exaustivamente transformada em sermões. Porém está repleta de nuances ocultas e fundamentais. A primeira delas é a consequência de quando a Palavra de Deus é tratada como mero objeto de leitura e interpretação.

O mestre da Lei que intentou colocar Jesus à prova era um erudito. Por isso, Jesus o desafiou a colocar todo o conhecimento que possuía em prática. Mas algo o impedia. Apesar de ser perito na interpretação da Lei, era ignorante em relação a quem era seu próximo. Ignorância que impede muitos praticarem a Palavra de Deus.

O apóstolo Tiago exorta: “Sede praticantes da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.” (Tiago 1:22). Segundo ele, ouvir a Palavra de Deus sem praticá-la redunda em engano. Infelizmente há muitos sendo enganados, pois acreditam estar servindo a Deus. Contudo, conforme Jesus preconiza àquele mestre da Lei, sem a prática do amor ao próximo não estamos. Tiago também diz: “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tem descumprido toda a lei”. (Tiago 2:10).

A pergunta a ser feita é a mesma evocada por aquele mestre: “Quem é o meu próximo?”. As Escrituras emitem, de maneira explícita, a resposta. A ignorância no tocante ao nosso próximo não consiste na carência da resposta, mas na falta de comprometimento e empatia para com as respostas que as Escrituras nos oferecem.

Você que lê minhas reflexões há algum tempo já notou que repito frequentemente a advertência feita pelo apóstolo Paulo aos cristãos em Roma. Devido à urgência que nos enreda, não há como ser diferente. Repetirei quantas vezes for necessária. A ardente expectativa da humanidade aguarda pela manifestação dos filhos de Deus (Romanos 8:19). Nunca se esqueça disto! Necessidade que se dá em todas as vertentes. A diaconisa e coordenadora social Joana Viana elucida: “... não é possível um comprometimento com o Reino de Deus sem um profundo envolvimento em questões sociais”. Verdade indiscutível.

Por quantos anos a Igreja não se envolveu – considerando, claro, o caráter laico do Estado – na política e, com isso, permitiu que “espinheiros” assolem a nação, em todas as esferas, com toda sorte de corrupção? O efeito colateral? A população à míngua de justiça social – respeitando as liberdades econômicas, morais e sociais – e de todo o mosaico que compõe uma cidadania digna.

Por quantos anos a educação, por conta da letargia dos cristãos, tornou-se alvo de disseminação de preceitos nocivos ao público infanto-juvenil que são produtos de uma ‘contracultura’ subversiva? Os meios de comunicação foram dominados por mentes revolucionárias que intentam estabelecer uma Nova Ordem completamente na contramão da “boa, perfeita e agradável vontade de Deus”. (Romanos 12:2) ao ser humano. Devido à ignorância que nos acomete, muitos próximos estão sucumbindo como o homem relatado por Jesus em sua parábola.

“E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.” (Evangelho segundo Lucas 10:30). Aquele homem foi despido, fato que simboliza a perca da identidade de muitos. Quantas crianças são assaltadas e perdem a infância, em tão tenra idade, por conta da sexualidade precoce promovida pelo MEC e pela UNESCO? O que dizer da tentativa de ativistas homossexuais ensinarem nas salas de aulas que meninos se apaixonarem por meninos ou meninas por meninas é algo normal? Quantas mentes estão obscurecidas e, por isso, impedidas de receber a luz do Evangelho que as liberta do opróbrio mental e comportamental que os enreda pelo fato de não termos irradiado esta luz através dos meios de comunicação que nos estão disponíveis?

Aquele que se levanta, no entanto, é colocado à prova por pessoas que, como o mestre que abordou Jesus, não praticam a Palavra de Deus por não terem o conhecimento de quem é o seu próximo. Apesar da abundância de respostas, muitos se esquivam. Jesus falou que um sacerdote e um levita viram a aflição daquele homem, mas passaram “pelo outro lado”. Esses dois personagens eram ministros do templo. Comprometidos com a liturgia do ofício “espiritual”, não se sentiram impelidos nem tampouco responsáveis em socorrer o necessitado. Realidade atual. Não é a toa que o apóstolo Paulo exorta: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus”. (Filipenses 2:5). 

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