Quando Jesus, após falar de Seu cálice e de Seu batismo, fala de servir ao próximo, refere-se também à nossa santificação em favor de outros para que sejamos referências dEle. Pois Ele em nós é a esperança da glória (Colossenses 1:27).
Matheus Viana
Noite difícil. Um calor sufocante que fazia meu corpo transpirar e que secou minha garganta. Inquietante. Não conseguia dormir. Para piorar, fui acometido por uma vontade avassaladora de ir para a sala, ligar a televisão e procurar algum filme erótico. A luta para não cair em tentação foi árdua. O que colaborou ainda mais para a minha insônia.
Levantei do meu leito e fui para a cozinha saciar a minha sede física. Depois, fui para a sala saciar minha sede espiritual. Já a minha vontade foi reduzida à inanição. Foi algo muito difícil. Ajoelhei-me no chão, coloquei meus braços e minha cabeça no sofá e me rendi em oração. Pois, se dependesse de mim, a televisão já estaria ligada. E o conteúdo exibido não seria nada edificante.
Comecei a me lembrar do governo de Deus sobre a minha vida. De como José conseguiu vencer seus hormônios pululantes e não ceder à insinuação da mulher de Potifar. No decreto preconizado pelo apóstolo Paulo de que em tudo somos mais do que vencedores por meio dAquele que nos amou (Romanos 8:37). No conselho de Salomão que diz se o pecado tentar nos seduzir basta dizermos não (Provérbios 1:10). No ensino de Jesus de que se olharmos para uma mulher com intenção impura, em nosso coração cometemos adultério (Evangelho segundo Mateus 5:28). Por isso não teria, para vencer esta tentação, outra alternativa a não ser me render em oração.
Enquanto orava, meu espírito foi cheio do seguinte sentimento: santificação em favor do meu próximo. Veio-me à mente as pessoas que, de alguma forma, têm sido tocadas por Deus através da minha vida. Um canal do poder de Deus, ainda que mui falho e fraco como eu, não pode viver maculado pelo pecado. Era isso. A santificação contínua não é apenas em meu favor, mas também em favor do meu próximo. Isso é morte – de nossas vontades – que gera vida – a vida de Deus nos outros. (Leia II Coríntios 4:10-12).
O sacrifício redentor de Jesus por nós culminou na cruz. Mas passou por sua santificação em nosso favor. Por isso afirmou em sua oração sacerdotal: “E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.” (Evangelho segundo João 17:19). Pois como homem – e por isso, sujeito ao pecado – em tudo foi tentado, mas em nada – absolutamente nada – pecou (Hebreus 4:15, I Pedro 2:22).
É essa santificação contínua que Ele evoca quando questiona a Tiago e João: “Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu bebo, e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?” (Evangelho segundo Marcos 10:38). Pesa sobre nós a responsabilidade de sermos (Evangelho segundo Mateus 16:24) e fazermos (Evangelho segundo Mateus 28:19) discípulos de Cristo. O que consiste em servirmos de referenciais de Cristo para o nosso próximo (Romanos 8:29). É por este motivo que o apóstolo Paulo exorta: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo”. (I Corintios 11:1).
Cristo era evidente na vida de Paulo. Realidade explicitada em sua carta aos gálatas: “Não sou mais eu quem vivo, mas Cristo vive em mim”. (Gálatas 2:20). Quando Jesus, após falar de Seu cálice (Salmos 116:13-14, Evangelho segundo Mateus 26:39) e de Seu batismo, fala de servir ao próximo, refere-se também à nossa santificação em favor de outros para que sejamos referências dEle. Pois Ele em nós é a esperança da glória (Colossenses 1:27).
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