“Folhas” não saciarão a necessidade do Mestre. Por isso, devemos ser sinceros em reconhecer a nossa incapacidade de gerar o fruto genuíno e buscarmos estar cada vez mais ligados à videira.
Matheus Viana
Jesus teve fome. Não havia jejuado como nos quarenta dias que passou no deserto após ser batizado no Jordão. Apenas sentia a necessidade do Deus Filho que se tornou plenamente homem (Filipenses 2:7). Embora não seja levada em consideração na maioria dos sermões, a fome de Jesus foi o fator determinante que desencadeou as ações subsequentes.
Viu uma figueira com folhas. Algo que denotava a existência de frutos. Ledo engano! Jesus, faminto, se aproximou dela e nada encontrou (Evangelho segundo Marcos 11:13). O motivo era óbvio: não era tempo de figos.
Cabe aqui uma singela reflexão. Por muitas vezes queremos suprir nossas necessidades em “figueiras” aparentemente frondosas, repletas de folhas. Mas sem nenhum fruto. Incompetência ou má qualidade? Nenhum dos dois. Apenas não é o tempo de frutificar.
Quantas pessoas são cobradas a dar frutos fora do tempo? Por não corresponderem ao tempo exigido, são, de certa forma, amaldiçoadas. “Esta aqui não é ‘frutífera’, não serve”. Jesus não condenou, ao amaldiçoar a figueira, a falta de frutos. Mas sua aparência enganosa e o que ela produziu: meras folhas.
O fruto que Jesus espera de nós está relatado no capítulo 15 do Evangelho segundo João. Ele é oriundo de estarmos ligados, enraizados na videira. Jesus é a videira. Logo, o fruto que Ele deseja encontrar é a manifestação plena de sua vida em nós, a fim de que o sonho de Deus, elucidado pelo apóstolo Paulo em sua carta aos romanos (8:29), se concretize.
Folhas não servem. O fruto desejado por Deus leva tempo. Se desenvolve paulatinamente, de glória em glória (II Coríntios 3:18). A figueira, na teologia cristã, simboliza a religiosidade. A atitude de Jesus em amaldiçoá-la, por mais que pareça, não foi equivocada. Nem um pouco. Com isso, Ele nos deixou algumas lições a seguirmos.
A primeira é que nunca podemos esconder a nossa falta de frutos com folhas. Ou seja, com atos que sustentam nossa superficialidade. Nossos feitos serão provados. E é no momento da prova que veremos se a nossa conduta cristã é fruto ou não passa de folha. A segunda é que precisamos esperar o tempo da frutificação. “Folhas” não saciarão a necessidade do Mestre. Por isso, devemos ser sinceros em reconhecer a nossa incapacidade de gerar o fruto genuíno e buscarmos estar cada vez mais ligados à videira. Pois a única coisa que colheremos ao produzirmos apenas “folhas” é o juízo divino.
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