Fico imaginando se João Batista não usasse o talento que lhe foi conferido: o de batizar no rio Jordão. Era perito neste ofício. Tanto que o próprio Jesus se apresentou para ser batizado por ele.
Matheus Viana
Sei que o título soa autoajuda. Mas acredite, não é. O relato contado por Jesus e elucidado por Mateus (Evangelho segundo Mateus 25) nos oferece um panorama distinto sobre um tema bastante explorado: não apenas o não usá-lo, mas também, e principalmente, a carência de confiança nele.
O segundo fator desencadeia o primeiro, em ordem reversa, obviamente. Um efeito cascata que culmina na reprovação por parte do Senhor. Talento é algo atribuído ao homem por Deus. Por isso, não confiar no talento que possuímos é não crer nAquele que nos capacita. Em outras palavras: desprezo.
Definição forte? Concordo. Mas trata-se da mais pura e simples verdade. Quem somos nós para desprezarmos o Criador? Pois é! Mesmo assim agimos, inconscientemente, desta forma extremamente absurda.
O rechaçar do Senhor é firme e objetivo: “Servo mau e infiel”. Esta, muitas vezes, é a nomenclatura que recebemos em detrimento de nossa má conduta perante Deus e dos homens. É a mesma coisa que um pai disponibilizar uma exorbitante quantia de recursos ao filho e este padecer de fome entre outras necessidades. Pois, apesar dos recursos os quais lhe pertencem e estão disponíveis, o filho acha que não são suficientes para lhe suprir.
Insensatez. Por causa dela, privamos Deus de agir na humanidade através dos talentos que Ele nos concedeu. A profecia diz que “a ardente expectativa da criação aguarda pela manifestação dos filhos de Deus”. (Romanos 8:19). Cuja manifestação se dará através do pleno exercício dos talentos que nos foi, juntamente com uma dose cavalar de responsabilidade, outorgados. “A quem muito é dado, muito será cobrado.” (Evangelho segundo Lucas 12:48).
Quantos intelectos deixariam de ser instigados sem a literatura de Dostoiévski? Quantas almas deixariam de ser acalentadas sem a musicalidade de J.S. Bach? Quantos ouvidos deixariam de ouvir o Evangelho de Cristo sem a vocação e avidez de homens como Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, Charles Finney, Dwight Moody e Billy Grahan?
Fico imaginando se João Batista não usasse o talento que lhe foi conferido: o de batizar no rio Jordão. Era perito neste ofício. Tanto que o próprio Jesus se apresentou para ser batizado por ele.
A frase dita por Jesus a João nos remete a um profundo nível de análise. Quando João viu que Jesus, o cordeiro que tiraria o pecado do mundo, aquele de quem não era digno de desatar as sandálias, veio humildemente para ser batizado, titubeou em batizá-lo. No entanto, Jesus lhe diz: “Convém que seja desta forma para que se cumpra toda a justiça”.
Já parou para pensar nisto? Toda a justiça divina, existente desde a fundação do mundo (Apocalipse 13:8), seria comprometida se João desistisse de exercer seu talento. Jesus teria que ser batizado para que se cumprissem as profecias. Teria que passar por todos os parâmetros da justiça que Deus desejou estabelecer na terra. No livro de Atos, Lucas, um dos seguidores de Jesus, diz; “Falando a respeito de todas as coisas que Jesus começou a fazer e a ensinar”.
Imagine se Jesus não fosse batizado por João! Ele não teria recebido do Espírito de Deus que testificou de que era Seu filho (Evangelho segundo Mateus 3:13), não teria vencido no deserto, realizado seu ministério e, com certeza, meramente como homem, não teria se submetido à cruz. Resultado? A humanidade estaria fadada à perdição. Tudo pelo “simples” fato de João Batista não exercer seu talento.
Não desperdice o seu! Confiemos nele como extensão de nossa fé nAquele que o concedeu a nós. Pois, acredite, esta dádiva impagável possui segundas intenções. E Ele quer desfrutar do retorno deste nobre investimento, não tenha dúvida disto.
Talento possui o mesmo ímpeto das águas. Não podemos contê-lo. Mais cedo ou mais tarde, a “represa” da incredulidade e da insegurança romperá. Jesus falou sobre isso quando disse: “Mas aquele que crer em mim como diz as Escrituras, de seu interior fluirão rios de águas vivas”. (Evangelho segundo João 7:38). Advento que culminará no cumprimento pleno da profecia que diz: “E toda terra se encherá do conhecimento de Deus, assim como as águas cobrem o mar”. (Isaías 11:9).
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