sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Efeitos colaterais


O ser humano tem a tendência de tomar suas próprias atitudes e a trilhar a conduta que lhe parecer melhor. Portanto, quando lhe acontece algo ruim, Deus é o culpado.

Matheus Viana

Imagine um time de futebol em que você é o técnico. Você não convoca um determinado jogador. Seu time perde o jogo. Quando os jornalistas lhe questionam sobre a derrota, sua resposta é súbita: “a culpa é da ausência do jogador fulano de tal!”. O fato de que você não o convocou, no entanto, é ocultado.

O homem, desde o Éden, escolheu preterir a vontade divina e andar segundo suas próprias convicções. Cobiçou a “liberdade” de viver independente dos planos divinos aos quais o apóstolo Paulo elucida: “Aos que de antemão os escolheu, também os predestinou”. (Romanos 8:29). Subtraímos Deus – e tudo o que é relacionado a Ele – de nossas vidas. Por isso, estamos à mercê dos efeitos colaterais de nossas escolhas. 

Consequentemente, tal verdade também é atribuída a todo mal que porventura venha ocorrer conosco. Adão e Eva escolheram seus próprios caminhos e amargaram seus dissabores. A humanidade tem trilhado a mesma rota.

No entanto, no outro extremo, há os que atribuem a Deus todos os pormenores de suas vidas. A vontade divina torna-se soberana na medida em que nos submetemos ao processo de renovação de mente e experimentamos o quanto ela é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2). Contudo, tal soberania respeita o princípio – divino – do livre arbítrio que foi atribuído ao homem. Um exemplo disso é a tentação.

Deus não permite tentação a qual não possamos suportar (I Coríntios 10:13). Todavia, há muitos que caem em tentações e, na obscuridade e no jugo do pecado, atribuem tal tentação a Deus o culpando por serem sucumbidos por ela.

O apóstolo Paulo preconiza que o homem é vencedor em tudo por intermédio da vitória que Jesus alcançou (Romanos 8:37). Ou seja, quando somos fortalecidos por Ele (Filipenses 4:13) por meio de Sua Palavra. Jesus disse que o Espírito Santo viria para nos guiar por ela (Evangelho segundo João 14:26). Baseado nesta capacitação, as Escrituras dizem através do provérbio de Salomão: “Se o pecado ou o homem mal te seduzir, não o consintas”. (Provérbios 1:10).

Deus não vai resistir a tentação por nós. Ele já fez a parte dEle – providenciar a vitória - , a fim de que façamos a nossa – tomar posse dela e vivermos como vencedores. O apóstolo Paulo e o escritor da carta aos hebreus descrevem Jesus como intercessor (Romanos 8:34, Hebreus 7:25). Isso evidencia a veracidade da advertência proferida por Jesus: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo”. (Evangelho segundo João 16:33). Vida ausente de intempéries e de situações de desalento é religião barata, filosofia psicótica ou charlatanismo puro e simples.

Jesus advertiu seus ouvintes que o caminho proposto por Ele é estreito (Evangelho segundo Mateus 7:14). Ou seja, árduo e difícil. Ele também foi claro sobre os desafios e dificuldades da jornada que designou aos Seus discípulos (Evangelho segundo Mateus 10:8-42). Paulo, o homem que mais influenciou sua geração com o Evangelho de Jesus Cristo, foi claro em relação ao mosaico de desafios que inclui prisões, naufrágios, açoites entre outros perigos de morte. Mesmo assim afirmava em alto e bom som: “Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. (Filipenses 3:14).

A misericórdia de Deus à humanidade que o rejeitou consiste no sofrimento e sacrifício de Seu próprio filho (I João 4:10). Muitos questionam sua bondade pelas catástrofes, barbáries e misérias que existem no mundo. Tal questionamento, na verdade, nada mais é do que a tentativa insana de tirar a responsabilidade de suas escolhas e condutas.

O profeta Isaías é claro e direto: “Eis que as trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos”. (Isaías 60:2). Por ser um Deus justo e democrático – pois, repito, respeita o princípio do livre arbítrio – Ele intervém na natureza – incluindo, sobretudo, a humana - quando encontra espaço para agir (Apocalipse 3:20). Este é o problema: não permitimos que Ele aja e, quando o mal acontece, o culpamos por não agir. Mais do que isso: questionamos Sua existência e Sua soberania sobre o universo.

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