segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Plataforma invisível - II


Pedro se viu diante do exercício de duas razões: a humana, que determinava que ele seria submergido, e a divina, que pavimentava o caminhar de Jesus sobre as águas turbulentas.

Matheus Viana

O terceiro fundamento é a coragem. Pedro não apenas ouviu, mas atendeu a advertência de Jesus. “E ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus”. (Evangelho  segundo Mateus 14:29). No entanto, coragem é oriunda de disposição. Quando confrontado com uma visão do trono de Deus, o profeta Isaías recebeu a revelação do clamor divino: “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.” (Isaías 6:8).

Disposição é produto da plena compreensão da necessidade que nos enreda. No entanto, só teremos este entendimento quando, conforme Paulo adverte, termos o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Filipenses 2:5). Os discípulos estavam em situação de extremo perigo. O socorro estava bem em frente deles, mas não o reconheceram. Alguém teria que tirar esta dúvida. Pedro aceitou o desafio e provou do milagre. Conforme Paulo elucida: “A ardente expectativa da criação aguarda pela manifestação dos filhos de Deus”. (Romanos 8:19). É exatamente esta a conduta do cristianismo genuíno: se manifestar e caminhar no sobrenatural.

O quarto fundamento é composto por dois elementos distintos, porém coesos: fé e direção. Contudo, algo deve ser considerado: a fé, na contramão do que afirmam alguns ateus e agnósticos, não anula o exercício salutar do intelecto. Pedro se viu diante do exercício de duas razões: a humana, que determinava que ele seria submergido, e a divina, que pavimentava o caminhar de Jesus sobre as águas turbulentas. Jesus não agiu de maneira irresponsável ao chamá-lo para ir ter com Ele. Mas estava fundamentado na razão divina que, comparada à humana, é sobrenatural.

Conforme elucidei no texto ‘A razão sobrenatural’: “A fé extrapola a razão humana, mas não a anula. Pedro teve fé para andar sobre as águas do mar revolto, ou seja, extrapolou a razão humana diante do fato de que iria afundar. No entanto, seu querer (desejo e intelecto) estava fundamentado na Palavra de Jesus que é viva e eficaz (Hebreus 4:12) e Espírito e vida (Evangelho segundo João 6:63). A razão divina é diferente da humana. O que é sobrenatural para a razão humana é natural para a divina. A fé é o instrumento que faz com que a razão humana se converta à divina. Por isso afirmar que a fé ignora o exercício intelectual é prova cabal de carência... Isso mesmo: intelectual”. No entanto, não conseguiremos trilhar o sobrenatural sem ela.

Entretanto, a fé precisa ter um alvo específico. Pedro experimentou o sobrenatural porque tinha um destino: “ir ter com Jesus”. O apóstolo Paulo preconiza: “Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. (Filipenses 3:14). A direção determina o êxito de nossa fé.

Sansão é um triste e antagônico exemplo. Sua força descomunal era oriunda da capacitação sobrenatural por ser devoto ao nazireado (Juízes 13:5). No entanto, errou o alvo. Focou todas suas expectativas e prazeres em uma prostituta filistéia chamada Dalila. Era provido de todos os fundamentos que vimos até aqui: tinha uma Palavra sobre sua vida, o Espírito de Deus era sobre ele (Juízes 14:6), tinha fé... Mas se enveredou por uma rota equivocada. Não trilhe o mesmo caminho. Há diante de ti uma plataforma invisível que te conduzirá ao alvo correto. 

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