quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Em espírito e em verdade


A devoção espiritual deve culminar em manifestações na esfera natural. Em outras palavras, a devoção que Jesus ensinou àquela mulher consiste em transformação em todos os âmbitos da vida de nosso próximo.

Matheus Viana

No conhecido episódio em que Jesus dialoga com uma mulher samaritana, vemos que Ele abordou alguns aspectos que culminaram em sua transformação nos âmbitos espiritual, moral e social.

É evidente o fato de que o primeiro elemento que Jesus elucidou foi a sede natural: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva”. (Evangelho segundo João 4:10). A sede que a levou a buscar água no poço de Jacó é a suma demonstração da sede que acomete a humanidade (Romanos 8:19). Jesus foi conciso quando declarou em seu sermão da montanha: “Bem aventurados aqueles que têm fome e sede de justiça, pois serão saciados”. (Evangelho segundo Mateus 5:6).

Estamos enredados em um contexto onde a corrupção, em todas as esferas, tornou-se rotineira. No entanto, há muitos que, sedentos por justiça, têm buscado saciar esta sede por meio de mobilizações, como a recente ‘Marcha contra a corrupção’, entre outras ações e aglutinações populares. Contudo, isso não basta. A humanidade terá sua sede saciada à medida que nos dirigirmos à fonte correta de modo a tornarmos uma fonte que jorra da água viva citada por Jesus: “... a água que eu lhe der se tornará uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. (Evangelho segundo João 4:14). Baseado nisto, profetiza algum tempo depois: “Aquele que crer em mim, como diz as Escrituras, de seu interior fluirão rios de água viva.” (Evangelho segundo João 7:38).

A adoração que Jesus ensinou consiste em dois elementos: espírito – a essência de Deus; e verdade – a restauração da humanidade. Ou seja, a devoção espiritual deve culminar em manifestações na esfera natural. Em outras palavras, a devoção que Jesus ensinou consiste em transformação em todos os âmbitos da vida de nosso próximo. Não é a toa que o apóstolo Tiago afirma: “... a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, é morta”. (Tiago 2:18).

Todo o discurso proferido por Jesus àquela mulher resultou na restauração de sua dignidade. “Ele lhe disse: “Vá, chame o seu marido e volte”. “Não tenho marido”, respondeu ela. Disse-lhe Jesus: “Você falou corretamente, dizendo que não tem marido. O fato é que você já teve cinco, e o homem com quem agora vive não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade”. (Evangelho segundo João 4:16-18).

Algo que tem sido esquecido é que, em muitos casos, o primeiro passo rumo à restauração é a destruição. O apóstolo João preconiza: “Para isso se manifestou o Filho de Deus, para destruir as obras do maligno”. (I João 3:8). Conforme elucida o apóstolo Paulo: “Por um homem entrou o pecado, pelo pecado a morte, e a morte passou a todos os homens”. (Romanos 5:12). Por isso, em sua carta aos colossenses adverte: “fazei morrer a vossa natureza terrena”. (Colossenses 3:5). Não há outra opção. Segundo o salmo de Davi, fomos formados em iniquidade e em pecado concebidos (Salmo 51:5).

Muitos têm sido levantados por Deus para denunciar as más condutas da sociedade em seus diversos nichos. Nós de Profecia fazemos parte deste contingente. O intento não é acusar. Mas discernir para que tais obras sejam destruídas e a profecia de Jesus de que todas as coisas serão restauradas (Evangelho segundo Mateus 17:11) seja cumprida. Contudo, são constantemente acusados de não exercer o amor incondicional de Jesus. Mote baseado num pseudoevangelho subversivo e completamente destoante do Evangelho que Jesus deixou como legado.

Basta vermos como Ele lidou com a samaritana. Apesar de aceitá-la, independente de suas condições, atingiu o ponto nevrálgico de sua conduta equivocada: “Ele lhe disse: “Vá, chame o seu marido”. (Evangelho segundo João 4:16). Qual tem sido o resultado de nossa adoração? Mediante a retórica de Jesus, não importa o lugar e o modo como adoramos, mas deve ser em “espírito e em verdade”. Pois são estes que o Pai procura (Evangelho segundo João 4:23-24) e a humanidade anseia (Romanos 8:20-21).

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