domingo, 4 de setembro de 2011

Entre a espada e a funda


Davi se desfez de toda aquela armadura e tomou posse de seus instrumentos: o cajado (ministério), cinco pedras lisas (estratégia) e a funda (talento). O resultado? Sabemos muito bem qual foi.

Matheus Viana

Um gigante urrando e amedrontando todo o exército inimigo. Entre os milhares de guerreiros experimentados, não havia sequer um disposto a aceitar o desafio. No entanto, entrou em cena um jovem pastor de ovelhas, cuja função era levar pães e queijos para seus irmãos mais velhos que eram soldados.

A história de Davi e Golias é bastante conhecida. Todavia, há um aspecto pouco explorado que determinou o êxito não apenas de Davi, mas de toda a nação de Israel.

O ávido jovem recebeu do rei Saul permissão para lutar contra o temido gigante. Mas com uma condição: usar a armadura real. Obediente, Davi se cingiu dos aparatos militares. É aqui que quero refletir com você. Munido da armadura, Davi disse: “Não posso andar com isso, pois nunca a usei”. (I Samuel 17:39).

Se Davi descesse ao vale e lutasse usando aquela armadura seria, fatalmente, sucumbido. O que isso significa? Devemos lutar de acordo com as nossas habilidades, e não com as que querem colocar sobre nós. Muitos estão paralisados em detrimento de uma “armadura” que não lhes pertence. Ou seja, estão desempenhando uma função com a qual não são hábeis. A intenção é correta, porém o modo é equivocado.

Davi recebeu um capacete de bronze. Isso fala da maneira de pensar. Nosso propósito deve ser único: estabelecer o Reino de Deus sobre a Terra (Evangelho segundo Mateus 6:10). No entanto, devemos respeitar e aceitar as diferenças conforme diz o sábio Salomão: “Na multidão de conselhos há segurança”. (Provérbios 11:14). Se sujeitar à renovação da mente que Paulo elucida (Romanos 12:2) não é opção, mas condição. Sem ela não experimentaremos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. E renovação de mente consiste também em diagnosticar as divergências e ser beneficiado por elas.

Davi recebeu uma couraça. Isso fala de sentimento. Respeitemos os sentimentos alheios. Ninguém é igual a ninguém. Óbvio ignorado por muitos. Alguns são emotivos e outros impulsivos. A Igreja de Jesus não seria estabelecida sem a impulsividade de Pedro e nem prevaleceria sem o ensino e a prática do amor por João. A variedade de sentimentos é que forma o mosaico que satisfará as necessidades da humanidade. Tanto a vara quanto o cajado, conforme preconiza Davi em um de seus salmos (Salmos 23:4), nos consolam.

Davi cingiu a espada. Isso fala de nossos talentos. Saul era guerreiro. Davi era pastor de ovelhas. Dons diferentes, porém complementares. Não derrotaremos os gigantes que nos ameaçam com os talentos de outros, mas somente com os nossos. Davi se desfez de toda aquela armadura e tomou posse de seus instrumentos: o cajado (ministério), cinco pedras lisas (estratégia) e a funda (talento). O resultado? Sabemos muito bem qual foi.

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