quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Colocando a mão no peito


Se a intenção for errada, toda ação, por mais nobre que pareça ou benéfica que seja, estará comprometida.

Matheus Viana

Continuação do texto ‘Jogando nossa “vara” no chão

O sugestivo título do texto que você lê não se refere ao ato que antecede a execução de um hino nacional. Após pegar a serpente pela cauda e vê-la se transformando em vara novamente, Moisés ouviu o seguinte comando: “Agora, coloque a mão no peito”. (Êxodo 4:6). Confesso que nas primeiras vezes que li este texto, ele pareceu-me sem sentido. Colocar a mão no peito? Sim. E esta ordem faz todo o sentido.

A mão simboliza a ação demandada pelo propósito de Deus a nós. Peito fala de nossa verdadeira intenção, por mais oculta que seja. Coloque, neste momento, sua mão no peito. Reflita sobre o que te leva, de fato, a fazer o que tem feito para Deus. Seria suprir as necessidades de reconhecimento e louvor diante dos homens? De aceitação? Você – além de Deus, claro – é quem sabe.

As Escrituras não revelam o intento de Moisés. Mas o que aconteceu com ele nos dá uma evidência. “Moisés obedeceu e, quando a retirou, ela estava leprosa”. (Êxodo 4:6). Lepra na Bíblia simboliza o pecado. No capítulo 13 de Levítico, vemos os mandamentos de Deus acerca da purificação da lepra. Para maiores detalhes, leia o texto ‘Um leproso’.

O intento de Moisés precisava ser purificado. Era necessário que a “lepra” fosse expurgada. Sua mão ficou leprosa em detrimento de ter contato com seu peito. Ou seja, para Deus, nossas ações são determinadas pelas intenções. Em outras palavras, se a intenção for errada, impura, toda ação, por mais nobre que pareça ou benéfica que seja, estará comprometida. Por isso o apóstolo Paulo preconiza que a salvação não é por obras (Efésios 2:8). Quem trabalhar com o intento de se salvar vai dançar. Nem te falo em que lugar...

Antes de agirmos, temos que entrar em contato com nosso interior. Não se trata de regressão ou qualquer outra terapia holística. Mas de examinarmos a nós mesmos conforme Paulo nos exorta (I Coríntios 11:28). Foi por isso que Deus ordenou Moisés a colocar a mão leprosa – que revelou seu intento impuro – no peito novamente. Como das outras vezes, ele obedeceu. Quando tirou, ela estava totalmente purificada.

Processo concluído. O orgulho (serpente) contido no talento (vara) de Moisés foi extinto. O intento impuro contido em seu interior (lepra), que maculava suas ações (mão), foi purificado. Era apenas cumprir a vontade do EU SOU. Mas ainda restava um elemento exterior a ser considerado: a incredulidade do povo.

Sejamos sinceros! A receptividade dos indivíduos alvos de nossa pregação nos assusta. Por vezes, arrefece a nossa fé. A dureza do coração humano em relação ao Evangelho de Cristo nos desanima de trilhar a carreira que nos foi proposta. Com Moisés não foi diferente. E Deus era ciente disto. Por isso ordenou: “E se ainda assim não acreditarem nestes dois sinais nem lhe derem ouvidos, tire um pouco da água do Nilo e derrame-a em terra seca. Quando você derramar esta água em terra seca ela se transformará em sangue”. (Êxodo 4:9).

Muito mais do que fragmento da profecia que apontava para uma das pragas que afligiram os egípcios por conta da dureza do coração do faraó, onde as águas do Nilo se transformaram em sangue, esta ordem possui outro significado mais profundo. Jesus disse que se crêssemos Nele como dizem as Escrituras, de nosso interior fluiriam rios de águas vivas (Evangelho segundo João 7:38). Essas águas são a Palavra de Deus que nos purifica (Evangelho segundo João 15:3). Mais do que isso...

Quando Jesus expirou na cruz, seu lado foi perfurado com uma lança por um soldado romano. Daquele ferimento saiu sangue e água (Evangelho segundo João 19:34). Ambos elementos foram derramados na terra seca da incredulidade da maioria dos que assistiram o espetáculo de brutalidade e horror que propiciou salvação para os que crerem Nele.

Repousa sobre nós o mesmo chamado de Deus a Moisés. Liberar as águas do Evangelho de Cristo a fim de que, em contato com a terra seca do coração humano, sejam transformadas no sangue de Sua vida (Evangelho segundo João 6:53). Pois somente este ‘sangue’ traz libertação aos cativos (8:36), independente do cativeiro que os subjugue.  

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito bia interpretação
    Me deu um novo entendimento

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  3. Amei a maneira como você expôs este texto! Simples e com grande esclarecimento! Parabéns, Matheus Viana! Um texto rico e pouco pregado!

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