terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Jogando nossa “vara” no chão


O comando divino foi claro: pegue pela cauda! Moisés obedeceu e a serpente, ao invés de virar em um bote rápido e mordê-lo, se transformou, mediante o poder de Deus – sempre Ele -, novamente em vara. A serpente (orgulho) foi extinta. O talento de Moisés foi purificado. Agora sim poderia ser usado como instrumento para a manifestação do poder e da libertação de Deus aos hebreus.

Matheus Viana

Algo óbvio: ser cristão é ser um discípulo de Cristo (Evangelho segundo Mateus 16:24). Atributo que consiste em algumas observações a serem consideradas. Uma delas é de compartilharmos de Seu sentimento (Filipenses 2:5).

Ao exercermos tal consideração é impossível permanecermos indiferentes à ardente expectativa da humanidade (Romanos 8:19). Mais do que mera expectativa, trata-se da necessidade de ser liberta. Temos visto os diferentes, porem coesos, movimentos que, no intento de buscar liberdade, promovem todo tipo de subversão moral, social e espiritual. Há, por exemplo, a aglutinação da chamada ‘Marcha da maconha’ que pleiteia a liberdade de uso do indivíduo. Rota que, mais cedo ou mais tarde, o conduzirá ao cárcere do vício. A incoerência é notória.

A “liberdade” que o pós-modernismo, sob a égide do humanismo, apregoa nada mais é do que o caminho rumo à clausura existencial. Poderíamos elucidar sobre vários outros movimentos atualmente na berlinda. Mas o espaço e sua paciência não permitem.

Assim como Deus, através dos que são chamados a restaurar todas as coisas (Evangelho segundo Mateus 17:11), quer libertar os oprimidos (Evangelho segundo Lucas 4:18 e João 8:36), Ele chamou Moisés para libertar os hebreus que eram escravos no Egito. Mas antes, Moisés precisou passar por um criterioso processo pelo qual também devemos passar.

Depois de revelar a ele Seu plano, Deus lhe pergunta: “O que é isso em sua mão?”. (Êxodo 4:2). Indagação de amplo significado. ““Uma vara”, respondeu Moisés”. Moisés era pastor de ovelhas (Êxodo 3:1). Portava em sua mão o instrumento de seu trabalho. Isso fala dos talentos - sejam eles dinheiro, bens, profissão ou dons - que nos são concedidos por Deus (Evangelho segundo Mateus 25:15, I Coríntios 12:7). São com eles que executaremos sua vontade, a exemplo de Moisés (Êxodo 4:17). Ao lermos as Escrituras, vemos que suas habilidades pastorais foram indispensáveis durante o êxodo dos hebreus rumo à terra prometida. Não é – nem será – diferente conosco.

Aqui está o primeiro grande desafio: ter consciência de nosso talento. Deus sabia o que Moisés portava em sua mão. Ele é ciente do talento que possuímos, pois foi Ele quem nos concedeu. No entanto, Ele deseja que saibamos como e para que usá-lo. Havia revelado a Moisés o intento: libertar o povo hebreu. Restava saber como. A parte mais difícil do processo.

Antes de usar a vara (o talento) de Moisés como instrumento para a manifestação de Seu poder, Deus lhe ordena: “Jogue-a no chão”. (Êxodo 4:3). Ato que simboliza a nossa rendição plena a Ele. Era a representação de que Moisés, para ser o libertador que Deus queria fazer dele, precisava render aquilo que era (um pastor de ovelhas) e o que possuía (uma vara). Resumindo, render toda sua vida.

Em sua visão do Trono de Deus, o apóstolo João relata: “Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas.”” (Apocalipse 4:10-11). No capítulo 2 de Apocalipse, lemos o Anjo dizendo à Igreja em Esmirna: “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Apocalipse 2:10). Coroa é o símbolo da fidelidade – em meio a uma intensa perseguição - que aqueles anciãos – como figuras simbólicas - exerceram. Mais do que mero exercício, era traço de suas personalidades.

Quando Moisés jogou sua vara ao chão, ela se transformou em uma serpente. Esta serpente nada mais é do que a personificação da vileza contida no âmago de nosso ser. Herdamos de Adão a natureza pecaminosa (Romanos 3:23, 5:12). É por isso que o profeta Jeremias preconiza: “Pois o coração do homem é enganoso, desesperadamente corrupto. Quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9).

O orgulho – que desencadeia toda sorte de corrupção e engano - é o principal empecilho que impede Deus de nos usar. Por isso ele precisa ser extinto. Mas, para isso, precisa ser primeiramente revelado. Contudo, ele só se revela quando nos rendemos a Deus, ou seja, jogamos nossa “vara” no chão. Nunca se esqueça disso: a arma contra o orgulho é o quebrantamento genuíno.

Após fugir da serpente, Moisés ouviu a ordem divina: “Estenda a mão e pegue-a pela cauda”. (Êxodo 4:4). Um momento! Pegar a serpente pela cauda? Então Moisés teria que pegar a serpente pela cabeça, não é verdade? Negativo.

O ato de pegar pela cauda representa a fé que devemos nutrir em relação a Deus. Não apenas no caráter de que Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo que pedimos ou pensamos (Efésios 3:20), mas de que Ele é a nossa fonte. Ou seja, que não podemos nada – absolutamente nada – sem Ele. Nem cumprirmos a promessa que Ele estabeleceu a nós. 

Por isso o comando foi claro: pegue pela cauda! Moisés obedeceu e a serpente, ao invés de virar em um bote rápido e mordê-lo, se transformou, mediante o poder de Deus – sempre Ele -, novamente em vara. A serpente (orgulho) foi extinta. O talento de Moisés foi purificado. Agora sim poderia ser usado como instrumento para a manifestação do poder e da libertação de Deus aos hebreus.

Joguemos nossa vara ao chão, em total rendição a Deus, e deixemos que Ele extermine a serpente do orgulho que reside em nós. A libertação da humanidade depende disso. Pois Jesus já fez a parte Dele...

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