sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O ser determina o fazer

Cada coisa que existe age de acordo com aquilo que é. O sol, por exemplo, ilumina e aquece a manhã porque é um astro composto de luz e calor. Não há essência sem propósito.



Matheus Viana

O primeiro aspecto que Satanás visa deturpar em nós é a personalidade. Pois é ciente de que a autovisão que nutrimos determina os nossos feitos. Os exemplos são evidentes. Se uma pessoa é convencida de que é cantora, ainda que não seja reconhecida como tal nem tampouco tenha as habilidades necessárias, fará de tudo para cantar. Por isso é de suma importância descobrirmos quem, de fato, somos a fim de que façamos as coisas certas.

O próprio Satanás é um exemplo. Outrora Lúcifer (Anjo de Luz), foi criado para ser um Querubim. Tal personalidade carregava em si um propósito: reger os anjos em adoração ao Soberano Deus. Mas não se contentou com o que era. Desejou ser o que não era (Isaías 14:12-15). Usurpou o trono de Deus e se rebelou contra Ele. Foi expulso dos Céus e levou consigo 1/3 dos anjos. Visão deturpada que gerou uma atitude equivocada.

Conforme o salmista preconiza, todos os nossos dias foram predestinados pelo Criador (Salmos 139:16). Porém, somos livres para trilharmos rotas diferentes. Sem, entretanto, nos esquecermos de suas consequências (Provérbios 14:12). Em meio a esta predestinação está o nosso comissionamento. Mas, antes dele, está o estabelecimento de quem somos. Não há personalidade sem propósito.

Descartes dizia: “Penso, logo existo”. Tal frase explicita o fato de que só é capaz de pensar quem existe. Porém, apesar de verdadeira, ela é incompleta. Poderíamos acrescentar a ela: “Sou, logo faço”. Tudo o que existe é munido de uma essência, seja ela concreta ou abstrata. E cada coisa que existe age de acordo com aquilo que é. O sol, por exemplo, ilumina e aquece a manhã porque é um astro composto de luz e calor. Por isso não faz nada além do que sua composição permite. 

Ao lermos Gênesis 1, vemos que este princípio é a tônica de tal narrativa. Na criação do homem, lemos primeiramente os traços de sua personalidade, e só depois suas ações. Antes de dominar sobre toda a terra, teria que ser criado à imagem e conforme a semelhança do Criador (Gênesis 1:26). A partir do momento em que estes atributos são subvertidos, deixa de fazer o que fora criado para fazer. Sua identidade foi mudada. O que alterou suas ações.

Já Jesus, o segundo Adão (I Coríntios 15:45), cumpriu plenamente sua missão ao ponto de bradar: “Está consumado”. (Evangelho segundo João 19:30). Mas um dos principais motivos de seu êxito foi manter a convicção de quem era. O anjo havia ordenado à Maria: “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados”. (Evangelho segundo Mateus 1:21).

Na Bíblia, o nome do indivíduo revela seu caráter, já que fazia parte da cultura nomear crianças segundo as circunstâncias que as enredava ou o propósito que havia sobre elas. O nome Jesus é a versão grega de Josué (Yehoshua) que significa ‘Iavé Salva’. Depois de revelar à Maria quem era o feto que estava em seu ventre, revelou o propósito de Seu nascimento. Ou seja, Jesus veio para salvar a humanidade por ser, desde a eternidade (Apocalipse 13:8), o salvador da humanidade. Suas ações eram meros efeitos de quem Ele era.

Astuto, quando Jesus estava no deserto, a primeira coisa que Satanás fez foi tentar colocar a identidade de Jesus em xeque: “Se tu és o Filho de Deus...”. Jesus venceu as tentações e todos os outros desafios que culminaram na realização plena da vontade de Deus. Sigamos Seus passos. Que tenhamos a revelação plena através do Espírito Santo de quem somos a fim de fazermos apenas o que nos compete...

Continua...

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