Matheus Viana
Obs:
Não deixe de ler a parte I.
Piaget
quis - e seus prosélitos ainda querem - transformar a sentença de que “não há
absolutos universais” em um absoluto universal. Repito: A insanidade é
flagrante. Mas, após rechaçar tal pedagogia, devemos considerar uma teoria de
Piaget: a equilibração majorante. A
teóloga e educadora Maria Molochenco disse em seu livro Educação cristã:
“David Edwards, um
educador cristão, descreve a teoria de Jean Piaget e afirma que ‘a mente humana
funciona formando esquemas ou cadeias de conhecimento’. Para a constituição
destes esquemas, passamos por duas etapas de um processo chamado por Piaget de equilibração majorante. Estas duas
etapas são chamadas de assimilação e
acomodação. A assimilação é o primeiro movimento do pensamento que, quando entra
em contato com uma nova informação, ‘fixa a nova informação dentro de um
esquema’. A partir de então, o sujeito desenvolve um movimento que passa da assimilação (primeiro contato) para a acomodação, ou seja, aquela nova
informação vai sendo incorporada ao esquema já adquirido e passa a se acomodar
como um novo esquema. Dessa forma, o ser humano desenvolve seu pensamento, ao
entrar em contato com novas informações que ampliam suas estruturas mentais.
Daí a evolução no processo de construção do conhecimento, com a ampliação dos
esquemas.”[1].
Sobre
isso, elucidei no livro Culto racional:
“Isso quer dizer o seguinte: Imagine que
você tenha em sua casa uma estante de livros vazia. Em certo momento, você
ganha dez livros, de vários gêneros, e os organiza em sua estante em uma
determinada ordem. Após um tempo, você recebe mais vinte livros, de vários
gêneros. Então você vai precisar organizá-los na estante onde os dez já estão
organizados. Ou seja, você vai ter que mudar a estrutura e disposição dos
livros na estante para acomodar os outros vinte livros que acabou de ganhar.
A estante é a mente humana. Os dez
primeiros livros são as informações que recebemos em nossa mente, cuja
acomodação simboliza o fato de que elas se transformaram em conhecimento. Os
outros vinte livros que recebemos depois são as novas informações que recebemos
(assimilação), as quais precisamos organizar em nossa mente (equilibração) a
fim de que se transformem, como as informações anteriores, em conhecimento
(acomodação). Vejamos o diagrama abaixo:
Assimilação –
recebimento e fixação das informações
Equilibração majorante – exercício de organizar as informações
Acomodação –
transformação das informações em conhecimento
Estamos constantemente em equilibração majorante. Pois estamos sempre
em contato com novas informações (assimilação) e, por isso, nos esforçando para
acomodar (transformar em conhecimento) as informações que recebemos através de
nossos sentidos.”.
Tal
processo é factual. No entanto, devemos considerar a realidade de que, por
conta do pecado, nossa mente foi corrompida. E o motivo de tal corrupção foi o
recebimento de informações contrárias (a ardilosa proposta da serpente), e a
consequente acomodação, às informações anteriores estabelecidas por Deus na
mente humana através da experiência sobrenatural e sensorial (Sua vontade e
ética).
Na
esteira deste fato, o apóstolo Paulo advertiu: “Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o
conhecimento de Deus, levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a
Cristo.” (II Coríntios 10:5). Antes, portanto, descreveu a realidade a qual
estamos inseridos: “O deus deste século
cegou o entendimento dos descrentes para que não vejam a luz do Evangelho da
glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” (II Coríntios 4:4).
Questão
de causa e efeito. Para realizarmos o propósito de Deus sobre nós, que é o de
vivermos conforme a imagem e semelhança de Jesus (Romanos 8:29), devemos passar
pelo processo ao qual o apóstolo Paulo chamou de renovação de mente (Romanos 12:2). Ela, portanto, não consiste apenas
na assimilação de novas informações, mas na destruição das informações
acomodadas que rejeitam Deus e Sua soberana vontade, a qual Paulo definiu como boa, perfeita e agradável. Em suma,
destruir para construir.
Por
isso ele começou sua advertência dizendo: “Não
vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente...” (Romanos 12:2). Não há como assimilar, de forma minimamente
satisfatória, a vontade de Deus sem destruir padrões de pensamentos contrários
aos absolutos de Deus.
[1] MOLOCHENCO, Maria de Oliveira. Educação
cristã – São Paulo: Vida Nova, 2007. (Curso Vida Nova de Teologia Básica;
v. 8), p. 53.
Nenhum comentário:
Postar um comentário