Matheus Viana
Diante de tudo isto, surge a questão: Quem era o homem que lutou
com Jacó? Antes de refletirmos sobre ela, vamos contextualizá-la: Quem nós
encontramos em nossa solitude e, consequentemente, em nossa luta diária? A
visão e entendimento que temos sobre quem Deus é determinam nosso
relacionamento com Ele e também quem é o nosso verdadeiro objeto de culto. Jacó
reconheceu no homem com quem lutava a capacidade de dar-lhe a bênção. Ou seja,
o viu apenas como alguém que tinha algo a lhe dar. Desejou receber algo, não oferecer. Sua declaração foi
flagrante: “Não te deixarei ir
sem que me abençoes.” (Gênesis
32:26).
Prática comum no
evangelicalismo moderno. Vemos Deus apenas como Aquele que pode nos abençoar
resolvendo os nossos problemas, curando as enfermidades que nos assolam,
concedendo os nossos desejos... Resumindo: fazendo de nós pessoas ricas,
saudáveis e sem nenhum problema. Atributos que, para muitos, são denominados
como prosperidade. Tal visão de Deus é fruto de uma
mentalidade cegada pelo pecado da egolatria. Foi exatamente isso que o apóstolo
Paulo preconizou aos cristãos em Corinto: “Porque
o deus deste século cegou o entendimento das pessoas para não lhes resplandecer
a luz do evangelho.” (II
Coríntios 4:4).
O culto ególatra sempre
deseja receber algo. Na contramão, o culto a Deus,
que Paulo chamou de racional,
busca oferecer algo para Aquele que nos deu Seu bem
mais precioso: Jesus Cristo (Cf. Evangelho segundo João 3:16). Por isso Paulo
afirmou aos romanos: “Portanto,
irmãos, rogo-lhes que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus;
este é o vosso culto racional.” (Romanos
12:1). Não se engane! Qualquer culto diferente deste é idolatria, mesmo que
seja realizado em um templo cristão.
Em um determinado
momento, a perspectiva de Jacó mudou. Não desejou apenas as bênçãos que aquele
homem tinha poder para conceder, mas saber quem Ele era. Este é o desejo que
deve permear nossa vida. Quem, de fato, Jesus é, independente de Suas bênçãos
sobre nós. Afinal, Ele já nos concedeu a maior de todas as bênçãos: a Salvação.
Deus tinha assegurado a Moisés todas as bênçãos que alguém, em sua posição e
contexto, desejaria. Mesmo assim, Moisés não se satisfez. Rogou pela presença
de Deus dizendo: “Se não fores
conosco, não nos envies.” (Êxodo
33:15).
Desta forma, Jacó venceu
(Gênesis 32:28). Como assim? Vencer Deus? É impossível? Concordo. Mas o que
Jesus lhe disse naquele momento é que sua vitória consistiu no fato de que seu
desejo mudou. Pois quando buscamos a Deus como mero instrumento para recebermos
de Suas bênçãos, isso é sintoma de egolatria. Mas, quando desejamos de todo
coração, alma e entendimento conhece-Lo, isso é demonstração de que Ele é o
nosso objeto de culto. A perspectiva e o desejo de Jacó mudaram. Pois
reconheceu que aquele homem era uma teofania do Deus de seus pais Abraão e
Isaque. Por isso afirmou: “Vi
Deus face a face e, todavia, minha vida foi mudada.” (Gênesis 32:30).
Esta é a vitória que
Jesus deseja que alcancemos, pois foi a vitória que Ele alcançou por nós na
Cruz. Ele deseja que, todos os dias, possamos ver Sua Face através das Sagradas
Escrituras (Evangelho segundo João 5:39, 14:9) e sejamos por elas
transformados. Esta é a bênção que Ele deseja nos conceder como resultado de
nosso peniel diário.
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