quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O objeto do culto racional - Parte I



Matheus Viana

Existem três abordagens básicas que devem ser consideradas na reflexão de um tema: o que é, como e por quê. No caso do culto racional, temos as seguintes indagações: O que é culto racional? Como realizá-lo? Por que realizá-lo? Antes, contudo, observemos outra questão: Por que o nosso culto a Deus deve ser racional?
    
Deus é um Ser racional. Basta lermos a primeira sentença bíblica para deduzirmos tal fato: “No princípio, criou Deus os céus e a terra.” (Gênesis 1:1). Convenhamos, criar não é algo irracional, tampouco aleatório. Demanda raciocínio e propósito. Ninguém, em sã consciência, cria algo sem um propósito. Aliás, conforme elucida Aristóteles em seu livro Ética a Nicômaco, toda ação humana possui uma finalidade. Quando nossas ações são contrárias às nossas vontades, suas finalidades não nos agradam. Mesmo assim elas existem. Um escravo, por exemplo, praticará suas a-ções com o propósito de fazer o que o seu senhor lhe ordena, por mais que isso não lhe agrade. Por outro lado, de acordo com o filósofo, as ações oriundas de nossas escolhas possuem o propósito de alcançar um bem, que ele define como felicidade.
    
Com Deus não é diferente. O fato elucidado por Aristóteles nada mais é do que o desdobramento do ser humano ter sido criado por Deus. Ou seja, é a demonstração de que Ele criou os céus e a terra, e tudo o que neles há, com um propósito. E nele inclui-se a felicidade, pois conforme narram as Escrituras, Deus “viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom.” (Gênesis 1:31 – NVI). Este bom (tov, no hebraico), não se refere apenas à contemplação do belo, mas também a um bradar de felicidade.
    
Se Deus criou os céus e a terra e tudo o que neles há (incluindo o ser humano) com um propósito, devemos observar que tal fato evidencia o exercício de um intelecto. O físico e matemático Adauto Lourenço afirmou: “A biologia molecular nos tem mostrado como são complexas todas as formas de vida. Uma ‘simples’ bactéria ou um ser humano, todos exibem alto grau de complexidade nos seus sistemas e na informação que produz e coordena estes sistemas.”[1]. Mediante isto, chega à seguinte conclusão: “A complexidade da informação encontrada em todas as formas de vida nos faz suspeitar que ela foi planejada, ou nos faz ter certeza disso? A implicação de um design inteligente é evidente.”[2]. Até mesmo o biólogo ateu Richard Dawkins, ainda que em tom sarcástico, reconhece a complexidade da vida: “... a biologia é o estudo de coisas complicadas que dão a impressão de terem sido planejadas para um propósito.”[3]. Resta alguma dúvida de que foi?
    
O bioquímico Michael Behe, ao estudar a complexidade irredutível das moléculas, fica maravilhosamente espantado com a engenharia nelas envolvida, que o leva a declarar que somente um ser (superior à natureza) inteligente pode conceber tamanha complexidade, minuciosamente ordenada e em perfeita sincronia[4]. Sim, Deus é inteligente. E criou o ser humano à Sua imagem e semelhança, ou seja, capaz de raciocinar. Por isso indagou a Jó: “Quem deu sabedoria ao coração e entendimento à mente?” (Jó 38:36 – NVI). Convido você, neste momento, a meditar em todo o capítulo 38 do livro de Jó para que fique deslumbrado com um Deus soberano e maravilhosamente inteligente.
    
Portanto, o culto a um Deus racional, origem de toda a racionalidade existente no universo, só pode ser... racional ou, como disse Jesus, em Espírito e em verdade (Evangelho segundo João 4:24). Conforme citado anteriormente, Deus criou o ser humano munido de racionalidade. Vejamos por quê.

Continua...


[1] LOURENÇO, Adauto. Como tudo começou; Uma introdução ao criacionismo – São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 53.
[2] Ibid.
[3] Ibid.
[4] HUNT, Dave. Um apelo à razão; Criação ou evolução?; tradução de Lygia Bradnick, Carlos Osvaldo Pinto e Eros Paschini Jr. – Porto Alegre: Actual Edições, 2004. p. 33.

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