Matheus
Viana
Existem
três abordagens básicas que devem ser consideradas na reflexão de um tema: o que é, como e por quê. No caso do culto racional, temos as seguintes
indagações: O que é culto racional?
Como realizá-lo? Por que realizá-lo? Antes, contudo, observemos outra questão: Por que o nosso culto a Deus deve ser
racional?
Deus
é um Ser racional. Basta lermos a primeira sentença bíblica para deduzirmos tal
fato: “No princípio, criou Deus os céus e
a terra.” (Gênesis 1:1). Convenhamos, criar não é algo irracional, tampouco
aleatório. Demanda raciocínio e propósito. Ninguém, em sã consciência, cria
algo sem um propósito. Aliás, conforme elucida Aristóteles em seu livro Ética a Nicômaco, toda ação humana
possui uma finalidade. Quando nossas ações são contrárias às nossas vontades,
suas finalidades não nos agradam. Mesmo assim elas existem. Um escravo, por
exemplo, praticará suas a-ções com o propósito de fazer o que o seu senhor lhe
ordena, por mais que isso não lhe agrade. Por outro lado, de acordo com o filósofo,
as ações oriundas de nossas escolhas possuem o propósito de alcançar um bem,
que ele define como felicidade.
Com
Deus não é diferente. O fato elucidado por Aristóteles nada mais é do que o
desdobramento do ser humano ter sido criado por Deus. Ou seja, é a demonstração
de que Ele criou os céus e a terra, e tudo o que neles há, com um propósito. E
nele inclui-se a felicidade, pois
conforme narram as Escrituras, Deus “viu
tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom.” (Gênesis 1:31 –
NVI). Este bom (tov, no hebraico), não se refere apenas à contemplação do belo, mas
também a um bradar de felicidade.
Se
Deus criou os céus e a terra e tudo o que neles há (incluindo o ser humano) com
um propósito, devemos observar que tal fato evidencia o exercício de um
intelecto. O físico e matemático Adauto Lourenço afirmou: “A biologia molecular nos tem mostrado como são complexas todas as
formas de vida. Uma ‘simples’ bactéria ou um ser humano, todos exibem alto grau
de complexidade nos seus sistemas e na informação que produz e coordena estes
sistemas.”[1].
Mediante isto, chega à seguinte conclusão: “A
complexidade da informação encontrada em todas as formas de vida nos faz
suspeitar que ela foi planejada, ou nos faz ter certeza disso? A implicação de
um design inteligente é evidente.”[2].
Até mesmo o biólogo ateu Richard Dawkins, ainda que em tom sarcástico,
reconhece a complexidade da vida: “... a
biologia é o estudo de coisas complicadas que dão a impressão de terem sido
planejadas para um propósito.”[3].
Resta alguma dúvida de que foi?
O
bioquímico Michael Behe, ao estudar a complexidade
irredutível das moléculas, fica maravilhosamente espantado com a engenharia
nelas envolvida, que o leva a declarar que somente um ser (superior à natureza)
inteligente pode conceber tamanha complexidade, minuciosamente ordenada e em
perfeita sincronia[4].
Sim, Deus é inteligente. E criou o ser humano à Sua imagem e semelhança, ou
seja, capaz de raciocinar. Por isso indagou a Jó: “Quem deu sabedoria ao coração e entendimento à mente?” (Jó 38:36 –
NVI). Convido você, neste momento, a meditar em todo o capítulo 38 do livro de
Jó para que fique deslumbrado com um Deus soberano e maravilhosamente
inteligente.
Portanto,
o culto a um Deus racional, origem de toda a racionalidade existente no
universo, só pode ser... racional ou,
como disse Jesus, em Espírito e em
verdade (Evangelho segundo João 4:24). Conforme citado anteriormente, Deus
criou o ser humano munido de racionalidade. Vejamos por quê.
Continua...
[1] LOURENÇO, Adauto.
Como tudo começou; Uma introdução ao
criacionismo – São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007. p. 53.
[2] Ibid.
[3] Ibid.
[4] HUNT, Dave. Um apelo à razão; Criação ou evolução?;
tradução de Lygia Bradnick, Carlos Osvaldo Pinto e Eros Paschini Jr. – Porto
Alegre: Actual Edições, 2004. p. 33.
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