Matheus
Viana
As recentes ordenações de líderes homossexuais em
algumas igrejas ditas evangélicas nos EUA e o levante político em prol do
alargamento do conceito de família no Brasil são alguns dos muitos indícios
que demonstram que a humanidade está distante de Deus (Romanos 3:23, 8:19-21).
A explícita degradação moral e social que presenciamos não é algo que ocorre
apenas extra ecclesian (fora da Igreja), como o primeiro exemplo citado
sugere, pelo fato de estar presente no âmago do coração humano (Jeremias 17:9,
Evangelho segundo Marcos 7:20-23).
Assim como o mal não existe por si só, sendo
assim a ausência do bem; a corrupção passa a existir – embora
seja algo abstrato - a partir do momento em que o ser humano abandona o padrão
de normalidade estabelecido por Deus à Sua vida, também chamado de mandato
cultural. Logo, corrupção é o distanciamento da ética divina
que precisa fundamentar a humana.
Já nascemos em pecado, afastados de Deus (Salmo
51:5). Ou seja, somos corruptos por natureza (Colossenses 3:5). Por isso,
precisamos fundamentar a nossa maneira de pensar, sentir e agir na ética
divina (Evangelho segundo Marcos 12:30, II Coríntios 10:5). Foi isto que
Esdras demonstrou quando proclamou: “Guardo no meu coração as tuas palavras,
para eu não pecar contra ti.” (Salmos 119:11).
A resposta para o mundo em conflito não é nenhum
sistema político, econômico, social ou religioso, seja ele qual for. A Igreja de
Jesus Cristo é (Evangelho segundo Mateus 16:18-19). Conforme preconiza o
apóstolo Paulo, ela é “coluna e baluarte da verdade” (I Timóteo 3:16).
Outra pergunta consistente, entretanto, surge neste quesito: como ser coluna
e baluarte da verdade?
É importante salientarmos a advertência do apóstolo
Paulo aos filipenses: “para que venham a tornar-se puros e irrepreensíveis,
filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração perversa e depravada, na qual
vocês brilham como estrelas do universo”. (Filipenses 2:14). O primeiro
passo é discernimos o nosso contexto. Francis Schaeffer declara em seu livro A
morte da razão: “Para comunicar a fé cristã de modo eficiente, portanto, temos que
conhecer e entender as formas de pensamento de nossa geração.”[1]. Pois o pensamento determina o comportamento.
A humanidade age aquém da ética divina
porque sua forma de pensar, e consequentemente de sentir, foi deturpada (II
Coríntios 11:3). A questão é tratar o problema na raiz. O agir correto demanda
o pensar e o sentir corretos. Tal possibilidade, no entanto, demanda o ensino
correto. Por isso, Lucas sintetizou o ministério de Jesus dizendo, no prólogo
do livro de Atos: “... relatando as coisas que Jesus começou a fazer e
ensinar.” (Atos 1:1, ênfase acrescentada). Jesus, por Sua vez, ao falar
sobre o Espírito Santo, declarou: “Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o
Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas...”
(Evangelho segundo João 14:26, ênfase acrescentada).
Para que o Evangelho alcance o propósito que Deus
deseja é preciso, nos termos paulinos, destruir: “... argumentos e toda
pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo
pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.” (II Coríntios 10:5). Jesus
veio para destruir todas as obras do maligno (I João 3:8). A nossa parte, como
seguidores de Cristo, é observarmos a elucidação de Paulo aos coríntios. Pois
este é um dos propósitos pela qual o Espírito Santo de Deus habita em nós.
Paulo escreve ao seu discípulo Timóteo: “De
fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos. Contudo, os perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e
sendo enganados. Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das
quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu. Porque desde criança
você conhece as Sagradas Escrituras, que são capazes de torná-lo sábio para a
salvação mediante a fé em Cristo Jesus.” (II Timóteo 3:12-15).
Palavras plenamente pertinentes a nós. A
perseguição ao cristianismo, em seus diferentes níveis, é uma realidade. Não
ouso falar sobre a perseguição física. Mas quero falar do ataque que os
cristãos ocidentais têm sofrido há muito tempo.
Como professor para a faixa etária de 10 a 18 anos,
tenho visto a degradação moral como resultado de uma abordagem intelectual
anticristã. Nossos jovens são, a todo momento, bombardeados de conceitos e
valores distorcidos e conflitantes com a ética cristã através de todo tipo de
parafernália tecnológica. Diante disso, qual tem sido a nossa reação?
Ao nos depararmos com a advertência de Paulo a
Timóteo, devemos questionar, em relação aos nossos filhos e alunos: “O que eles
têm aprendido? Quais são suas convicções? De quem têm aprendido? O que conhecem
e o que não conhecem? Tal conhecimento é capaz de torná-los sábios para a
salvação?”. Não são questões retóricas, mas que anseiam pelas respostas
corretas e efetivas (Romanos 8:19).
Quais devem ser suas convicções?
Fé é algo inerente do ser humano. Não existe humano
que não a tenha. O psicólogo americano William James (1842-1910) a denomina
como hipóteses funcionais[2],
ou seja, algo em que o ser humano, necessariamente, deve acreditar para pautar
sua vida. O ateísmo, por exemplo, é uma expressão de fé, assim como toda e
qualquer adesão e devoção ideológica. Sendo assim, fé é um dos principais
alicerces da conduta humana.
Qual é, portanto, a estrutura da fé? Fé demanda um
objeto. Na medida em que o conhecemos, a fé se desenvolve em nós. Conforme diz
o escritor da carta aos hebreus, fé é a certeza das coisas que se esperam e a
convicção das coisas que não vemos (Hebreus 11:1). Não existe certeza sem
fatos, nem convicção sem verdades.
Portanto, devemos analisar, em primeiro lugar, qual
tem sido o objeto de fé de nossos filhos e alunos. Depois, quais são os fatos
que fundamentam suas certezas. E, então, quais as verdades que fundamentam suas
convicções.
Continua...
[1] SCHAEFFER, Francis. A
morte da razão, tradução de João Bentes. 2 ed. ABU Editora – São Paulo; Editora
Ultimato – Viçosa, 2014. p. 12.
[2] MCGRATH, Alister.
Surpreendido pelo sentido; ciência, fé e como
conseguimos que as coisas façam sentido; tradução de Onofre Muniz. – São Paulo:
Hagnos, 2015. p. 64.
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