Matheus Viana
Aprender, por si só, é um ato que implica em ser humilde. O
culto racional que Deus deseja de nós
também consiste em aprendermos todas as coisas que Jesus fez e ensinou
(Evangelho segundo João 14:26, Atos 1:1). Entre elas está a humildade. Não é possível exercer
cristianismo sem tal quesito. No
entanto, o que é humildade? O que é ser humilde? Na árdua tentativa de
responder tais questões, surge outra indagação: “como ser humilde?” Para
respondê-la é necessário, primeiramente, responder as duas anteriores.
Fomos
formados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26-27, 2:7). Atributos que
não se referem ao âmbito físico, mas ético. Há de considerar, todavia, que o
termo ético não se resume ao conjunto de leis e normas, mas refere-se
à plenitude do propósito que levou Deus a nos criar: pensarmos, sentirmos e
agirmos de acordo com Sua soberana vontade. Por isso, fomos feitos de acordo
com um modelo: Jesus.
Sobre
isso, o apóstolo Paulo diz: “Jesus é a
imagem do Deus invisível.” (Colossenses 1:15) em consonância com o apóstolo
João: “Aquele que é a Palavra tornou-se
carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do
Pai, cheio de graça e verdade.” (Evangelho segundo João 1:14). Jesus Se
encarnou para ser o modelo de ser humano que Deus deseja que sejamos. É isso
que Paulo quis dizer quando afirmou aos romanos: “Aos que de antemão os escolheu, também os predestinou para serem
conformes à imagem de Seu filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos.” (Romanos 8:29).
Por
que digo tudo isto? Para evidenciar o fato de que Jesus é o modelo soberano de humanidade
e, consequentemente, também de humildade.
Portanto, para respondermos as questões citadas anteriormente, é necessário
analisarmos a humildade exercida por
Jesus Cristo. Paulo elucida sobre ela em sua carta aos filipenses:
“Nada façam por
ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros
superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente de seus interesses, mas
também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo
Jesus, que, embora sendo Deus não considerou que o ser igual a Deus era algo a
qual devia apegar-se; mas esvaziou a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se
semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si
mesmo, e foi obediente até a morte, e morte de cruz.” (Filipenses
2:3-8).
Antes,
porém, de entrarmos nos pormenores desta detalhada narrativa, reflitamos sobre
as palavras do próprio Jesus: “...
aprendei de mim que sou manso e humilde de coração...” (Evangelho segundo
Mateus 11:29). Vemos aqui que a humildade
de Jesus é precedida pela mansidão.
As perguntas feitas no início deste texto são pertinentes também neste momento:
O que é mansidão? O que é ser manso?
Como ser manso?
Mansidão
é obediência. Ser manso é ser obediente. Somos mansos obedecendo. Jesus, em
tudo, foi obediente ao Pai. Tal atributo foi uma das características de Sua
identidade: “... a própria obra que o Pai
me deu para concluir, e que estou realizando, testemunha que o Pai me enviou.”
(Evangelho segundo João 5:39). Sua mansidão (obediência) constante testificava
de que era o Messias.
Não
era, portanto, uma obediência forçada, mas plena submissão que foi produto de
Seu desejo de Se submeter. A mansidão de Jesus era de coração pelo fato de ser
Deus. Ele é o Logos divino, ou seja, o
Verbo; a Palavra resultante da razão divina que trouxe o universo à existência
(Evangelho segundo João 1:1-3). Para melhor compreensão deste tema, leia o texto O caráter de Logos divino. Ele planejou o soberano propósito, mas também o
executou. Foi, portanto, o supremo objeto e, ao mesmo tempo, colaborador de tal
propósito. Ele foi o “cordeiro que tira o
pecado do mundo.” (Evangelho segundo João 1:29) por ser “o cordeiro morto antes da fundação do
mundo.” (Apocalipse 13:8). Resumindo: foi a causa e o efeito. Também
por isso é chamado de Alfa e Ômega (Apocalipse 1:8).
Mansidão é obediência
proveniente do amor a quem obedecemos. Foi esta a mansidão a qual Jesus
advertiu Seus discípulos a dEle aprenderem. Mediante tal fato, preconizou: “Quem tem os meus mandamentos e lhes
obedece, esse é o que me ama.” (Evangelho segundo João 14:21). O exercício
da mansidão resulta, por sua vez, em humildade. Conforme vimos, a humildade que
Jesus nos ensinou é a que foi descrita por Paulo em sua carta aos filipenses.
Em tal descrição vemos a contrapartida de alguns atributos que acometem o ser
humano por conta de sua natureza caída.
Continua...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA essência da humildade resultante do evangelho não é pensar em mim mesmo como se eu fosse mais, nem pensar em mim mesmo como se eu fosse menos; é pensar menos em mim mesmo.
ResponderExcluirTim Keller, Ego Transformado, pág 34.