segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O alicerce do renovo

Matheus Viana

Temos necessidade do renovo de Deus sobre as nossas vidas. Jesus ensinou a seguinte oração: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Evangelho segundo Mateus 6:11). Clamor que reflete nossas necessidades natural (alimento para o corpo) e espiritual (a ação do Espírito Santo em nós e o entendimento de Sua Palavra). Jesus disse que é o pão vivo que desceu do céu (Evangelho segundo João 6:51) ao fazer alusão sobre o suprimento do maná aos hebreus no deserto. Mas Jesus subiu aos céus e enviou o Espírito para continuar em nós, e através de nós, Sua obra (João 14:26, Mateus 28:19). Assim como o maná era renovado diariamente – exceto no sábado, o dia do descanso – (Êxodo 16:4), o Espírito Santo se renova sobre nós (II Coríntios 3:18) a fim de completar Sua obra até atingirmos a estatura do varão perfeito (Efésios 4:11) e refletirmos Sua imagem (Romanos 8:29).

No entanto, este renovo está sujeito a um padrão imutável. O apóstolo Paulo diz que este renovo, que se refere ao fato de sermos edificados como edifício de Deus, que se refere à Igreja Gloriosa de Efésios 5:27, está alicerçado “no fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus como a Pedra Angular” (Efésios 2:20-21).

Infelizmente temos visto que esta necessidade de renovo tem levado boa parte da Igreja e se sujeitar há vários movimentos. A advertência do apóstolo Paulo aos efésios: “O propósito é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para outro pelas ondas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela astúcia e esperteza de homens que induzem ao erro” (Efésios 4:14), neste contexto, torna-se bastante atual.

Há os que dizem ter recebido de Deus a incumbência de restaurar o ministério apostólico, por exemplo. Contudo, ignoram o fato de que os apóstolos foram levantados por Deus, através de Jesus, como base da Igreja, assim como os profetas do Antigo Testamento que profetizaram até o advento da vinda de Cristo.

Conforme relatei no texto Os cristãos e os absolutos de Deus: “A maneira de ser, pensar e agir de um cristão deve estar pautada nos absolutos de Deus. Veja que Paulo se refere aos apóstolos, que continuaram a difundir o legado de Cristo, aos profetas, que se referem à Lei dada por Deus ao Seu povo através de Moisés e às promessas que apontavam para a vinda de Jesus, o Deus que se fez homem (Evangelho segundo João 1:14, Colossenses 1:15) contidas no Antigo Testamento. E, claro, todos esses fundamentos convergem no próprio Jesus que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Evangelho segundo João 14:6).

Ou seja, os profetas nos deram o Antigo Testamento e os apóstolos, com exceção de Marcos, Lucas, Tiago e Judas, nos deram o Novo Testamento. Ambos convergem em Cristo, a Pedra Angular, o supremo alicerce aos quais somos edificados. E Jesus é o mesmo ontem, hoje e será eternamente (Hebreus 13:8). Não há, portanto, lugar para reforma ou restauração no sentido de acrescentar algo a ele, como a renovação apostólica vigente, entre outros, pretende. A própria Reforma Protestante do Século XVI proclamou o retorno a este Alicerce ao bradar Sola Scriptura.

Mas há muitos outros movimentos que, ao analisarmos, encontramos muitos princípios e conceitos conflitantes com as Escrituras. O que faz surgirem, em contrapartida, movimentos que se colocam como vanguardistas da fé e se portam como se fossem os únicos defensores e portadores da Igreja Gloriosa. Sim, a apologética faz parte do exercício do cristianismo. O apóstolo Pedro exorta: “Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.”. O apóstolo Paulo, ao dialogar com estóicos e epicureus, faz apologia sobre a fé no Deus Único, Criador dos céus e da terra (Atos 17:22-30). Contudo, é preciso saber que não há ninguém que tenha pleno conhecimento da verdade. Uma coisa é saber que a Verdade existe e quem ela é. Outra bem diferente é conhecê-la plenamente. A obra do Espírito que, conforme Jesus advertiu, nos guia à Verdade e ao conhecimento dela, é paulatina (Evangelho segundo João 16:13). Por isso, não somos independentes. Mas precisamos uns dos outros como membros diferentes de um único corpo (I Coríntios 12:12-30).

Resumindo: o renovo do Espírito possui um fundamento imutável. Não há lugar para neo-doutrinas, tampouco para restaurações ministeriais que foram estabelecidas por Deus na História da Igreja em tempos e propósitos específicos. Uma das causas principais para o surgimento de movimentos assim é a necessidade de renovo. Todavia, esta necessidade, dada pelo próprio Deus ao ser humano, não pode acrescentar algo a este alicerce ou “restaurar” algo que já está concluído. Nossa função é examinarmos as Escrituras (o Maná espiritual de Deus a nós) a fim de conhecermos a Verdade, sermos por ela transformados para nos tornarmos agentes de transformação (Evangelho segundo João 5:39) e praticá-la (Tiago 1:22). O desejo por exercemos tal função continuamente é que precisa ser renovado a cada dia.

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