Felipe Ramos*
Na noite de segunda-feira
(05/08/2013) os seminaristas do Curso Ministerial do Instituto Metodista
Renovada de Ensino Teológico apresentaram interessantes palestras sobre as
diversas vertentes cristãs que se desenvolveram ao longo destes dois mil anos
de Cristianismo.
Sínteses foram apresentadas acerca do
Catolicismo Romano, Reforma Protestante, Metodismo, dentre outros temas. Além
disso, algumas importantes tendências teológicas foram explanadas pelos
seminaristas, como Liberalismo Teológico, Fundamentalismo Teológico e
Pentecostalismo.
Havia alguns objetivos a serem
alcançados nesta noite: a) consolidar a seriedade do IMRET e capacidade de
aprendizado proporcionada ao aluno dedicado; b) estimular os seminaristas a
buscar um aprofundamento do tema de seu trabalho; c) provocar nos convidados
presentes curiosidade e interesse em conhecer mais sobre os temas discutidos.
Possivelmente todos os propósitos foram alcançados e, sem dúvida, este foi o
primeiro de muitos eventos deste porte que virão.
A Igreja Metodista Renovada já possui
um histórico de organização de palestras, debates e seminários que contribuem
para a edificação dos cristãos. Esses eventos não só dão base de fé sólida para
seus membros como também os capacitam para a missão de evangelizar por meio do
discipulado consistente. O Chá Teológico objetivou seguir a linha de formação
de liderança que possui a igreja liderada pelo respeitado Bispo Inaldo Barreto.
A “História da Igreja” é uma
disciplina estimulante na qual constatamos que o Cristianismo não nasceu ontem,
muito menos na fundação de nossa denominação. Não. O Cristianismo é a história
do povo de Deus que por dois mil anos tem testemunhado sua fé. Estudar a
História da Igreja não é tão simples como pode parecer, afinal o entendimento
teológico vai se formando ao longo do tempo; as práticas de fé, de culto e de
evangelização vão se diversificando com o passar dos anos. Além disso, heresias
e desvios de ensinamento sempre estiveram perturbando a tranquilidade da
Igreja, assim como ensinamentos que levaram a certos abusos dentro do corpo de
fieis.
Estudar História da Igreja também nos
dá identidade, como foi dito pelo pastor Luiz Henrique. É lícito que tenhamos
sempre vivo à memória o testemunho de fé daqueles que nos precederam e lutaram
o bom combate, seja com seus livros, seu cuidado com as ovelhas, sua apologia
da fé, suas missões e evangelizações, suas exortações e, por fim, com suas
próprias vidas.
Contudo, há aqueles que criticam a
utilização de rótulos e o apego à uma tradição teológica específica alegando que
isso não passaria de “doutrina de homens”. Muitos desses, pensando estar
vivendo um cristianismo “puro”, acabam por ter uma identidade velada e
desconhecida por si próprios. Ou seja, há um lugar e época de origem na
História da Igreja onde determinada doutrina e/ou prática surgiu. Dessa forma,
os que não concordam com a adesão a alguma identidade teológica são os que mais
possuem apegos teológicos e, pior, não sabem de onde surgiram e nem o porquê de
existirem outros cristãos que vivem a fé de maneira diferente da que vivem.
Além disso, essas pessoas geralmente possuem teologia ruim e infrutífera – é o
prêmio recebido por ignorar tão importante estudo.
Portanto, tendo em mente o que foi
dito acima, São Paulo nos alertou: “Quero dizer com isto, que cada
um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo” (I
Coríntios 1:12 em diante). Há
sempre o risco de existir divisão entre os cristãos por diferentes posições e
tendências teológicas. O versículo acima mostra a constatação do apóstolo Paulo
sobre este acontecimento na igreja de Corinto. Devemos ter cuidado para não
causar divisão desnecessária, por questões teológicas secundárias. Mas o
versículo nos mostra mais um perigo que reside no outro extremo, qual seja, de
se achar seguidor “apenas de Cristo”, não tendo nenhuma autoridade acima de si
mesmo, a não ser Cristo.
Este erro é típico dos “desigrejados”
que, não sendo subordinados a nenhuma autoridade espiritual terrena e não sendo
filiado a nenhuma congregação específica (portanto não participando plenamente
do corpo de Cristo), se dizem “seguidores de Cristo” – e o que passar disto é
“doutrina de homens”. Os tais também tiveram uma repreensão por parte do
apóstolo. Ele reconhece que a autoridade máxima e absoluta é Cristo, mas que
essa autoridade passa pela Igreja; e a Igreja não está morta, não é estática,
ela continuamente está se desenvolvendo ao longo da história.
O estudo da História da Igreja nos
faz conhecer os pais da fé, os reformadores da fé, os avivalistas da fé, enfim,
os heróis da fé; ignorar a importância da História da Igreja é jogar o legado
de homens de Deus no lixo, como se estivéssemos dizendo que a fé que possuímos
hoje não passou pela vida dos cristãos do passado, pelas penas dos cristãos do
passado, pelas lutas dos cristãos do passado; como se estivéssemos dizendo “sou
apenas de Cristo”, não preciso de mais ninguém.
Concluo, portanto, fazendo um convite
aos estimados leitores: o de levarem em conta o estudo teológico (que é vivo e
produz frutos) para crescimento pessoal e edificação da Igreja de Cristo, da
sua congregação, dos seus liderados e discípulos. A História da Igreja
proporciona estas bênçãos para aqueles que a ela se dedicam. O IMRET, com a sua
boa grade curricular, está pronto para preparar teologicamente cristãos para
enfrentar os desafios de nossa época – afinal, a História da Igreja ainda está
sendo escrita com nossas vidas e é mister que estejamos preparados para toda
obra, armados com o pleno conhecimento da Verdade.
*Felipe Ramos é professor de Filosofia, Sociologia e Informática
no IAVEC (Instituto Avançado Vida de Ensino Cristã) e de História da Igreja da
turma ministerial no Seminário Teológico IMRET.
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