O amor ao dinheiro
e seus efeitos colaterais
Matheus
Viana
Capital
ou simplesmente dinheiro. Assunto que aborda as quatro esferas fundamentais de
uma sociedade: espiritual, moral, política e social. Jesus falou acerca dele
sob estas quatro perspectivas.
Espiritual
quando disse: “Ninguém pode servir a dois
senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e odiará a outro.
Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.” (Evangelho segundo Mateus
6:24).
Moral
quando, em resposta ao seu discípulo Judas que, segundo a Bíblia, propôs; “Por que este perfume não foi vendido e o
dinheiro dado aos pobres? Seriam trezentos denários. Ele não falou isso por se
interessar pelos pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de
dinheiro, costumava a tirar o que nela era colocado”. (Evangelho segundo
João 12:6), disse: “Deixa-a em paz; que o
guarde para o dia do meu sepultamento. Pois os pobres vocês sempre terão
consigo, mas a mim vocês nem sempre terão”. (Evangelho segundo João 12:7).
Politica
quando respondeu ao ser interrogado pelos fariseus no tocante ao pagamento do
imposto ao império romano “... dêem a
César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (Evangelho segundo Lucas
20:26).
E
social quando aconselha o jovem rico que lhe indagara sobre como receber a vida
eterna “... Venda tudo o que você possui
e dê o dinheiro aos pobres”. (Evangelho segundo Lucas 18:21).
Há
muitas literaturas e ensinos sobre finanças. Contudo, a esmagadora maioria não
aborda estes aspectos. Nos Evangelhos, vemos que Jesus elucida o ensino sobre
dinheiro na ordem citada acima. Por quê? O apóstolo Paulo, anos mais tarde,
exorta seu discípulo Timóteo: “Porque o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. (I Timóteo 6:10). Tal
afirmação possui sua base nos ensinamentos de Jesus.
Seu
primeiro ensinamento foi sobre o fato de servirmos ao dinheiro. No entanto, não
abordou somente o prestar serviço, mas o ser devoto a ele. Na contramão da
filosofia que rechaça qualquer atributo de caráter metafísico disseminada por
Nietzche e que ecoa na mente de ateus, toda devoção, ainda que seja a algo
natural, tem sua origem na esfera espiritual.
A
primeira afirmação de Jesus proferida em seu sermão da montanha foi: “Bem-aventurado os pobres de espírito, porque
deles é o Reino dos céus”. (Evangelho segundo Mateus 5:3). Esta era uma
confirmação de sua missão revelada por Ele quando pregava em uma sinagoga na
cidade de Nazaré: “O Espírito do Senhor é
sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres...”. (Evangelho
segundo Lucas 4:18). Que, na verdade, era o cumprimento da profecia decretada pelo
profeta Isaías (Isaías 61:1).
Muito
mais do que o reconhecimento de nossa miserabilidade em relação à soberania
divina, Jesus queria nos ensinar sobre quem realmente é alvo de Seu reino: os
pobres de espírito. A pobreza espiritual é o epicentro da pobreza humana em
todos os outros aspectos. E esta, consiste em, além de sermos pobres,
permanecermos nela sem reconhecê-la e, com isso, rejeitando a intervenção
divina que nos foi oferecida.
A
partir do momento que o nosso espírito é corrompido, uma reação em cadeia
acontece. Nossa moral é deteriorada (Jeremias 17:9), corrompendo a política e
comprometendo toda a sociedade (Isaías 60:2).
Para
compreendermos o ciclo da degradação humana, usaremos como exemplo a saga de
Judas. O drama vivido por ele que culminou em seu suicídio começou no fato de
não observar o primeiro mandamento de Jesus: o de não servir ao dinheiro.
Judas
era um dos doze discípulos mais próximos de Jesus. Acompanhou de perto os
ensinamentos, os milagres e todo o desdobramento do ministério do Mestre. Mesmo
assim não deixou de ser submisso ao seu extremo apego ao dinheiro. A narrativa
bíblica é clara quando descreve sua personalidade: um ladrão que, responsável
pelas finanças de Jesus, tirava para si o que era arrecadado.
O
fator preponderante que resultou na depreciação moral de Judas foi sua miséria
espiritual em não reconhecer Jesus, o filho de Deus a quem seguia, como Senhor da
sua vida acima do materialismo que nutria em sua alma.
Esta
mesma inobservância foi o epicentro da crise econômica deflagrada em 2008 e que
deixou sérios resquícios os quais temos convivido. A Europa que o diga. Não foi
apenas um mero colapso do sistema capitalista, mas a pobreza espiritual
instalada no coração do homem que o faz ser dependente e absurdamente devoto ao
capital.
Sim,
o sistema econômico mundial vigente prega e dissemina a filosofia do capital
como centro de todas as coisas. Logicamente, não serei incoerente em ignorar o
fato de ele ser necessário para o sustento e suprimento de nossas necessidades,
além de um importante agente de desenvolvimento em todas as quatro esferas aqui
analisadas. Contudo, ele não pode, de maneira nenhuma, reger nossas vidas. Todavia,
tem sido exatamente ele o soberano regente da sociedade pós-moderna.
Todo
o descalabro causado pelo dinheiro é oriundo da nossa devoção a ele. No
entanto, devemos evitar os dois extremos: um que o coloca como supremo objeto
de culto e outro que o demoniza. Estes dois pólos - o capitalismo e o marxismo
– estão em constante confronto. Mas, exatamente na dicotomia existente entre
eles, há o iminente estabelecimento do Reino dos Céus.
Somos
cientes dos males causados pelo capitalismo extremo ou qualquer outro
comportamento, sistema econômico ou regime político que atribua ao dinheiro um
valor absurdamente acima de tudo e todos. Contudo, usando este artifício de
maneira ardilosa e sob o preceito de extinguir o hiato entre a burguesia e o
proletariado, Karl Marx, o criador do regime político mais genocida do planeta,
articulou mecanismos que visam dilacerar a moralidade de toda uma sociedade.
Seu propósito? Que ela seja sucumbida e dominada pelo motim chamado de ‘movimento
revolucionário’ que, gradativamente, tem corroborado para a degradação a qual
somos reféns.
Publicado anteriormente na edição 001 de Profecia
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