A paz que Jesus
veio estabelecer, como extensão de Seu caráter, é diferente – divergente, em
muitos casos – da que conhecemos em nosso senso comum. Ela não será estabelecida
enquanto as obras do ‘deus deste século’ cegar o entendimento das pessoas (II
Coríntios 4:4).
Matheus
Viana
“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles
serão chamados filhos de Deus.” (Evangelho segundo Mateus 5:9).
Viver
o Cristianismo consiste em exercer a paz. O escritor da carta aos hebreus
preconiza: “Segui a paz com todos e a
santificação sem a qual ninguém verá o Senhor”. (Hebreus 12:14). Isso se dá
pelo fato de ‘paz’ ser um dos atributos fundamentais do caráter de Jesus, o
Cristo. Isaías, acerca dEle, profetizou: “Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o governo está sobre os seus
ombros e o seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz.” (Isaías 9:6).
Contudo,
a paz que Jesus veio estabelecer sobre a terra, como extensão de Seu caráter, é
diferente – divergente, em muitos casos – da que conhecemos em nosso senso
comum. O próprio Jesus orienta: “Minha
paz vos dou, não como o mundo a dá”. (Evangelho segundo João 14:27). O que
cria em nós a necessidade de conhecermos a plenitude desta paz. Para isto,
utilizemos o método socrático.
Qual
a Logos (razão) da paz? Conforme
vimos no texto ‘A
verdadeira escada do êxito’, Sócrates formulava questões em busca da
conceituação completa do objeto de seu pensamento. Pois, para ele, este conceito
só seria formado quando descobrisse o propósito e o processo de existência e do
funcionamento de tal objeto.
É
interessante o fato de o apóstolo João conceituar Jesus como a Logos de Deus quando diz: “No princípio era a Palavra, a Palavra
estava com Deus e era Deus.” (Evangelho segundo João 1:1). Em algumas
traduções, a expressão usada no lugar de ‘Palavra’ é ‘Verbo’.
Mas
a expressão Logos – que aparece no
original grego -, conforme o senso comum, não se refere apenas à palavra
escrita. João usou esta expressão em virtude da influência que o significado
que Sócrates aplicou a ela exercia. Ou seja, Logos é a Palavra viva que gerou a existência de todas as coisas,
conforme narrado em Gênesis 1. A Palavra de Deus que executa a ação criadora em
virtude do poder que é liberado (Evangelho segundo João 6:63). Podemos então
afirmar que Jesus, a Logos de Deus, é
a Palavra que gera uma ação criadora ou restauradora (verbo) em virtude do
poder liberado para um propósito (razão), oriundo de uma consciência, definido.
Logos, portanto, é constituída de
ação, poder e razão.
O
apóstolo Paulo diz que “Porque dele, por
ele, e para ele são todas as coisas.” (Romanos 11:36). Jesus é a ação, o
poder e a razão de Deus aos homens. Por isso nossa fé nEle, além de considerar
os preceitos ação (atitude) e poder (ação do Espírito Santo), não pode ser
desprovida de razão.
Jesus,
conforme Ele mesmo afirmou, não veio trazer paz, mas espada (Evangelho segundo
Mateus 10:34). Intento paradoxal? Positivo se o seu conceito de paz estiver sob
a perspectiva humana. Negativo se estiver sob a perspectiva divina. O apóstolo
João revela o intento da encarnação de Jesus: “Para isto se manifestou o filho de Deus, para destruir as obras do
maligno”. (I João 3:8). A plenitude de Sua obra depende disto. Foi
exatamente o que Ele fez ao suportar e vencer a cruz ao ponto de bradar: “Está consumado!” (Evangelho segundo João
19:30). Não há salvação sem destruição do pecado e de sua consequente maldição.
Não há nova vida sem a destruição da velha (II Coríntios 5:17).
Este
é o sentido empregado no texto da carta aos hebreus: “Segui a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá o
Senhor”. Não há paz sem santificação. E não há santificação – triunfo da
vontade de Deus sobre a humana – sem destruição do pecado, chamado pelo
apóstolo Paulo de “obras da carne”. E este só pode ser destruído por meio da
cruz. Por isso, Jesus ordena: “Aquele que
quiser me seguir, negue-se a si mesmo, tome cada um a sua cruz e siga-me”.
(Evangelho segundo Mateus 16:24). Resumindo: não há paz sem cruz.
Fomos chamados para sermos
pacificadores. Fato que consiste em destruirmos as obras do maligno. Não é
possível ter paz com Deus vivendo uma vida de pecado. Assim como não é possível
a paz entre dois cônjuges quando um deles vive em adultério. A paz de Cristo
não será estabelecida na terra (Evangelho segundo Mateus 6:10) enquanto as
obras do “deus deste século” cegar o
entendimento das pessoas (II Coríntios 4:4). É preciso destruí-las. Esta é a
ardente expectativa da criação (Romanos 8:19). Isso mesmo! A manifestação dos
filhos de Deus que, conforme Jesus afirmou em Seu sermão da montanha, são estes
‘pacificadores’.
Muito boa explicação Matheus.....
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