sexta-feira, 13 de julho de 2012

Miserável homem que sou


É intrigante a afirmação “... o que faço não é o bem que desejo. Mas o mal que não quero, esse eu faço.” (Romanos 7:19 – Nova Versão Internacional). Vemos aqui duas premissas distintas, porém coesas: desejo e ação. Note que Paulo fala da capacidade humana de desejar sem, contudo, ocultar a incapacidade de agir segundo o desejo.

Matheus Viana

Miserável homem que sou! Constatação feita por um dos mais importantes personagens do Novo Testamento bíblico. Ninguém mais, ninguém menos do que o apóstolo Paulo.

Faço uso deste diagnóstico e o aplico a mim. Afirmo sem pestanejar: sou mais miserável do que ele. Toda a carta de Paulo aos romanos é fantástica. Mas o capítulo 7 merece atenção especial. Nele, Paulo elucida sobre a luta que enfrentamos contra o pecado que habita em nossa carne (Romanos 7:18).

É intrigante a afirmação “... o que faço não é o bem que desejo. Mas o mal que não quero, esse eu faço.” (Romanos 7:19 – Nova Versão Internacional). Vemos aqui duas premissas distintas, porém coesas: desejo e ação. Note que Paulo fala da capacidade humana de desejar sem, contudo, ocultar a incapacidade de agir segundo o desejo.

É possível que tenhamos, no íntimo de nosso ser, prazer na vontade de Deus de modo a desejarmos cumpri-la (Romanos 7:22). No entanto, por conta de nossa natureza pecaminosa (Colossenses 3:5), não somos capazes de realizá-la por nós mesmos. Não é só o nosso íntimo (alma) que, conforme Paulo afirma, pode desejar realizar a vontade de Deus. Com a nossa mente (intelecto), podemos ser servos dela (Romanos 7:25). Contudo, a carne (físico) sempre nos fará escravos do pecado.

Qual a implicação prática de tudo isso? Que a nossa carne deve ser sujeita, a fim de que nossas ações sejam por ela determinada, por uma psique (alma/mente) submissa à vontade de Deus. É por isso que o Paulo adverte: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Romanos 12:1).

Portanto, o processo de santificação – que testifica o exercício do Cristianismo genuíno – implica em sentir o que Jesus sente (Filipenses 2:5) e pensar segundo Ele (I Coríntios 2:16). Isso é evangelismo! Seremos propagadores (evangelistas) na medida em que primeiramente formos alvos. Caso contrário, a mensagem (Evangelho) disseminada não será genuína. O que comprometerá o crescimento do Cristianismo – no tocante ao caráter – e o consequente estabelecimento do Reino de Deus sobre a terra.

Mediante tudo isso, devemos compreender algo chamado ‘epistemologia’, que é a teoria do conhecimento, sobre Deus, sobre nós e sobre o mundo em que vivemos. Platão, em seu método de pensamento, dividiu o conhecimento em duas partes: doxa (opinião) e epísteme (científico). 

O conhecimento com que Deus deseja ser conhecido por nós, e também o que precisamos obter, não é mera opinião (doxa) sobre quem Ele é. Mas o conhecimento (epísteme) de Sua personalidade e essência. O qual obteremos na medida em que O adorarmos (relacionamento) em Espírito e em verdade (Evangelho segundo João 4:24). Ou seja, quando permitirmos que o Espírito Santo, através das Escrituras (O Evangelho de Jesus Cristo), transforme a nossa alma e mente. A mudança radical de atitude (carne) será inevitável.

Sobre Deus, precisamos observar a ordem de Jesus: “Examinais as escrituras, pois elas de mim testificam”. (Evangelho segundo João 5:39). Sim, o conhecimento de Deus é algo, sobretudo, espiritual. Mas, conforme Jesus afirmou, o Espírito Santo nos lembrará de Seus ensinamentos (Evangelho segundo João 14:26). Um processo que se origina no Espírito e alcança o nosso intelecto. Sobre o homem, há várias ciências para este fim: a biologia (físico), a antropologia (espécie), a psicologia (alma/mente) e a filosofia (razão de ser e de existir). No entanto, todas elas são vagas sem o conhecimento primário de quem Deus é. Pois fomos formados à Sua imagem e conforme a Sua semelhança.

Assim, na medida em que descobrimos quem Deus é, descobrimos, consequentemente, quem somos. Se Deus é santo, somos santos (I Pedro 1:15). Não pelos nossos esforços, mas por Sua graça manifesta através da cruz (Romanos 5:8) e reverberada por Sua Palavra – através do Espírito – em nossa alma e mente, de modo que nossa carne não seja mais escrava do pecado, mas serva da vontade (santidade) de Deus.

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