Quando recebemos a Jesus, um
processo de restauração se inicia. Mas a ‘gravidade’ quer, a todo custo,
impedi-lo. Por isso, lutar contra ela, com uma postura plenamente cristã, é
determinante.
Matheus
Viana
“A gravidade está me puxando, mas o
céu está me chamando”.
Martin Smith, ex-vocalista do 'Delirious?'.
Este refrão
da canção Gravity, do extinto grupo
musical britânico ‘Delirious?’ (Álbum
- Mezzamorphis, 1999), retrata de forma precisa o drama humano. Na medida em que nossa mente é renovada, de
modo a vivermos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (Romanos 12:2), ele
se intensifica.
Mas em que
este drama consiste? No conflito entre as vontades de Deus e a humana, a qual o
apóstolo Paulo nomeia de ‘obras da carne’. Conforme preconiza o apóstolo
Tiago, “cada um é tentado por sua própria
cobiça”. (Tiago 1:14). Tentado a quê? A pecar. Ou seja, errar o alvo
proposto por Deus ao ser humano desde a eternidade.
Tiago
continua o trecho de sua carta dizendo que o pecado, uma vez concebido, gera a
morte (thanatos) que se refere ao distanciamento do homem para com Deus. É
neste mote que o apóstolo Paulo preconiza que estávamos mortos em nossos
delitos e pecados (Efésios 2:1). Gravidade. O mundo está dominado por ela. Não apenas
no campo da física, mas também no da razão. Falaremos sobre isto em outra
oportunidade.
Em meu corpo,
acometido por uma severa deformidade óssea, opera uma espécie de gravidade. O
processo de deformação não cessou. Por isso, me posiciono – com minhas posturas
corporais - contra a gravidade que tenta deformar ainda mais o meu corpo. Neste
embate, a dor que sinto em alguns momentos beira o insuportável. O absurdo
desconforto é inevitável.
Mas
confesso que há situações em que, como forma de aplacar a dor, acabo sucumbindo à
deformação de modo a me conformar com ela. A gravidade vence. No entanto,
quando me lembro dos malefícios que ela comete em meu corpo, me disponho a sentir
dor e me posicionar contrário a ela.
A ‘gravidade’
chamada pecado, oriunda da vontade humana que preteriu a vontade de Deus,
deformou o ser humano fazendo-o perder a imagem do Criador com a qual fora
formado. Quando recebemos a Jesus e, consequentemente, o Espírito Santo
(Evangelho segundo João 1:12), um processo de restauração se inicia. Mas a ‘gravidade’
quer, a todo custo, impedi-lo. Por isso, lutar contra ela, com uma postura
plenamente cristã, é determinante.
Se submeter
à vontade de Deus causa dor em nossa carne. Negar este fato é negar o
Cristianismo. Não é a toa que o próprio Jesus declarou: “Aquele que quiser me seguir, negue-se a si mesmo, tome cada um a sua
cruz e siga-me”. (Evangelho segundo Mateus 16:24).
Cruz. Lugar
de vitória. Mas também de dor, de sofrimento e de renúncia. Sem ela não podemos
segui-Lo. Sim, Jesus realizou a obra magna e absoluta que nenhum ser humano foi
ou será capaz de realizar. Seu sacrifício redentor é insubstituível. Somos
justificados e salvos pela Graça (I João 4:10). Mas a Graça de Deus sobre nós
tem um elemento crucial: cruz. E, conforme Jesus ordenou: “tome cada um a sua cruz”.
Esta ‘cruz’
nada mais é do que a plena submissão à vontade de Deus. A cruz que Jesus tomou
sobre si, além de estar predestinada desde a eternidade (Apocalipse 13:8), foi produto
da oração - e ação - de renúncia feita por Ele: “Pai, se possível, afaste de mim este cálice. Mas não seja conforme
quero, mas como tu queres”. (Evangelho segundo Mateus 26:39).
Jesus, como
homem, enfrentou de perto esta ‘gravidade’. Viveu o drama humano e não sucumbiu
em nenhum momento (I Pedro 1:22, Hebreus 4:15). Por isso tem toda a autoridade
de interceder por nós (Romanos 8:34, Hebreus 7:25). Embora a essência de Jesus
fosse santa, por ser gerado pelo Espírito Santo, como homem estava suscetível à
‘gravidade’ da vontade humana de desejar e cometer pecados. A Bíblia é clara em
dizer que Ele foi tentado em todas as coisas. Mas não deixou que a ‘gravidade’
exercesse poder sobre Sua vida. Sofreu toda a dor, e muito mais, que um ser
humano pode sentir.
Se Jesus pôde vencer a ‘gravidade’,
nós também, pela ação do Espírito Santo (Romanos 8:14), podemos. Em tudo
somos mais do que vencedores por meio daquele que nos amou (Romanos 8:37). Portanto, vencer
a ‘gravidade’ é produto deste amor inexplicável.
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