Jesus manifestou a
excelência de Deus da maneira mais simples possível. Renunciou toda Sua glória
e Se tornou semelhante aos homens (Filipenses 2:6-7). Não tinha sequer um lugar
onde reclinar a cabeça (Evangelho segundo Mateus 8:20).
Matheus
Viana
Jesus
é a imagem do Deus invisível (Colossenses 1:15). É a encarnação da excelência
de Deus (Evangelho segundo João 1:14). Interessante a expressão que João
utiliza em seu relato: “vimos a sua
glória, glória como a do unigênito do Pai”.
A expressão grega que aparece no texto é dózan, que se refere ao brilho ou majestade de algo ou alguém, como por exemplo, o sol. Contudo, para registrar tal descrição, ainda que tenha usado o termo grego, o autor utilizou os conceitos judaicos de Glória divina. Há duas expressões no hebraico traduzidas como glória no português: shekinah e kabod. Shekinah traz a ideia de resplendor, de brilho; e kabod a de peso, majestade, autoridade. Sintetizando-os, podemos definir parte da excelência que Deus é em essência e que Jesus manifestou conforme o relato de João.
Excelência.
Tema atualmente em voga. Explorado à exaustão com um caráter pavimentado pelo
mote da teologia da prosperidade que preconiza, grosso modo, que o cristão
enfermo ou pobre está em pecado ou não exerce fé suficiente para ser próspero.
Ou seja, excelência, segundo esta vertente, consiste em ser abastado – sobretudo economicamente – e saudável
fisicamente.
Mas,
na contramão, Jesus manifestou a excelência de Deus da maneira mais simples
possível. Renunciou toda Sua glória e Se tornou semelhante aos homens
(Filipenses 2:6-8). Não tinha sequer um lugar onde reclinar a cabeça (Evangelho
segundo Mateus 8:20). Nasceu em uma manjedoura. Isso mesmo! Seu primeiro quarto
foi o de um animal. Não nasceu em um grande centro. Nasceu em uma pequena
cidade chamada Belém, e viveu numa menor ainda chamada Nazaré da Galiléia.
Até
os 30 anos, idade em que um judeu era considerado cidadão e que Jesus iniciou
Seu ministério, trabalhou como carpinteiro. Ofício nada nobre. Há indícios e
teorias sobre a nobreza das roupas que Jesus usava por serem vestes
sacerdotais. Fato que reforça esta tese é o dos soldados romanos terem tirado
sorte por elas (Evangelho segundo Mateus 27:35). Mas as Escrituras não fornecem detalhes precisos sobre esta
nobreza.
Concluindo,
nos fatores físico e social, Jesus foi uma pessoa comum. Sua simplicidade
incomodou a cúpula religiosa de Sua época. E mais, ela impediu, de certa forma,
Seu povo de crer que era o Messias prometido. “Como pode ser o filho de um carpinteiro o Messias que há de vir?”.
(Conf. Evangelho segundo Lucas 4:22). Esta simplicidade também foi Seu
passaporte para a cruz. Pois, um dos motivos de ser preterido em detrimento de
Barrabás foi a “blasfêmia” de se dizer o Filho de Deus sendo um sujeito tão
comum. (Não deixe de conferir o texto 'A cruz da personalidade').
Jesus
manifestou a excelência de Deus, “a
glória como a do unigênito do pai”, em palavras e atitudes. Ou seja,
através de Seu ‘fazer e ensinar’. Ao ouvirem Jesus, duas opções surgiam: ficarem maravilhados com tamanha sabedoria, ou se tornarem
oposição por serem confrontados com Suas verdades penetrantes, contundentes e
inquestionáveis. A veracidade de Seu discurso era Sua conduta. O testemunho
irrepreensível as testificava (Evangelho segundo Mateus 7:28-29).
A
ardente expectativa da criação que, conforme o apóstolo Paulo afirma, aguarda a
manifestação dos filhos de Deus (Romanos 8:19), não anseia pela abordagem de
pessoas ostentadoras e triunfalistas – conotações magnas de ‘prosperidade’ e ‘excelência’,
respectivamente. Mas por pessoas íntegras. Dispostas a renunciar aquilo que
têm – ainda que seja pouco – para ajudar ao próximo.
Essa era a ‘excelência’
vivida pelos cristãos primitivos. E não havia como ser diferente. Pois eles não
seguiam “teologias” humanas, pautadas no conceito humanista de autoajuda. Mas
perseveravam na doutrina dos apóstolos (Atos 2:42) que, por sua vez, seguiam a
excelência do “unigênito do Pai”. Daquele
que foi simplesmente excelente.
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