Mesmo
confessando Jesus como Cristo com os lábios, muitos têm sua cosmovisão guiada
pela “luz” do materialismo histórico/dialético, onde toda a realidade é pautada
por uma guerra de classes entre opressores
e oprimidos. Nela, os oprimidos têm
permissão para se rebelarem, num movimento internacional chamado de revolucionário, contra os opressores,
que são todos aqueles que exercem algum tipo de autoridade ou meramente discordam
dos ideais preconizados pelo referido movimento.
Além
disso, o ser humano não tem valor em si mesmo, mas é visto apenas como produto de
suas ações e das circunstâncias e mudanças sociais. Em seu estado avançado, a
etapa do globalismo, os pertencentes
a este movimento passam a ser os opressores, mas agem como se ainda fossem os
oprimidos para a manutenção da estratégia revolucionária visando o alcance de
seu pleno êxito. Eis o fundamento moral e intelectual de “cristãos” que apoiam
pautas como o feminismo, a ideologia de gênero, o aborto, entre outras do referido movimento.
Outros
são pautados pelo materialismo do naturalismo científico, produto do
racionalismo que extrai Deus do universo e, consequentemente, da realidade que
permeia o ser humano. Há também os que são levados pelo fluxo da onda
pós-moderna, cujo existencialismo propõe o culto aos impulsos e sentimentos,
castrando desta forma o bom senso e, de quebra, a ética de Deus sobre o homem.
Qualquer
luz que não tenha Jesus Cristo como fonte é, na verdade, trevas, conforme o
próprio Jesus afirmou: “Portanto, se a
luz (fos) que está dentro de você são
trevas, quão grandes trevas são!” (Evangelho segundo Mateus 6:23). Jesus,
porém, afirmou que se os nossos olhos forem bons, representando neste contexto
uma cosmovisão - e, por conseguinte, uma ética - fundamentada Nele, todo o
nosso corpo (nossa vida de forma completa) será bom. Tal advertência evoca o seguinte
salmo: “Tu, SENHOR, manténs acesa a minha
lâmpada; o meu Deus transforma em luz as minhas trevas” (Salmo 18:28).
Assim,
há lugares específicos para serem iluminados. Quem traz consigo uma candeia, conforme Jesus ensinou, não a coloca
debaixo da uma vasilha ou de uma cama. Mas em um lugar apropriado. A questão
que surge, de súbito, é: Onde colocar nossa candeia? O primeiro lugar que a Luz
de Cristo precisa iluminar é a nossa mente. O apóstolo Paulo elucidou aos
coríntios: “Porque o deus deste século
cegou o entendimento das pessoas para não lhes resplandecer a luz do Evangelho
de Cristo, que é a Glória de Deus.” (II Coríntios 4:4). O texto grego diz “noémata ton apiston”, que é
literalmente traduzido como entendimento
dos incrédulos. A expressão traduzida como luz é fotismon, que é
derivada de fos/fotós.
O
resultado de se ter o entendimento (noémata,
por se derivar dos termos nous/noia)
absorto em trevas, por estar distante de Deus, é incredulidade (apiston, que é derivada de pistis - fé). E ela, mesmo sendo efeito,
também é a causa de a luz/imagem (fotismon)
de Cristo (Ele próprio), que é a Glória de Deus (João 1:14, 14:9), não ser
refletida em nosso entendimento e, consequentemente, em nossa vida de forma
completa. Por isso o salmista declarou: “Lâmpada
para os meus pés e luz para os meus caminhos é a Sua Palavra.” (Salmo
119:105). Lâmpada e luz. Uma lâmpada que não possui luz não ilumina. Logo, não
tem serventia. Por isso o apóstolo Paulo advertiu: “Não apagueis o Espírito Santo.” (I Ts 5:19). Advertência óbvia
ignorada por muitos cristãos.
Entendimento.
Eis o fulcro da cegueira humana. Sobre isso, o apóstolo Paulo elucidou: “O que receio, e quero evitar, é que assim
como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se
desvie de sua pura e sincera devoção a Cristo” (II Coríntios 11:3). A
expressão traduzida como mente (ou entendimento, conforme outras traduções
em português), neste trecho, também é
noémata. Com o pecado original, a
mente humana foi obscurecida, pois deixou de receber a luz da ética divina,
fruto da comunhão com o próprio Deus, e foi cegada pelas trevas do engodo da
serpente que lhe propôs uma utópica autonomia em relação ao Criador. A proposta
se repete e está em franca disseminação.
O
apóstolo João escreveu em sua primeira carta: “Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz;
nele não há treva nenhuma. Se afirmamos que temos comunhão com Ele, mas andamos
nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andamos na luz,
como Ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus,
Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (I João 1:6-7).
A
afirmação traduzida como “Deus é luz” é,
no texto grego, ó Theos fos. No
início do Evangelho de Jesus Cristo que escreveu, o apóstolo João afirmou: “Nele estava a vida, e esta era a luz dos
homens” (Evangelho segundo João 1:4). O texto grego diz: “en auto zoé én kai én to fos ton antropos”,
cuja tradução, próxima do literal, é: “era
a própria vida e a vida era a luz (fos) dos
homens”. Jesus é a zoé (vida no
sentido pleno), e esta é a luz (fos/fotós)
dos homens. Quando a vida de Deus, que também é luz, está em nós, refletimos,
através de nós, a Sua luz/imagem (fos/fotós).
Foi neste princípio que Deus criou o homem à Sua imagem (Gênesis 1:26-27).
Não
há como sermos candeias sem estarmos
ligados, de todo coração, alma, intelecto e forças ao Evangelho de Cristo. Pois
Jesus Cristo, A Luz do mundo, é refletido (revelado) através das Escrituras
(Evangelho segundo João 5:39).
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