Matheus Viana
Obs: não deixe de ler a Parte I
Em
primeiro lugar, existimos pela Graça de Deus, que Paulo chama de superabundante (Romanos 5:20). O
cristianismo - bem como o culto racional
que dele emana - começa com o fato de que, por sermos miseravelmente pecadores
(Salmos 51:5, Romanos 5:12), fomos alcançados e salvos pela Graça e
Misericórdia de Deus (Efésios 2:8-9). Sendo assim, nossa cidadania/política deve ser alicerçada neste ato. Devemos agir de
maneira digna do Evangelho de Cristo não para sermos salvos, mas porque somos
salvos. Portanto, não há mérito nenhum nisso.
A
liberdade individual que o ideário de direita pleiteia é, em uma de suas variantes, desprovida de autoridade. Logo, não
é liberdade. Conforme Montesquieu preconizou: “O homem é livre para fazer o que
a lei o permite fazer”. Trata-se, como alguns mesmos afirmam, de libertarianismo. Nesta proposta não há
nenhum elemento regulador. Qualquer tentativa de regulação que não seja o
próprio exercício desta libertinagem é considerada como intervencionismo. Não podemos deixar de observar, contudo, a
proposta ditatorial existente por trás da intervenção do Estado
comunossocialista.
A
liberdade que o cristão deve viver, por sua vez, é pautada na autoridade de um padrão ético.
Por isso Jesus afirmou: “Conhecereis a verdade, e a verdade os libertará.”
(Evangelho segundo João 8:32). Não há liberdade desprovida da Verdade, que é o próprio Cristo
(Evangelho segundo João 14:6). Ser livre em Cristo é estar livre do domínio do
pecado e de tudo que nos impede de realizar a vontade de Deus a nós sobre a
terra a fim de que Seu nome seja glorificado e Seu Reino estabelecido
(Evangelho segundo Mateus 16:18). Qualquer liberdade que não esteja nela pavimentada
é escravidão ególatra.
O
apóstolo Paulo advertiu: “Irmãos, vocês
foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à
vontade da carne; ao contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor.”
(Gálatas 5:3). O apóstolo Pedro reiterou: “Vivam
como pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal;
vivam como servos de Deus.” (I Pedro 2:16). E não podemos deixar de falar
do individualismo monetário. Este ponto merece uma reflexão a parte que faremos
em outro momento.
Já
a esquerda... Seus prosélitos
confundem justiça social com igualdade social, comunidade com comunismo,
coletividade com coletivismo e individualidade
com individualismo. Desconsideram o
princípio de propriedade privada dado por Deus, atrelado à Sua mordomia, do exercício político do ser
humano. Querem acabar com ela sob o pretexto de ser a causadora da desigualdade
social e de todas as mazelas do mundo. O resultado é automático: agigantamento
do Estado e a miséria da população a ele submetida. Cuba e Venezuela são
exemplos. No marxismo, em suas diversas vertentes, além da religião ser
considerada o ópio do povo, o pecado
não é considerado. Culpa é algo que o ideário de esquerda não acalenta. Pois a culpa é sempre do sistema opressor. Mas
quem é o opressor? Todo aquele que o contraria.
Quando
Marx elaborou tal teoria, a burguesia
(que classificou, em sua dialética materialista/histórico, como classe
opressora do proletariado) era vista como a infraestrutura do Estado. A
superestrutura era a Igreja cristã, ou melhor, o
cristianismo. Assim, para acabar com as mazelas sociais vistas em seu tempo,
Marx propôs, através do levante popular violento, que ele mesmo chamou de holocausto revolucionário, acabar com o
cristianismo e fazer sucumbir a Igreja. Seria um efeito cascata. Ruindo a
Igreja e a moral judaico-cristã, representada pelo cristianismo, não haveria mais pilar de sustentação do Estado, resultando na dissolução
da ordem política e econômica da burguesia. Instalado o caos, estaria preparado
o terreno para o estabelecimento da revolução comunista.
Qualquer
semelhança com a atualidade não é mera coincidência. Não é em vão que a legislação,
a educação e a cultura estatais atuais são frontal e claramente anticristãs.
Atualmente, a revolução não se dá através do levante popular violento, como queria
Marx. Mas através dos meios sociais, conforme propôs os representantes da
escola de Frankfurt; através dos meios culturais, institucionais e políticos, conforme propôs Antonio
Gramsci; através da educação pedagógica, conforme propôs Lev Vygotski, John Dewey e Jean
Piaget; e através dos meios econômicos, conforme preconizou Lênin e Keynes.
Muito bom Matheus.
ResponderExcluirUma pergunta:
Tendo em vista que o padrão apresentado pela escritura não faz sentido para um marxista ou libertário (pois não foram regenerados) como trabalhar isso em um estado Laico?
Não me refiro ao papel do cristão, mas sim o cenário politíco.
Não sei se fui claro. rs
Abs mano
Levi
Levi, boa tarde. Agora que eu vi sua pergunta. Um cristão, em um Estado laico - que é diferente de Estado ateu - deve trabalhar com o conceito de teonomia. Não o conceito comumente usado, que nada mais é do que uma abordagem teocrática. Me refiro a teonomia sendo o fazer e ensinar de Cristo, pois Ele é o pleno cumprimento da Lei (Mt 5:17, Rm 10:4). O Evangelho, por natureza, é teonomico. Quando entendemos que nossas ações sobre a terra em que vivemos, o que é chamado de cultura, são na verdade um culto que prestamos a Deus, nossa conduta cristã será reconhecida pela sociedade em que vivemos. Falarei mais sobre isso no domingo lá no NPC.
ExcluirRefiro-me, claro, também a abordagem cristã no espectro político.
ResponderExcluirShow, temos que gravar isso e quem sabe marcarmos num futuro próximo um fórum sobre isso.
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