Matheus Viana
“O sentido das Escrituras só pode ser esclarecido
pela interpretação autorizada do Magistério da Igreja”.
Foi com esta afirmação que o padre Paulo Ricardo
abriu seu artigo Uma resposta católica a uma polêmica protestante,
publicada em seu blog em 26 de maio de 2015.
Ele tentou refutar um dos conceitos fundamentais da Reforma Protestante: Sola
Scriptura. Não obteve êxito. Explico por quê. O Magistério da Igreja
ao qual se refere tem seu fundamento na autoridade do papa – que ele chama de Romano
pontífice, a personificação da autoridade exercida pela Igreja - no tocante
a interpretação das Escrituras.
Basta conhecer um pouco de História da Igreja para
ter contato com a verdade de que a maioria dos pontífices romanos após a nomeação de Bonifácio III no ano de 607 como Papa, na
formulação de bulas e encíclicas, simplesmente ignorou as Escrituras e,
consequentemente, a ortodoxia cristã.
A ortodoxia cristã considerada por este
Magistério é, por si mesma, conflitante com a doutrina dos apóstolos (Atos
2:42). Pois ela se fundamenta na supremacia papal e no colegiado que ele
preside. Mas a própria autoridade do Papa é contrária às Escrituras.
Para maiores detalhes, recomendo a leitura dos livros O papado e o dogma de
Maria, de Hernandes Dias Lopes e Heresia, uma história de luta pela
verdade de Allister McGrath.
Vejamos o que afirmou o padre:
Os protestantes — assim como muitos católicos que
se deixam levar por aquela famosa pergunta: "Onde está na Bíblia?" —
precisam aprender que a Bíblia não caiu do céu. 300 anos antes da definição do
Cânon, já existia uma única Igreja — católica
apostólica romana, para deixar claro — governada por bispos, sob a
autoridade do Romano Pontífice. Já existia um Magistério antes mesmo que
Constantino soubesse soletrar Roma. E é precisamente desse Magistério, cuja
autoridade os protestantes adoram tomar para si, que podemos haurir a
veracidade do Antigo e do Novo Testamento (cf. 1 Tm 3,15). Negá-lo
equivale a negar as próprias Escrituras.
Esta igreja católica apostólica romana – o
nome já é contraditório, pois se a Igreja é católica (universal), não
pode ser romana - também não caiu do céu. Longe disso. A Igreja teve
origem em Jerusalém, no glorioso evento do Pentecostes (Atos 2:1-40), três
séculos antes. Fato que foi o cumprimento da profecia do Senhor Jesus a Pedro
(Ev. Segundo Mateus 16:16-18). E aqui já se faz necessária a correção de um
equívoco encontrado na tradição romana: quem é, de fato, o alicerce da Igreja.
Pedro, ao contrário do que a tradição romana
afirma, não é a pedra fundamental da Igreja. Jesus é. Não sou em quem digo,
tampouco outro cristão protestante no caráter de intriga da oposição, mas
os próprios apóstolos (Cf. Atos 4:11-12, Efésios 2:20-22, I Pedro 2:6-8). O
termo grego usado no trecho do Ev. Segundo Mateus 16:16-18, traduzido para
Pedro é petrus, que significa pequena pedra. Já o termo traduzido
como pedra na sentença “e nesta pedra edificarei a minha igreja (eklesia)”
é petra. Jesus é a rocha, a pedra angular. E isso o
próprio Pedro, o “suposto primeiro papa”, afirmou.
Uma pergunta, no entanto, surge neste quesito: Como
Pedro, afirmando que Jesus é a Pedra Angular da Igreja, concordou em ser o
primeiro Papa e tomar para si – como substituto (vigário) - a autoridade
que pertence somente ao Senhor Jesus (Cf. Ev. Segundo Mateus 28:18-19, Atos
2:36)? A resposta está clara em toda a Escritura: Ele não concordou com tal
acinte. Ele foi, isso sim, um dos líderes da Igreja em Jerusalém juntamente com
Tiago. Em Roma, liderou, juntamente com Paulo, a Igreja local.
Contudo, a Igreja que deve ser considerada como
base canônica não é Roma, mas Jerusalém. Jesus, por Sua vez, não quis que Jerusalém fosse uma
espécie de “Santa Sé”. Por isso disse aos apóstolos, o genuíno Magistério
cristão: “E sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Judeia, em Samaria e
até os confins da terra.” (Atos 1:8). Sua Igreja não nasceu
para ser uma instituição corporativa munida de uma matriz, mas a Comunidade
cristã.
Não era formada por cargos que constituíssem uma
hierarquia de poder clerical, mas uma organização composta de funções
diferentes a fim de que funcionasse como o Corpo de Cristo na Terra,
conforme elucidou o apóstolo Paulo em I Coríntios 12. Jerusalém, embora tenha
sido a primeira cidade a contar com esta Comunidade, não era considerada
a Santa Sé – segundo o caráter aplicado pelo catolicismo romano -, mas o ponto de
partida para a evangelização de todo o mundo (Ev. Segundo Marcos 16:15-16).
Usar os sérios equívocos que existem no seio de
muitas denominações protestantes para reiterar a autoridade do catolicismo
romano é um artifício falacioso. Sou protestante, mas denuncio os erros
doutrinários e as heresias que deles emanam. Se você é um dos poucos que
acompanham este blog, sabe disso. Um fato não anula outro. Os erros
doutrinários cometidos pelos protestantes não anulam os equívocos criados pelo “Magistério
da Igreja” citado pelo padre como adoração à Maria, culto de imagens, o papel do Papa como substituto de Cristo na liderança da Igreja entre outras...
Em suma, o padre tem razão em dizer que a Bíblia
deve ser interpretada levando em consideração o Magistério da Igreja.
Mas este Magistério é formado pelos apóstolos de Cristo e por seus
sucessores, chamados de pais da Igreja, que permaneceram na ortodoxia
elucidada pelo apóstolo Paulo aos cristãos em Éfeso: “No fundamento dos
apóstolos e dos profetas, tendo Jesus como a Pedra Angular.” (Efésios
2:21). O que os pré-reformadores e reformadores fizeram foi restaurar a devoção a esta ortodoxia e, por conseguinte, o lugar
de primazia que as Sagradas Escrituras, por serem o Legado do próprio Cristo,
ocupa no Cristianismo. Reforma é diferente de revolta. Diferença
que alguns católicos – e também protestantes – não sabem discernir.
Jesus disse que devemos examinar as Escrituras,
pois dEle testificam (Ev. Segundo João 5:39). Era a estas Escrituras (Tanakh, o
Antigo Testamento hebraico) que os apóstolos da Igreja se basearam para compor
o Novo Testamento. Seus sucessores, por sua vez, se basearam na doutrina
apostólica. Veja, por exemplo, o que diz um documento histórico da Igreja,
chamado Didake, produzido no começo do século II por um autor
desconhecido:
E vigia para que ninguém te afaste desta doutrina;
do contrário, serás considerado sem disciplina. Se, com cuidado, fizeres estas
coisas, estarás próximo do Deus vivo; se não o fizeres, estarás longe da
verdade. Põe todas estas coisas em teu espírito e não perderás a tua esperança;
ao invés, por estes santos combates, chegarás à coroa. Por Jesus Cristo, o
Senhor que reina e é Senhor com Deus Pai e o Espírito Santo, por todos os
séculos dos séculos. Amém.[1]
Coisa que o Magistério que o padre - ao qual
respeito e considero, principalmente pela oposição que tem realizado à
doutrinação anticristã que se alastra no Brasil - se refere não faz. Pelo
contrário, usou, ao longo da história, de uma autoridade conflitante com as
Escrituras para formular uma ortodoxia que atenda os interesses da
instituição romana, e não os do Reino de Cristo. Tenho muitos argumentos que
comprovam tais fatos. Mas meu tempo e a sua paciência não permitem. Creio que
este pequeno apanhado é, por hora, suficiente.
Sola Scriptura. Solus Christus. Soli Deo Glória.
[1] BERTHOLD,
Altaner/ALFRED, Stuiber. Patrologia. – São Paulo.
Ed. Paulinas, 2004. p. 89/91.
kkkkk Nem se eu fosse PROTESTANTE (que Deus me livre) eu confiaria nesse texto... Vcs estão querendo enganar quem??? Protestantismo e achismo são sinônimos... até meu filho de 05 anos refuta um protestante!!!
ResponderExcluir"...Basta conhecer um pouco de História da Igreja..." kkkkkk se tem uma coisa que protestante não sabe é de história... a não ser aquelas estorinhas inventada pelo próprio protestantismo... O mais engraçado é os protestantes quer saber de Igreja Católica mais do que a própria Igreja Católica!!!!kkkkkk
Isso sim é uma piada!!!
marcelo, o problema do magisterio da igreja catolica e que de tempos em tempos o espirito santo revela ao papa doutrinas novas qeu nao estao na biblia nem na tradiçao oral,entao a cada seculo Deus revela uma doutrina nova? o Deus da igreja catolica e esquizofenico? entao a igreja catolica nao tem doutrina definida....
Excluirkkkkk Nem se eu fosse PROTESTANTE (que Deus me livre) eu confiaria nesse texto... Vcs estão querendo enganar quem??? Protestantismo e achismo são sinônimos... até meu filho de 05 anos refuta um protestante!!!
ResponderExcluir"...Basta conhecer um pouco de História da Igreja..." kkkkkk se tem uma coisa que protestante não sabe é de história... a não ser aquelas estorinhas inventada pelo próprio protestantismo... O mais engraçado é os protestantes quer saber de Igreja Católica mais do que a própria Igreja Católica!!!!kkkkkk
Isso sim é uma piada!!!
"Protestantismo e achismo são sinônimos". Sua afirmação já possui, de cara, um equívoco epistemológico grave. O que é protestantismo pra você. Não me diga que é apenas o movimento luterano. Pois esta é a ideia que os católicos, em sua maioria, possuem. Ignoram os pré-reformadores como Savoranola, Wycliff, e Hus...
Excluir"kkkkkk se tem uma coisa que protestante não sabe é de história... a não ser aquelas estorinhas inventada pelo próprio protestantismo... O mais engraçado é os protestantes quer saber de Igreja Católica mais do que a própria Igreja Católica!!!!kkkkkk".
ExcluirQuanta ignorância! Ser Católica é ser universal. O próprio nome Igreja Católica Apostólica Romana já é, além de contraditória em si mesma, um acinte. Sua afirmação já demonstra um sério desconhecimento semântico do termo. Você até tem direito de refutar o texto, mas dê o mínimo de argumentação coerente. Suas refutações não passaram de bizarrices apaixonadas. "Meu filho refuta um protestante". A tentativa de baixar o nível de debate já demonstra o nível do opositor. Fico no aguardo de refutações. Pois ainda não vi nenhuma. Por enquanto foi apenas blá, blá, blá. Quando a conversa for entre dois opositores de verdade, a gente conversa. Passar bem.
Caso queira, desafio você a conversar (sério, sem bizarrices como a que você cometeu) sobre qualquer assunto relacionado à História da Igreja: surgimento do cristianismo, movimento apostólico, patrologia, patrística, surgimento da ICAR, escolástica, renascimento, inquisições, cruzadas, reforma protestante (que não é apenas Lutero, viu). Caso não consiga, você pode chamar seu filho de 5 anos.