Matheus
Viana
Um disparate. Ouço,
fartamente, sobre pessoas que usam as Sagradas Escrituras para justificar seus
pecados. Confesso que não sei sé é apenas exegese ruim ou picaretagem pura e
simples. Por isso, Jesus nos adverte a não julgarmos (Evangelho segundo Mateus
7:1-2). Simultaneamente, vejo Nick Vujicic, com todas suas limitações, dando
testemunho e pregando o Evangelho de Cristo. Como
isso pode ser possível?
A Bíblia diz que há coisas que estão além de nossa capacidade
de compreensão (Deuteronômio 29:29). Tomás de Aquino, com toda sua destreza
intelectual, também reconheceu tal fato. Como que pessoas que fisicamente têm
condições de viver para o Reino de Deus preferem moldar o Evangelho aos seus
próprios prazeres? A carência de renúncia e de obediência a Deus é tão latente
que elas não apenas desobedecem, mas buscam moldar a vontade de Deus,
que é boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2), às suas.
Por outro lado, Vujicic, que – pelo menos do ponto de vista humano - tem várias razões para profanar o nome de Deus, rompe o limite da vergonha e muitos, muitos outros limites, para proclamar, não apenas com palavras, mas com a própria vida, a Glória de Cristo. O que causa tamanha discrepância?
A resposta é... Graça. Vujicic a reconheceu. Ele sabe que não pode nada por ele mesmo. Nada. Paulo reconheceu isso após, por três vezes, orar para Deus lhe tirar o que ele chamou de “espinho na carne”. Apesar de todas suas proezas, diante do “mensageiro de Satanás” que o esbofeteava e lhe colocava em um intenso quadro de degradação, afirmava: “Quando sou fraco, ai que sou forte”.
O interessante é que Paulo descobriu isso, além do “esbofeteador de Satanás”, após ouvir a verdade inquestionável da parte de Deus: “Minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na sua fraqueza.” (II Coríntios 12:9). Não há veredicto após uma experiência neste nível diferente deste: “Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim”. (II Coríntios 12:10).
Renúncia é o maior sinal de fraqueza. Pois vontade é a uma das forças vitais do homem. Não me refiro apenas ao desejo, mas à força que o move a realiza-lo. Toda realização conta com a vontade de alguém. Não é a toa que Schopenhauer dizia que o ser humano é, em essência, vontade de viver. Por isso, Jesus adverte aos verdadeiros discípulos: “Aquele que quiser me seguir, negue-se a si mesmo, toma a tua cruz e siga-me.” (Evangelho segundo Mateus 16:24). Pegando carona no pensamento de Schopenhauer, renunciar nossa vontade é renunciar a nossa força, a nossa vida, tudo que temos e o que somos.
Por isso, Paulo não tinha mais o que perder e dizia: “para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho.” (Filipenses 1:21-22). Creio que Vujicic também. Vendo-o pregar com tanta Graça – literalmente – e felicidade o Evangelho, tenho a impressão de que ele, como Paulo, também não tem mais nada a perder. O lamento, a lamúria e outras coisas nocivas que podem brotar em seu coração por conta de seu físico anormal não têm sentido. Ele vive para Cristo e.
Confesso que, mesmo deficiente, estou longe desta
realidade. Como ainda percebo a força da minha vontade (desejo de pecar e viver
para mim mesmo) lutando contra a vontade de Deus que é fruto de Sua Graça. Faço
coro à afirmação de Paulo: “Miserável homem que sou.” (Romanos 7:24).
Veja vídeo de testemunho de Vujicic na íntegra clicando aqui.
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