sábado, 13 de abril de 2013

Ponto de partida


Muitas são as questões a serem respondidas. O motivo é simples: a dúvida é o fator motriz da existência humana e, por conseguinte, de tudo que está relacionado a ela. Esta dúvida está pautada na própria existência humana.

Matheus Viana

Qual tem sido a nossa reação diante de tantos erros e injustiças existentes no mundo? O que é certo ou errado? O que é justo ou injusto? Qual o padrão de normalidade que fundamenta e determina tais definições? Qual a origem deste padrão? O que é normalidade? Qual a razão de sua existência? Ela existe? Qual sua origem?

Muitas são as questões a serem respondidas. O motivo é simples: a dúvida é o fator motriz da existência humana e, por conseguinte, de tudo que está relacionado a ela. Esta dúvida está pautada na própria existência humana. Explico.

Na tentativa de respondê-la, para a partir de então tentar responder todas as outras questões que surgem consequentemente, alguns afirmam que a resposta é o acaso. Não houve um tempo preciso – mesmo o “tempo” de Planck é inconclusivo. Não houve um propósito. Não houve um padrão pré-estabelecido. Uma explosão acidental chamada “Big Bang” aconteceu, de acordo com alguns, e dela surgiu o universo, as galáxias, os planetas e toda a natureza, incluindo os seres humanos.

Mas como? Qual foi o processo? A teoria evolucionista é pura especulação. A explicação fenomenológica é insatisfatória e inconclusiva. O processo evolutivo, como o próprio nome diz, explica a “evolução” da espécie humana, mas de maneira nenhuma sua origem. Se somos oriundos de uma explosão cósmica espontânea, onde se encaixam as Leis da termodinâmica (todos os processos naturais estão sujeitos às leis naturais, e estas leis não surgem de forma espontânea) e da Biogênese (vida gera vida), por exemplo?

Se o Big Bang de fato existiu, a origem humana, como afirmam os evolucionistas, foi produto da colisão entre matéria e energia, e não de vida capaz de gerar um ser vivo, conforme preconiza a Biogênese. Deve-se considerar também o caráter idealista que fundamenta esta teoria: o ateísmo. O que compromete o caráter científico.

Refletir apenas no contexto científico na tentativa de encontrar respostas satisfatórias para as questões existentes é se submeter a um reducionismo. O cientificismo (ou naturalismo) tenta, mas o insucesso é notório. O ser humano não pode ser analisado apenas sob o prisma científico (com todos seus desdobramentos e ramificações). O motivo é porque sua origem também não pode.

Ainda que o cérebro comande as ações humanas (dos pontos de vista cognitivo e motor), tal fato não anula o de termos uma alma. Platão, que dizia que o ser humano é governado pela razão, - que para ele é representada pelo cérebro – em sua teoria dicotômica “consciência/corpo”, preconizou que o ser humano também era munido dos sentimentos de coragem (região do peito/tórax) e de desejo (região do baixo ventre). Uma tentativa de descrever a integralidade humana.

A psiquiatria, juntamente com a psicologia, com vasta contribuição da psicanálise, não faz distinção, ao conceituar a alma, entre sentimento e intelecto. Na teoria “somática”, a alma é completamente ligada ao corpo. Sendo assim, a neurociência, por exemplo, não é capaz, por si só, de responder todas as questões sobre a existência humana.


O primeiro passo é procurarmos responder de forma satisfatória, sem reducionismos ou especulações, as questões sobre a origem e propósito de nossa existência. Pretensão demasiada? Claro que é. Talvez não alcancemos tamanha pretensão. Mas a tentativa, feita de forma ampla, nos leva para mais próximo dela. Por que não ousar?

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