Matheus
Viana
O
sábio Salomão advertiu: “Meu filho, guarde
consigo a sensatez e o equilíbrio, nunca os perca de vista”. (Provérbios
3:21 – Nova Versão Internacional). Equilíbrio e sensatez. Embora sejam alvos de
todo ser humano em condição salutar, suas carências em nós têm descaracterizado,
consequentemente, a Igreja de Jesus. A tentativa de alcançá-los é a causa dos
extremos.
Na
busca pela santidade, muitos se tornam legalistas. Mas a nova onda da “liberdade
em Cristo”, em muitas nuances, produz o extremo da libertinagem. Esta “modalidade
da fé” preconiza que a Graça e o amor de Deus – demonstrados de forma radical
na Cruz do Calvário –, apesar de alcançarem o pecador em seu estado deplorável,
não confrontam seus pecados e não exigem dele mudanças de mente e de
comportamento. Ou seja, arrependimento.
Ignoram
o fato de que Jesus, contrariando a lógica, exercia sua santidade radical com
equilíbrio e sensatez. Embora estabeleceu misericórdia e não fez distinção entre
santos e pecadores, como homem tocou o ponto fulcral das pessoas com as quais se
deparou de modo que se arrependessem e abandonassem suas más condutas. Veja,
por exemplo, os episódios da mulher samaritana (Evangelho segundo João 4:16-18)
e da mulher pega em flagrante adultério (Evangelho segundo João 8:11).
Existem os tradicionais que impedem a renovação do Espírito Santo. Na contramão,
estão os que buscam abandonar as “tradições da religiosidade frívola” e acabam
caindo na insensatez de criar, conforme o apóstolo Paulo elucida, “ventos de doutrinas” (Efésios 4:14) e
são, como barcos a vela, guiados por eles.
Uma
espécie de numerologia “bíblica” adquire caráter profético. Patuás e adereços
tornam-se utensílios e objetos de fé. A lista é longa: rosa ungida, vassoura do
descarrego, pulseira da aliança, arca da prosperidade, cajado de Moisés...
Rudimentos que a Cruz de Cristo substituiu e os anulou por completo. O discurso
de Lutero contra a “sacralidade” das relíquias da Igreja no Século XVI é atual
e encontra pouso, pasmem, no meio protestante.
Diante
de tudo isso, questionemos e reflitamos: Por que este descalabro? Por que a
Igreja se tornou tão descaracterizada? Paulo sintetizou suas características: “... gloriosa, sem mácula nem ruga, santa e
inculpável”. (Efésios 5:27). Gloriosa:
que reflete o caráter de Jesus, a plena personificação da Glória de Deus aos
homens (Evangelho segundo João 1:14, Colossenses 1:15).
Sem mácula: sem pecado,
imaculada. Que ama o pecador, mas que dissemina e viabiliza a ele o
arrependimento genuíno (Evangelho segundo Mateus 3:8). Sem ruga: renovada pela ação do Espírito Santo, mas sem abandonar
os princípios imutáveis das Escrituras. Invenções e entretenimentos humanos,
oriundos de interpretações bíblicas equivocadas, cujo intento é o alcance de
objetivos pessoais, devem ser descartados.
Santa: separada das
coisas do mundo – sistema de ser, pensar e agir – que o apóstolo Paulo orientou a não nos conformarmos (Romanos 12:2), observando a oração sacerdotal de Jesus
de que não sejamos tirados dele (Evangelho segundo João 17:15) a fim de sermos
sal e luz (Evangelho segundo Mateus 5:13-14).
Inculpável: fundamentada na
Graça de Deus que nos justifica (Romanos 8:1) e nos santifica. Que possui e
nutre a consciência de que apenas Ela – que abarca nossa resposta a Ela (Leia
os textos: A
prática da Graça e Ações
de Graças) – é que fará com que se conforme às
características salientadas explicitamente nas Escrituras. Seu alicerce é Jesus
(Efésios 2:21) - Verdade óbvia, porém esquecida. E não a busca pelo sucesso
em sua conotação secular. Jesus disse: “E
nesta pedra, eu edificarei a minha igreja...”. (Evangelho segundo Mateus
16:18). Pedro, neste contexto, simboliza o fato de que somos meros adendos.
Pequenas pedras colocadas sobre a Rocha principal. Portanto, sigamos o Seu
modelo, não o nosso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário