Matheus
Viana
“Jesus, porém,
ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim os doentes.” (Evangelho segundo
Mateus 9:12).
Afirmação
um tanto óbvia. Mas, acredite: ela também é alvo de relativização. Explico. O
fato de um indivíduo crer e servir a Deus, desde o advento do iluminismo, é
considerado uma espécie de patologia intelectual ou emocional. Sigmund Freud,
embora não escondesse sua admiração pelo apóstolo Paulo, classificava toda
experiência religiosa – como a que Paulo tivera a caminho de Damasco (representada na imagem acima) – como “psicose
alucinógena”.
Este
mesmo diagnóstico é considerado, ainda hoje, por psicanalistas. Intrigante.
Pois são muitos os casos de infratores da lei que foram “vítimas de psicose
alucinógena” e deixaram de cometer crimes, fazendo as pazes com a justiça. São
muitos os casos de maridos agressores que, após “sofrerem” desta “psicose”,
tornaram-se verdadeiros cavalheiros para com suas respectivas esposas. Outros
que abandonaram as drogas, o sexo ilícito, entre outras condutas. Enfim, pessoas
que faziam todo tipo de mal e passaram, após se tornarem “psicóticos” de acordo
com a psicanálise freudiana, a fazer o bem oposto. Sou testemunha de casos
assim.
Imaginemos
o planeta Terra tomado por “psicóticos” que, conforme Jesus preconizou, amam os
seus inimigos, consideram o próximo ao invés de si mesmos, socorrem os pobres,
os órfãos e as viúvas; pais que amam e cuidam de seus filhos e filhos que amam
e honram seus pais; maridos que amam e respeitam suas esposas e vice-versa.
Sim,
a história é repleta de barbáries cometidas por insanos que usaram o nome de
Deus e o poder das religiões para satisfazer seus próprios interesses. O que dizer das Cruzadas? Muito
sangue foi derramado em favor de Papas e do enriquecimento da Igreja Católica
Apostólica Romana. Milhares morreram e, ainda hoje, morrem no conflito
étnico-religioso deflagrado no Oriente Médio entre israelenses e palestinos. Não
nos esqueçamos do fundamentalismo muçulmano com todo seu arsenal de terror,
tampouco do charlatanismo “evangélico” e de seu mercado da fé.
Tais
fatos não são provenientes de uma genuína “experiência religiosa”, mas do uso
indevido do fundamentalismo religioso institucional como escudo ideológico em
prol de cobiças escusas. Não é esta, definitivamente, a experiência que Jesus
propôs à humanidade. Quando fez a afirmação citada como epígrafe deste texto, Jesus
estava na casa de um publicano chamado Mateus, comendo junto a pecadores.
Publicanos eram
considerados traidores. E os pecadores, impuros para a cúpula religiosa judaica,
fonte de segregação social. Mas, como disse, a proposta “psicótica” de Jesus é
diferente. Ela visa alcançar todo tipo de pessoa para transformá-la, a fim de
que toda sua realidade seja mudada, e para melhor. Claro que tal mudança não
implica na ausência de dificuldades. Porém, a vitória sobre cada uma delas é
certa. Não é a toa que o “pensador psicótico”, Paulo de Tarso, preconizou: “Em tudo somos mais do que vencedores, por
meio daquele que nos amou”. (Romanos 8:37). E o próprio Jesus declara: “No mundo tereis aflições, mas tende bom
ânimo, pois eu venci o mundo”. (Evangelho segundo João 16:33).
Finalizo esta breve reflexão com outra afirmação do apóstolo Paulo: "Pois a mensagem da cruz é loucura (psicose) para os que perecem, mas para os que são salvos, o poder de Deus". (I Coríntios 1:18). Qual lado você escolhe? Eu já escolhi: o dos "psicóticos".
Finalizo esta breve reflexão com outra afirmação do apóstolo Paulo: "Pois a mensagem da cruz é loucura (psicose) para os que perecem, mas para os que são salvos, o poder de Deus". (I Coríntios 1:18). Qual lado você escolhe? Eu já escolhi: o dos "psicóticos".
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