segunda-feira, 29 de outubro de 2012

De geração para geração


Adquirir sabedoria envolve um processo que se dá em três partes: obtenção da informação (conhecimento), exercício do intelecto (inteligência para processar o conhecimento obtido) e a sabedoria propriamente dita que consiste em aplicar o conteúdo obtido, de forma prática, em seu cotidiano.

Matheus Viana

Não podemos extrair do tema “educação” o preceito “de geração para geração”. Em todo o Antigo Testamento, Deus se mostra zeloso no tocante ao ensinar à geração posterior Sua lei para que se tornasse “Estatuto perpétuo”. Não é em vão que o sábio Salomão advertiu: “Ensina a criança o caminho em que deve andar, para que quando for velho não se desvie dele” (Provérbios 22:6). E Esdras, o escriba, declarou: “Guardo no meu coração a Tua Lei para não pecar contra Ti” (Salmos 119:11).

Além disso, teóricos da educação como Jean Piaget e Lev Vygotsky, entre outros, preconizam que o papel dos pais é crucial no desenvolvimento moral e acadêmico da criança. Mas uma verdade deve ser constatada e observada: os papeis dos pais e dos professores neste processo ainda não são plenamente definidos, por isso se confundem, o que compromete a tão necessária sinergia entre eles.

Como professor, tenho visto um grande número de pais que transferem suas responsabilidades aos professores e cobram dos mesmos o que eles, pais, devem fazer em prol da educação de seus filhos. Pior, muitos destes pais criticam e prejudicam o trabalho desenvolvido na escola em prol de seus filhos.

A criança mais extraordinária que passou pela Terra, Jesus, conforme a narrativa de Lucas, cresceu em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens (Evangelho segundo Lucas 2:52). É papel dos pais e dos professores fazer com que as crianças e adolescentes aos quais temos acesso experimentem este desenvolvimento.

No entanto, adquirir sabedoria envolve um processo que se dá em três partes: obtenção da informação, exercício do intelecto (inteligência para processar o conteúdo obtido, transformando-o em conhecimento) e a sabedoria propriamente dita que consiste em aplicar tal conhecimento, de forma prática, em seu cotidiano. Há um amplo arcabouço filosófico, histórico e psicológico que pode – e deve – ser discutido e aplicado. Mas não é, pelo menos por enquanto, a nossa proposta. É preciso, antes de tudo, diagnosticar os males para solucioná-los da maneira mais otimizada possível.

É justamente na obtenção da informação que temos o que chamamos de “gargalo”. Ou seja, uma falha no processo que compromete seu todo. Devido ao “boom” tecnológico, crianças e adolescentes são acometidas por um contexto em que a informação é excessiva e rápida, e que não ignora o elemento “futilidade”. Por isso, sua obtenção não exige o pensamento, apenas o saber manusear os diferentes e atrativos meios de comunicação como celulares, tablets, notebooks, entre outras parafernálias. O que, com o passar do tempo, torna-se algo mecânico, vicioso, puramente “taylorista”. A consequente alienação, infelizmente, é inevitável...

É incoerente negar os benefícios decorrentes do avanço tecnológico. Mas ocultar seus malefícios é tanto quanto. O fato de que temos nos deparado com crianças alienadas e com dificuldade de pensar e processar o conteúdo adquirido é, apesar de triste, real. E, por que não dizer, preocupante? A origem de tal problema é justamente na obtenção da informação. Platão fazia a distinção entre mundo sensitivo (uso dos sentidos) e mundo inteligível (uso da razão, intelecto). Por isso, dizia que para obter o conhecimento (verdade) de forma satisfatória, o uso dos sentidos não é suficiente. A experiência com o mundo e com o conhecimento através dos sentidos (que mais tarde vai receber o nome de empirismo) deve passar pelo crivo e regência da razão. É justamente este o ponto da defasagem: estamos diante de uma geração com extrema dificuldade de pensar.

Esta interatividade é capaz de determinar a identidade do usuário. Certa vez perguntei para um aluno como seria sua vida sem um aparelho celular. Ele respondeu sem pestanejar: “Simplesmente não existo”. Na adolescência – que a cada dia que passa torna-se mais precoce – o indivíduo tem extrema necessidade de sentir-se aceito pelo grupo social onde convive. Por isso, quer moldar sua personalidade (identidade) de modo que seja aceito. Aqui reside um grande conflito. Sua personalidade, por conta desta necessidade de aceitação, não será determinada somente pelos seus desejos interiores, mas pela opinião de seu grupo social. E esta opinião é, em grande parte, determinada pela mídia de forma geral.

É neste momento que os pais encontram dificuldades em fazer com que os filhos absorvam os princípios por eles emitidos e ensinados através de exemplos decorrentes da educação “de geração para geração”. Alguns, no entanto, não os transmitem por não terem recebido na infância ou por pura leniência. Deixam os corações de seus filhos vazios, suscetíveis a todo tipo de informação e conceitos que a mídia dissemina à exaustão. Moldados por estes conceitos, os filhos tornam-se problemáticos. Com isso, a tendência dos pais, ao invés de reconhecerem suas ausências, é de colocarem toda a culpa na escola.

Sem invadir o papel dos pais, os professores devem deixar de atuar apenas no nível acadêmico e permear o social, o moral/comportamental e, principalmente, o espiritual a fim de que a criança e o adolescente encontrem sua verdadeira identidade. A psicologia afirma que todo ser humano tem necessidade de ter um referencial. Verdade inquestionável. Tal necessidade é reflexo de que fomos formados por um referencial, um modelo. Como sabemos, este modelo é Jesus, a imagem do Deus invisível (Colossenses 1:15).


O pastor e sociólogo Ariovaldo Ramos afirma: “Jesus é o que Deus é e o que todo ser humano deve ser”. O apóstolo Paulo expressou o desejo de Deus de que vivamos à imagem e semelhança de Jesus (Romanos 8:29, Efésios 4:13). Portanto, é missão dos pais e professores, cada um cumprindo seu devido papel, proporcionar este conhecimento à criança e ao adolescente. Na esteira do conselho de Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo!”, eles conhecerão, assim como nós, a verdadeira identidade quando conhecerem quem Jesus, o Deus encarnado, o Primogênito, é.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Instinto, vontade e propósito

O desafio em fazer o bem consiste em sujeitar os instintos ao exercício da vontade. E esta deve ser a nossa vontade: fazer a vontade de Deus a nós, a qual o ser humano nunca deveria ter se apartado.

Matheus Viana

A experiência pensante ou empírica vem antes do desejo. O que não exige a razão não é desejo, e sim instinto. E entre o desejo (vontade) e a ação há algo chamado “propósito”. Isto é explícito na sentença bíblica: “E disse Deus: ‘Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra’”. (Gênesis 1:26).

É fato: Deus desejou criar o ser humano como resultado de Seu pensamento. Mas, antes da ação criadora, estabeleceu sobre tal desejo um propósito. Vontade exige razão – pensamento – por possuir em si um propósito. Mais do que isso: propósito é o meio que arquitetamos para realizar a nossa vontade. 

Exemplo: Alguém diz: - “Quero comer chocolate!”. O que ele precisa fazer para satisfazer este desejo? Adquirir este chocolate. Caso o tenha guardado em sua geladeira, ele deve se dirigir a ela a fim de pegá-lo. Assim, sua vontade é a de comer chocolate. Consequentemente, seu propósito passa a ser se dirigir à geladeira para pegá-lo e comê-lo. Portanto, propósito é desdobramento da vontade. E é o propósito que resulta em uma ação, e não meramente a vontade em si, conforme afirma Schopenhauer. Por isso, ela exige o exercício da razão.

Mas não é isso o que acontece com o instinto. Afirmando que o ser humano é em essência vontade, Schopenhauer diz que o caráter humano se divide em três partes: inteligível, empírico e adquirido. O inteligível, segundo ele, é o conhecimento racional da vontade. Sobre o empírico – resultado da experiência através dos sentidos -, afirma: “O caráter empírico, simples instinto natural, é em si desprovido de razão. Suas próprias manifestações são impedidas pela razão...”. (Livro: Do mundo como vontade e representação, pág. 68 – Editora Saraiva). Já o adquirido é a síntese de ambos.

É notório que Schopenhauer chama de “caráter empírico” o instinto humano. Platão elucidou sobre a dicotomia existente entre a consciência e o corpo. Para ele, os feitos do corpo são desprovidos – separados, independentes – da razão (consciência). Ou seja, as ações do corpo são determinadas pelo instinto natural do indivíduo, o qual Platão também, como Schopenhauer, chama de desejo. 

O apóstolo Paulo afirma: “Pois eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum; pois o querer o bem está em mim, não porém o efetuá-lo”. (Romanos 7:18). Paulo usa a dicotomia platônica – que influenciava grandemente os romanos - entre corpo - o qual ele chama de “carne” – e consciência – que ele denomina como querer – para elucidar sobre a diferença entre instinto e desejo (vontade).

Não podemos fugir de nosso instinto, pois ele é inerente ao ser humano. Por conta do pecado original, a natureza humana foi corrompida. Logo, seu instinto também foi (Colossenses 3:5). É isso que Paulo afirma em sua afirmação citada acima. Apesar de desejar fazer o bem, não é capaz de fazê-lo por conta de seu instinto ser mau. Conosco, repito, não é diferente...

Nosso desafio em fazer o bem consiste em sujeitar o instinto ao exercício da vontade. Por ser a vontade produto da experiência, o apóstolo Paulo aconselha: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos (instinto e impulsos) em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” (Romanos 12:1). Esta deve ser a nossa vontade: fazer a vontade de Deus a nós, a qual o ser humano nunca deveria ter se apartado. 

Em seguida, Paulo elucida o propósito de tal sujeição: “E não vos conformeis com este mundo (modo de pensar, desejar, escolher e agir), mas sejam transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12:2). Tal elucidação explicita, mais uma vez, o fato de que o desejo é produto do pensamento, ou seja, a maneira como pensamos e o que experimentamos através de nossos sentidos determinam nossos desejos. E não o contrário.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A essência humana


Matheus Viana

Na tentativa de definir a essência do ser humano, Descartes teorizou o chamado cogito, onde dizia que o ser humano é essencialmente razão, ou seja, pensamento. Por sua vez, Kant definiu o ser humano como um ser cognoscente, que conhece e pode ser conhecido e explicado, cuja essência é a razão que, segundo ele, é o conjunto entre o pensar e o uso dos sentidos através da experiência.

Já Schopenhauer definiu o ser humano como um ser desejante, cuja essência é vontade. O filósofo foi além: afirmava que o mundo nada mais é do que a representação da vontade. Para ele, o mundo existe por causa dos fenômenos e objetos. E estes existem como desdobramentos da vontade. Na esteira, Nietzsche definiu o ser humano como um ser dominante, cuja vontade, elucidada por Schopenhauer como vontade de viver, é a vontade de poder. É neste contexto que Nietzsche define a moral nobre – egoísta, pautada na ação – e a moral escrava – não-egoísta, pautada na não-ação.

A afirmação de Schopenhauer, apesar de contestável, é a mais próxima, das citadas acima, da elucidação do apóstolo Paulo: “O primeiro Adão foi feito alma  (psique) vivente. Já o segundo Adão, Espírito vivificante”. (I Coríntios 15:45).

O ser humano se tornou “alma vivente” por receber o fôlego de vida de Seu Criador (Gênesis 2:7). Embora o termo hebraico nefesh seja traduzido como psique para o grego (Septuaginta) e anima para o latin (Vulgata), ele não carrega apenas o sentido de alma que conhecemos. Pois, para um judeu, nefesh é o ser humano integral. O apóstolo Paulo, ao usar o termo psique, trouxe o conceito judaico do termo, mas também abordou o conceito grego de alma, que é o interior do homem, cuja razão é soberana por ser ela capaz de obter aquilo que Platão, por exemplo, considerava o supremo bem: a sabedoria. Em síntese seria a capacidade de pensar, sentir, desejar e escolher que Deus conferiu ao homem.

Sua vontade, juntamente com a capacidade de pensar, era resultante do que era em essência: à imagem e conforme a semelhança de Deus. Algo interior que refletia em seu exterior. Por isso, ele pensava e desejava conforme o propósito de Deus. Consequentemente, agia segundo Seus preceitos. Portanto, a vontade humana era produto da razão - que era resultante da essência - e não a própria essência, conforme afirmou Schopenhauer.

Mas a razão (forma de pensar) humana foi subvertida ao absorver o engano da serpente. Por isso, o ser humano passou a cobiçar o ilícito e tornou-se um desobediente em potencial (Gênesis 3:5). Seu ser (essência) passou a ser determinado pela vontade (cobiça) de tomar posse de algo proibido e nocivo. No entanto, a vontade veio como efeito colateral de uma razão deturpada. O ato da desobediência, por sua vez, foi mera consequência. E ela trouxe a consciência do bem e do mal.

Schopenhauer, apesar de alguns equívocos, acerta quando sua filosofia se equipara com a alteração consequente da desobediência. O ato da desobediência foi produto da vontade humana que, por sua vez, foi produto de sua razão. Ou seja, a conduta do primeiro Adão foi pautada pela sua alma (pensamento e desejo). Portanto, o apóstolo Paulo elucida sobre a diferença entre instinto (impulso) e vontade quando diz: “O mal que não quero, faço, e o bem que quero, eu não faço”. (Romanos 7:19).

A desobediência degradou a natureza – essência – humana. Por isso, podemos afirmar que nossa conduta, muitas vezes, é pautada pelo instinto em detrimento da vontade e também da razão. Mesmo não querendo, cometemos o que é mal por conta do conhecimento obtido indevidamente no Éden. E o bem a qual temos vontade de realizar, por conta dos impulsos degradados, não conseguimos. Portanto, a essência humana – desprovida da divina – é, de acordo com o apóstolo Paulo, instinto, e não vontade. Faltou a Schopenhauer apenas distinguir uma da outra.

Mas o segundo Adão, Jesus, reverteu esta drástica situação. Renunciou sua vontade por pensar de acordo com os desígnios de Deus (Evangelho segundo Mateus 26:39). Pois, além de ser homem, Jesus também era - e é - Deus (Colossenses 1:15). Por ser Deus (essência), pensou como Deus – ao ponto de renunciar sua vontade humana – e agiu conforme o plano predestinado desde antes da fundação do mundo (Apocalipse 13:8).

Fez isso para que nossa essência volte a ser a mesma do homem no princípio: à imagem e semelhança de Deus (Romanos 8:29). E que nossa conduta seja pautada não mais pela alma (vontade humana), mas pelo Espírito vivificante, a essência de Deus, Seu fôlego de vida, em nós. 

Não deixe de ler: Cobiça x necessidade

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O que é normalidade?


O que é normalidade? A tentativa de responder esta questão tem gerado, ao longo da história, teses e livros, além de um interminável debate. Minha proposta é modesta. É consenso que para definirmos se algo é normal, devemos ter como parâmetro um padrão de normalidade. Eu, por exemplo, tenho um corpo anormal. Pois ele é bastante diferente de um corpo considerado normal de acordo com o padrão estabelecido pela ortopedia. Assim, o anormal é o contraponto – distante, diferente - do que é normal.

Diante disso, podemos afirmar que para definirmos o anormal, devemos conhecer o normal. Por isso, andamos a esmo no tocante a este imprescindível conhecimento. Não sabemos o que é normal porque não conhecemos o anormal, e vice-versa. Esta confusão é produto da latente relativização que a dialética trouxe à tona. Ela destruiu, por exemplo, os dois princípios estabelecidos por Aristóteles para a construção da dedução lógica – necessária para a definição do que é normal ou não é: o da identidade e o da não-contradição.

É óbvio que não podemos ignorar as definições de normalidade de culturas e religiões distintas. A poligamia, por exemplo, é algo normal na cultura islâmica. Já para a sociedade ocidental, majoritariamente pautada pelo cristianismo, é considerada anormal, já que o normal é a monogamia.

No entanto, a simples necessidade de se estabelecer normalidades para a vida em sociedade, ainda que sejam divergentes, é reflexo da existência de uma normalidade soberana. C.S Lewis preconiza que uma discussão entre duas pessoas só acontece porque existe o senso de certo e errado. Quando, segundo Lewis, dizemos que uma pessoa errou ao agir de determinada forma conosco, tal afirmação está pautada por este senso. Pois, sem ele, nunca chegaríamos a esta conclusão pelo fato de o conceito de “errado” simplesmente não existir. Lewis a denomina como “Lei Moral”.

O mesmo princípio se aplica à normalidade. Em nossa vida, tentamos definir o que é normal e o que é anormal em virtude da existência da “Lei da normalidade”. O normal para Aristóteles era pautado pela sua identidade. Se algo é “isso”, então não é “aquilo” (princípio da identidade). Se é normal, não pode ser anormal (princípio da não-contradição) e vice-versa. Já para Hegel, o normal era a síntese do confronto entre tese e antítese. Ou seja, o normal só poderia ser definido como tal após passar pelo processo dialético. Algo considerado normal (tese) teria que colidir com algo considerado anormal (antítese). E desta experiência o verdadeiramente “normal” surgiria.

Fórmula contraditória. Conforme reza a dialética, só é possível ter uma síntese se houver o confronto entre tese e antítese. Mas a tese, neste caso, só é possível se definirmos o normal. Se já temos o trabalho de definir a tese, por que submetê-lo à dialética se o intento é o mesmo: encontrar a normalidade? A resposta é simples e, ao meu ver, absurda: a mera tentativa de negar a existência de uma normalidade absoluta. Contudo, a simples necessidade de definir o que é, de fato, normal, não importa a forma, é reflexo – e por que não dizer desdobramento? – da existência desta normalidade absoluta.

Existimos porque ela existe. O padrão de normalidade foi estabelecido ao homem no princípio de sua existência. Se você acredita que o ser humano é resultado de um processo evolutivo de milhões de anos, de um “ancestral” cuja origem foi a matéria e a energia liberadas no universo no evento do “Big Bang”, saiba que a própria ciência joga contra você. Segundo a Lei da Biogênese, matéria ou energia não são suficientes para gerar vida. Vida só é possível quando gerada a partir de um ser vivo. Um ser vivo, segundo a Lei da Termodinâmica, não pode surgir aleatoriamente, do nada. Tudo o que existe no universo é oriundo de processos naturais. Estes processos são submetidos às leis naturais. E estas leis não podem ter surgido... de forma espontânea ou evolutiva. Pois seria contraditório ao próprio princípio científico.

Tudo o que existe no universo tem um propósito. Filósofos como Al Ghazali, Tomás de Aquino e Leibniz, entre outros, debruçaram exaustivamente sobre o argumento cosmológico Kalam, que preconiza tal verdade. Sendo assim, as leis e os consequentes processos naturais, a diversidade da vida e a natureza em si foram gerados por um ser inteligente (capaz de formular leis e processos) e vivo (capaz de gerar vida). É exatamente isso que o apóstolo Paulo preconiza em sua carta aos colossenses: “Pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis”. (Colossenses 1:16).

Não foi diferente com o homem. A narrativa de Gênesis é clara: “Formou Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou alma vivente”. (Gênesis 2:7). Formar é diferente de criar. É fazer segundo um modelo, uma forma. O ser humano foi “formado”, ou seja, feito de acordo com a forma/modelo da normalidade. Este era o propósito. Antes da formação, foi estabelecido: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. E assim se fez. O modelo foi o próprio Deus/homem: Jesus, a imagem do Deus invisível (Colossenses 1:15). Este foi o resultado do ser humano ter recebido do fôlego de vida do próprio Deus - Seu Espírito – e também a capacidade de pensar, sentir, desejar e escolher, ao qual chamamos de alma.

Mas o ser humano deixou sua razão ser influenciada de modo a desejar o anormal. O resultado não poderia ser diferente: a anormalidade existencial veio à tona. A existência humana estaria fadada a ela. É sobre este drama que envolve a humanidade que analisaremos...