Submeter-se à
consciência divina é seguir rumo à vida. Por isso, Paulo nos convida a pensarmos
como Cristo (I Coríntios 2:16). O contrário, no entanto, também é verdadeiro.
Conforme ocorreu com o ser humano no Éden, seguir a própria consciência é caminhar
rumo à morte. Em outras palavras, uma “tendência suicida”.
Matheus
Viana
A
psicologia classifica o comportamento de um indivíduo que por seus próprios
atos, e de forma consciente, tenta causar a própria morte de “tendência suicida”.
Esta consciência, segundo a psicologia e também a psiquiatria, é considerada
patológica. Claro que tal afirmação demanda uma explicação mais técnica e
acurada, mas o espaço e sua paciência não permitem.
Sendo
assim, podemos afirmar que não é normal alguém buscar a própria morte. Pelo contrário!
É notório o esforço da ciência – principalmente da biologia e da genética - em
prolongar, o máximo possível, a vida humana. No entanto, o ser humano caminha
rumo à morte. Não falo apenas do fim da existência sobre a terra (necrós), mas
de sua morte em todos os sentidos. Deus deu ao homem, no momento em que o
formou, uma consciência. Mais do que isso! Concedeu-lhe a capacidade de pensar,
sentir, desejar e escolher (Gênesis 2:7). Porém, o ser humano usou-a para
causar sua morte. Explico.
Platão
e Aristóteles, pensando sobre a cosmologia e a astronomia, diziam que há uma
consciência regendo a harmonia existente no universo. Platão, em seu livro Leis, fala do “movimento baseado nos
astros, e de todas as coisas sob o domínio da mente que ordenou o universo”.
Aristóteles,
em sua teoria ‘ato-potência’, contida em sua obra Metafísica, preconizava que tudo o que existe na natureza é produto
do ato daquilo que era em potencial. Exemplo: uma árvore é produto do florescer
– germinar – da semente que era uma árvore em potencial. A árvore é o ato da
potência que havia na semente oriunda do fruto de outra árvore da mesma
espécie. Contudo, Deus é o ‘ato puro’, a origem de todas as coisas.
Tomás
de Aquino, grandemente influenciado por Aristóteles, dizia que tudo que existe no
universo carrega em si um objetivo e se dirige a ele, por si só, pela
consciência que possui. Já as coisas que não têm consciência estão sob a direção
de alguém que possui consciência e inteligência. Deus, segundo Aquino, é este
ser consciente e inteligente que direciona a natureza a cumprir seu objetivo.
O
salmista declara a este respeito: “Os
céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.
(Salmos 19:1). O apóstolo Paulo, escrevendo aos romanos, afirma: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a
criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem,
e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis.” (Romanos 1:20). É fato: Deus é o Supremo Regente do
espetáculo do universo. A inteligência por trás da natureza.
Entretanto,
por que o ser humano, no início, escolheu caminhar para a morte ao, conscientemente,
desobedecer a Deus? Sim, ambos – tanto o homem como a mulher - sabiam qual
seria a consequência de tal ato (Gênesis 2:17). Questão pertinente, pois
hoje não é diferente.
O
que levou o ser humano a desobedecer a Deus, e atrair sobre si a morte (Romanos
5:12), foi o mesmo motivo que tem levado muitos a trilharem caminhos que,
conforme Salomão elucida: “... parecem
direitos, mas no final são caminhos de morte”. (Provérbios 16:25). Eva teve
seu modo de pensar deturpado pela serpente (Gênesis 3:1-5). Com isso, sua
consciência foi adormecida no tocante as consequências de seus atos. Esta mesma
letargia é a marca fundamental do chamado ‘pós-modernismo’. Paulo já falava
sobre esta letargia de consciência quando advertiu: “Porque o deus deste século cegou o entendimento das pessoas para não
lhes resplandecer a luz do evangelho.” (II Coríntios 4:4). Foi o que
ocorreu com Eva no Éden. É o que acontece atualmente.
O
ser humano está acometido por uma tendência suicida. De maneira consciente, faz
escolhas pavimentadas por uma rota que conduz à morte em seu sentido amplo
(Thanatos). Ao invés de se render à consciência salutar dAquele cuja
inteligência rege o universo, prefere se entregar, num verdadeiro “salto no
escuro” existencialista – falaremos sobre isso em breve –, à deriva de sua
própria consciência.
Submeter-se
à consciência divina não implica em se amoldar ao fanatismo religioso nem ao fundamentalismo obscurantista. Mas sim à razão contida nas Palavras
que são “espírito e vida.” (Evangelho
segundo João 6:63). Sim, estas Palavras são proferidas por Aquele cuja
consciência rege todo o universo com Suas leis físicas e processos naturais.
Por Aquele que nos criou à Sua imagem e conforme a Sua semelhança com vontade e
propósito (Gênesis 1:26-27).
Submeter-se
à consciência divina é seguir rumo à vida. Por isso, Paulo nos convida a pensarmos
como Cristo (I Coríntios 2:16). O contrário, no entanto, também é verdadeiro.
Conforme ocorreu com o ser humano no Éden, seguir a própria consciência é caminhar
rumo à morte. Em outras palavras, uma “tendência suicida”.
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