sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Tendência suicida


Submeter-se à consciência divina é seguir rumo à vida. Por isso, Paulo nos convida a pensarmos como Cristo (I Coríntios 2:16). O contrário, no entanto, também é verdadeiro. Conforme ocorreu com o ser humano no Éden, seguir a própria consciência é caminhar rumo à morte. Em outras palavras, uma “tendência suicida”.

Matheus Viana

A psicologia classifica o comportamento de um indivíduo que por seus próprios atos, e de forma consciente, tenta causar a própria morte de “tendência suicida”. Esta consciência, segundo a psicologia e também a psiquiatria, é considerada patológica. Claro que tal afirmação demanda uma explicação mais técnica e acurada, mas o espaço e sua paciência não permitem.

Sendo assim, podemos afirmar que não é normal alguém buscar a própria morte. Pelo contrário! É notório o esforço da ciência – principalmente da biologia e da genética - em prolongar, o máximo possível, a vida humana. No entanto, o ser humano caminha rumo à morte. Não falo apenas do fim da existência sobre a terra (necrós), mas de sua morte em todos os sentidos. Deus deu ao homem, no momento em que o formou, uma consciência. Mais do que isso! Concedeu-lhe a capacidade de pensar, sentir, desejar e escolher (Gênesis 2:7). Porém, o ser humano usou-a para causar sua morte. Explico.

Platão e Aristóteles, pensando sobre a cosmologia e a astronomia, diziam que há uma consciência regendo a harmonia existente no universo. Platão, em seu livro Leis, fala do “movimento baseado nos astros, e de todas as coisas sob o domínio da mente que ordenou o universo”.

Aristóteles, em sua teoria ‘ato-potência’, contida em sua obra Metafísica, preconizava que tudo o que existe na natureza é produto do ato daquilo que era em potencial. Exemplo: uma árvore é produto do florescer – germinar – da semente que era uma árvore em potencial. A árvore é o ato da potência que havia na semente oriunda do fruto de outra árvore da mesma espécie. Contudo, Deus é o ‘ato puro’, a origem de todas as coisas.

Tomás de Aquino, grandemente influenciado por Aristóteles, dizia que tudo que existe no universo carrega em si um objetivo e se dirige a ele, por si só, pela consciência que possui. Já as coisas que não têm consciência estão sob a direção de alguém que possui consciência e inteligência. Deus, segundo Aquino, é este ser consciente e inteligente que direciona a natureza a cumprir seu objetivo.

O salmista declara a este respeito: “Os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”. (Salmos 19:1). O apóstolo Paulo, escrevendo aos romanos, afirma: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” (Romanos 1:20). É fato: Deus é o Supremo Regente do espetáculo do universo. A inteligência por trás da natureza.

Entretanto, por que o ser humano, no início, escolheu caminhar para a morte ao, conscientemente, desobedecer a Deus? Sim, ambos – tanto o homem como a mulher - sabiam qual seria a consequência de tal ato (Gênesis 2:17). Questão pertinente, pois hoje não é diferente.

O que levou o ser humano a desobedecer a Deus, e atrair sobre si a morte (Romanos 5:12), foi o mesmo motivo que tem levado muitos a trilharem caminhos que, conforme Salomão elucida: “... parecem direitos, mas no final são caminhos de morte”. (Provérbios 16:25). Eva teve seu modo de pensar deturpado pela serpente (Gênesis 3:1-5). Com isso, sua consciência foi adormecida no tocante as consequências de seus atos. Esta mesma letargia é a marca fundamental do chamado ‘pós-modernismo’. Paulo já falava sobre esta letargia de consciência quando advertiu: “Porque o deus deste século cegou o entendimento das pessoas para não lhes resplandecer a luz do evangelho.” (II Coríntios 4:4). Foi o que ocorreu com Eva no Éden. É o que acontece atualmente.

O ser humano está acometido por uma tendência suicida. De maneira consciente, faz escolhas pavimentadas por uma rota que conduz à morte em seu sentido amplo (Thanatos). Ao invés de se render à consciência salutar dAquele cuja inteligência rege o universo, prefere se entregar, num verdadeiro “salto no escuro” existencialista – falaremos sobre isso em breve –, à deriva de sua própria consciência.

Submeter-se à consciência divina não implica em se amoldar ao fanatismo religioso nem ao fundamentalismo obscurantista. Mas sim à razão contida nas Palavras que são “espírito e vida.” (Evangelho segundo João 6:63). Sim, estas Palavras são proferidas por Aquele cuja consciência rege todo o universo com Suas leis físicas e processos naturais. Por Aquele que nos criou à Sua imagem e conforme a Sua semelhança com vontade e propósito (Gênesis 1:26-27).

Submeter-se à consciência divina é seguir rumo à vida. Por isso, Paulo nos convida a pensarmos como Cristo (I Coríntios 2:16). O contrário, no entanto, também é verdadeiro. Conforme ocorreu com o ser humano no Éden, seguir a própria consciência é caminhar rumo à morte. Em outras palavras, uma “tendência suicida”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário