Depois de um feito
glorioso, o homem de Deus obteve um fim trágico por ter ouvido a palavra do
profeta sem examiná-la à luz da soberania da Palavra de Deus. Fato comum em
nossos dias.
Matheus
Viana
Homem
de Deus. Esta é a única descrição que a Bíblia dispõe sobre sua identidade. Sua
vida tornou-se exemplo para nós, tanto positivo quanto negativo.
No
lado positivo, sua conduta foi digna de um homem de Deus de verdade. Atendeu à
ordem do Senhor e, em plena cisão entre os reinos de Israel e Judá, ele, que
era de Judá, foi à Jerusalém. Sua missão era profetizar contra o altar idólatra
que Jeroboão, rei de Israel, levantara para oferecer sacrifícios a outros deuses.
O que, obviamente, causou a ira do Senhor.
Missão
cumprida! Não, não se trata do bradar clássico do veterano de guerra John
Rambo, interpretado por Sylvester Stallone, no filme ‘Rambo II - A missão’. O
homem de Deus profetizou contra o altar dizendo que um descendente de Davi
nasceria e derribaria todo o altar idólatra. Em outras palavras, restauraria a
ordem divina sobre Israel. Jeroboão não gostou da ideia. Nem um pouco. Com o
dedo em riste, ordenou aos seus servos: “Prendam este homem”. O braço que
estendera paralisou (I Reis 13:4). Demonstrando compaixão, o homem de Deus
atendeu o clamor de misericórdia de Jeroboão e orou ao Senhor para que seu
braço voltasse ao normal. O que aconteceu de imediato.
Estupefato,
Jeroboão quis recompensar o homem de Deus. Fez-lhe um convite para que fosse à
sua casa, comesse algo e recebesse presentes. Imagine a honra! Ser convidado
para comer na casa do rei de Israel! Mas não. A conduta do homem de Deus era
pautada por Sua palavra. Sobre ele pairava a ordem: “Não coma pão, nem beba água, nem volte pelo mesmo caminho por onde foi”.
(I Reis 13:9). O homem de Deus rejeitou a tentadora oferta do rei e seguiu seu
caminho.
Podemos
tirar muitas lições edificantes deste homem de Deus. Desde sua abnegação e
renúncia, até seu comprometimento com o plano e a Palavra de Deus. Mas algo
trágico lhe aconteceu. E isso, além de desviá-lo do caminho de Deus, causou sua
morte precoce e, o que é pior, não foi sepultado junto aos seus antepassados.
Algo valioso para a cultura da época.
Sabe
qual foi a tragédia? Dar ouvidos a um profeta. Assustado? Pois é. Em dias onde
os ditos dos ‘profetas de Deus’ são inquestionáveis à semelhança da
Infalibilidade papal romana, este episódio vem à calhar. Mais do que isso:
alertar a Igreja do Senhor sobre observarmos as advertências de Jesus e também
do apóstolo Paulo: “Examinais as
escrituras...” (Evangelho segundo João 5:39) e “Examinais todas as coisas e retendes apenas o que é proveitoso”.
(I Tessalonicenses 5:21).
Um
profeta idoso, que habitava na cidade de Betel, ouviu falar dos feitos do homem
de Deus. O procurou de imediato. Assim que o encontrou, fez-lhe a proposta –
mais do que indecente – de ir até sua casa e lá se alimentar. O homem de Deus
recusou, pois era obediente à Palavra de Deus. É aqui que acontece o que
devemos nos atentar.
O
profeta, vendo que não lograva êxito, mudou a estratégia. Fez o mesmo convite,
mas com ares espirituais. Ou seja, usou o método ‘Deus me disse’. Este é,
infelizmente, em muitos casos, infalível: “Eu
também sou profeta como você. E um anjo me disse por ordem do Senhor: ‘Faça-o
voltar com você para a sua casa para que coma pão e beba água’. Mas ele estava
mentindo’. (I Reis 13:20).
Pensando
ser uma direção vinda de Deus, o homem de Deus obedeceu ao profeta. Mas
desobedeceu à Palavra do Senhor. Por isso, no caminho de volta, foi morto por
um leão e não foi sepultado com sua família. Depois de um feito glorioso, obteve
um fim trágico por ter ouvido a palavra do profeta sem examiná-la à luz da
soberania da Palavra de Deus. Fato comum em nossos dias.
Os
que questionam, à luz das Escrituras, as palavras dos ‘profetas’ são tachados
de críticos ou rebeldes. Não me importo. Não quero desobedecer à Palavra de
Deus, ainda que a proposta venha de um ‘profeta’ e soe como espiritual. Ou seja,
vinda de Deus. É impossível algo que contrarie Sua Palavra vir dEle. Ele não é
homem para que minta. (Números 23:19). Já provei do dissabor do engano de ouvir
uma voz contrária pensando ser de Deus. É amargo como o fel. Não quero prová-lo
de novo. Por isso submeto palavras e direções “proféticas” ao crivo bíblico.
Este sim é infalível. Pois, conforme afirma o profeta Jeremias, a Palavra de
Deus subsiste eternamente.
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