quinta-feira, 8 de março de 2012

Reflexões sobre a humildade


Matheus Viana

O que é ser humilde? Indagação inquietante. Humildade é algo fundamental para a vida em sociedade. Mas sua definição é complexa.

Jesus certa vez advertiu: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.” (Evangelho segundo Mateus 11:29). O apóstolo Paulo definiu humildade ao descrever: “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens. E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz.” (Filipenses 2:6-9). No entanto, não resta outra alternativa senão meditarmos neste processo ao qual Jesus se submeteu.

O primeiro aspecto é o de servo. Jesus ensinou aos discípulos: “Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.” (Evangelho segundo Mateus 20:28). Mais uma vez Ele se coloca como o modelo do padrão desejado por Deus ao homem desde a tragédia do Éden. O enredo de tal afirmação foi o fato de que os 12 discípulos discutiam sobre quem era o maior entre eles. Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência.

Jesus adverte: “Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal.” (Evangelho segundo Mateus 20:26). “Não é assim entre vós”. O que tal afirmação significa? Que nossa conduta não deve ser pautada pelo que a sociedade atual determina como método.

Muitos – pois toda generalização é equivocada, conforme preconiza o adágio popular -, a exemplo dos discípulos, querem provar que são melhores ou, ao menos, evidenciar seus valores em relação ao próximo. Ser humilde, portanto, é caminhar na contramão. Tarefa árdua. Tenho tentado praticá-la. Mas às vezes esbarro-me em certos embaraços.

Na tentativa de servir as pessoas as quais convivo, me anulo por completo. Oculto minhas opiniões e conhecimentos – ainda que pequenos - para não ser acusado de exibicionismo intelectual. Por vezes, algumas ressaltam minhas qualidades que as edificam. Refuto-as no mesmo instante num exercício exaustivo que mescla timidez com imerecimento. Esse tem sido o meu erro. Sinto-me sufocado. O que tenho praticado não é humildade.

Conforme Paulo relata, Jesus renunciou o fato de ser igual a Deus e se tornou semelhante aos homens. Altruísmo absurdo baseado no mais puro amor. Mas não deixou, em nenhum momento, de ser quem era: Deus. Ele foi – e sempre será – o Deus encarnado (Evangelho segundo João 1:14, I Timóteo 2:5). Ou seja, apesar de se tornar servo, não anulou Sua essência tampouco refutou Suas virtudes. 

Esse é o desafio: servirmos a Deus e, consequentemente, ao nosso próximo, sem anularmos quem somos. Toda a capacitação que possuímos vem do Senhor. Portanto, negá-la no intento de ser “humilde” é negar a soberana ação do próprio Deus em nós.

Humildade, conforme elucida Jesus, é precedida pela mansidão. Mansidão consiste, grosso modo, em submissão. Um animal manso, por exemplo, é aquele que se submete ao comando de seu dono. Por isso somos chamados de ‘ovelhas’ e Jesus de o ‘pastor’ que dá a vida por elas (Evangelho segundo João 10:11). Deste modo, manso é aquele que se submete à plenitude da vontade de Deus de todo seu coração, alma e entendimento (Evangelho segundo Mateus 22:37).

Isso foi o que Jesus fez (Evangelho segundo Mateus 26:39). Fato que torna Seus feitos ainda mais gloriosos e admiráveis. Ele foi o Deus que se fez servo do homem. O Deus que se submeteu à cruz. Já refletiu nestes privilégios espetaculares? Não anule quem você é, muito menos o que possui. Tenho aprendido, a duras penas, essa lição. Tenho sido preterido por alguns. O motivo? Me anular por querer servi-las. Não cometa o mesmo erro. Seja humilde!

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