Matheus Viana
Lucas narra: “E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens”. (Evangelho segundo Lucas 2:52). De acordo com o apóstolo Paulo, há sobre nós, quer você queira ou não, uma expectativa de que “... cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, o varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.”. (Efésios 4:13). Em outras palavras, Deus espera que cresçamos como Jesus cresceu.
O apostolo Paulo preconiza: “A ardente expectativa da criação aguarda pela manifestação dos filhos de Deus”. (Romanos 8:19). Mas, afinal, quem são estes filhos? Dentre as muitas especulações existentes, o próprio apóstolo nos dá a resposta quando diz: “A todos os que de antemão escolheu, também os predestinou para serem conforme a imagem de Seu filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos”. (Romanos 8:29). Não há como fugir desta verdade: aqueles cuja manifestação a humanidade aguarda devem buscar o mesmo crescimento que Jesus, como homem, experimentou.
Tal crescimento se dá em três vertentes coesas: sabedoria (intelecto), estatura (físico) e graça (Espírito). De acordo com a teologia cristã, o ser humano é composto de uma alma (psique) - e de uma mente (nous) -, habita em um corpo (soma) e o Espírito de Deus (pneumatos) habita em seu interior por ser o fôlego da vida de Deus (zoe) em nós (Romanos 8:11).
No entanto, por que Lucas colocou ‘sabedoria’ em primeiro lugar? Não precisa ser sociólogo, educador, jornalista ou portador de qualquer outra ciência social para detectar que estamos inseridos em um contexto semelhante ao descrito pelo profeta Isaías há milênios: “Eis que as trevas cobrem a terra e a escuridão os povos”. (Isaías 60:2). Não se trata de sensacionalismo ou pessimismo crônico, mas de constatação pura e simples dos fatos.
Entretanto, estas trevas, conforme elucida o apóstolo Paulo, age de forma específica: “Porque o deus deste século cegou o entendimento das pessoas, para não lhes resplandecer a luz do evangelho”. (II Coríntios 4:4 – ênfase acrescentada). Através de suas diversas teorias, as ciências psíquicas afirmam, grosso modo, que o comportamento do indivíduo é determinado pela sua forma de pensar.
O apóstolo Paulo diz que só viveremos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus quando formos transformados pela renovação da nossa mente (Romanos 12:2). Ou seja, quando nosso entendimento for plenamente permeado pela luz das Escrituras (Salmos 119:105). Em outras palavras: termos a mente de Cristo (I Coríntios 2:16). Contudo, pensaremos como Ele na medida em que conhecermos Seus intentos. Mas de que forma? O próprio Jesus adverte: “Examinais as escrituras, pois elas de mim testificam”. (Evangelho segundo João 5:39).
Não é em vão que a filosofia atualmente disseminada é frontalmente contrária aos valores, conceitos e princípios contidos nas Escrituras. Lembre-se: o pensamento determina o comportamento. É por isso que Lênin, o pai da revolução Russa que culminou no império soviético, disse: “O melhor revolucionário é o jovem desprovido de toda moral”. Essa máxima ecoa, infelizmente, sobre a sociedade pós-moderna.
Não é em vão que querem calar as vozes do que se opõem a todo o mosaico revolucionário de doutrinação comportamental, como por exemplo, o ensino da homossexualidade à crianças a partir de 8 anos e a disseminação “pedagógica” da sexualidade precoce ao público infanto-juvenil. De que forma? Classificando-as como moralismo obscurantista. Só conseguiremos aplacar o avanço desta perniciosa e degradante Nova Ordem quando crescermos em sabedoria e propiciarmos este crescimento às gerações futuras até que “toda terra seja cheia do conhecimento do Senhor, assim como as águas cobrem o mar”. (Isaías 11:9).
Há quem evoque as declarações de Paulo de que a Palavra de Deus não deve consistir em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração de Espírito e poder (I Coríntios 2:4 e 5). Eu digo mais: Paulo também preconiza que “A palavra, por si só mata, mas o Espírito vivifica”. (II Coríntios 3:6). No entanto, vemos aqui um equilíbrio que, infelizmente, não tem sido observado pela maioria. Sim, não podemos extinguir o poder do Espírito Santo do ensino fundamentado nas Escrituras de modo a intelectualizarmos – no sentido pejorativo e nocivo – o Evangelho. Mas também não podemos partir para outro extremo de exercermos uma espiritualidade “pentecostal” desprovida da intelectualidade necessária e satisfatória.
Jesus certa vez repreendeu os saduceus de Sua época dizendo: “Errais por não conhecerem as Escrituras e nem o poder de Deus”. (Evangelho segundo Mateus 22:29). Aqui vemos o que fundamentou o crescimento e desenvolvimento do Jesus homem - importante que se diga - em todas as áreas de sua vida. Jesus tinha o poder do Espírito Santo, pois foi gerado por ele. E, ao iniciar seu ministério, recebeu de Seu poder após ser batizado por João Batista. No entanto, era munido de conhecimento desde a tenra idade. Com 12 anos, já discutia a Lei e os Profetas com os eruditos (Evangelho segundo Lucas 2:47).
Somos chamados a educar a criança no caminho em que ela deve andar, para que mais tarde não se desvie dele (Provérbios 22:6). Para isso, precisamos providenciar meios para que passe pelo mesmo processo que Jesus se submeteu. Desta forma realizaremos o sonho de Deus que é o de que vivamos conforme a Sua imagem a fim de que seja Ele não mais o unigênito, mas o primogênito.