Matheus Viana
Salomão preconiza: “na multidão de conselhos há sabedoria”. (Provérbios 11:14). Quando Jesus quis revelar quem realmente era não usou o poder de persuasão oriunda de Sua sabedoria peculiar e transcendental, mas da reflexão e do diálogo coletivos (Evangelho segundo Mateus 16:13-20).
Jesus disse que quando duas ou mais pessoas se reunirem em Seu nome estaria presente através do Espírito Santo (Evangelho segundo Mateus 18:20, João 14:26). Este mesmo Espírito, que revelou a Pedro que Jesus era o Cristo, é que nos revelará toda a verdade (Evangelho segundo João 16:13). Por isso, o apóstolo Paulo afirma que o véu que obscurece o entendimento das pessoas só pode ser removido pelo Senhorio de Cristo (II Coríntios 3:14 e 16). No entanto, elucida sobre Ele dizendo: “Ora, o Senhor é o Espírito e, onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade”. (II Coríntios 3:17).
Esta liberdade está fundamentada – e não cerceada – pelo Seu Evangelho que é Espírito e Vida (Evangelho segundo João 6:63). Devemos nos lembrar da diferença entre democracia e anarquia. Uma sociedade livre é, antes de tudo, organizada. E organização consiste em parâmetros a serem seguidos com o intuito de prover liberdade e ordem de maneira coesa.
Jesus veio estabelecer uma nova Lei (Romanos 6:14). Abolindo a antiga? Claro que não! Obedecendo-a em tudo a fim de ser modelo para nós (Evangelho segundo Mateus 5:17-20). Veio nos libertar do jugo da religião a fim de estabelecer uma nova aliança pavimentada na amizade. Sua “revolução” não foi a insurgência de uma rebelião. Não se apresentou como líder de uma revolta popular, mas como um servo (Evangelho segundo Mateus 20:26 – Filipenses 2:6-9).
Nas vezes em que Jesus deixou de observar alguns costumes, como por exemplo não guardar o shabbat, quis mudar o foco da tradição e da devoção religiosas para o relacionamento. Apesar de ter sido considerado maldito e blasfemo, não foi achado nEle nenhuma transgressão (I Pedro 2:22, Hebreus 4:15). Ou seja, obedeceu plenamente a Lei divina.
Portanto, o Senhorio de Cristo consiste em serviço e comunhão como um único atributo. Servir a Jesus é ser seu amigo (Evangelho segundo João 15:16). Nos submetermos aos Seus ensinamentos é colocar nosso intelecto à disposição da sabedoria inefável do Espírito Santo. Como? Através da comunhão e da liberdade que Seu Senhorio proporciona e que são relatados de maneira prática em Atos 2:42-49. Aplicando tais princípios que, confesso, soam utópicos em nosso contexto, teremos uma sociedade muito melhor.
No entanto, é comum pessoas usarem as Sagradas Escrituras para impor determinadas doutrinas e condutas. Aquele que pensa de forma diferente – mesmo que não seja contrária – é acusado de ter uma alma doente ou não raciocinar segundo o Evangelho de Cristo. Há casos em que estes fatos se aplicam, mas a generalização é equivocada.
Submissão a Cristo não apenas respeita, mas exige o uso da mentalidade sã. O primeiro dos dois principais mandamentos é: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o coração, de toda sua alma e de todo entendimento”. (Evangelho segundo Mateus 22:37). Ou seja, usar o raciocínio – desde que não anule a fé e vice-versa – faz parte do mosaico da liberdade que somente Jesus pode proporcionar (Evangelho segundo João 8:36).